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Matérias / Personagem

9 anos de cativeiro: o inferno de Fusako Sano

Aos 9 anos de idade, Sano foi sequestrada e só conseguiu escapar diante da instabilidade do sequestrador

Caio Tortamano Publicado em 02/09/2020, às 10h21

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A menina Fusako Sano, sequestrada por 9 anos - Divulgação
A menina Fusako Sano, sequestrada por 9 anos - Divulgação

A pacata cidade de Sanjo, no Japão, teve seus momentos mais tensos quando, em 1990, uma menina de 9 anos de idade sumiu depois de ter saído para se divertir num jogo de beisebol de sua escola. Fusako Sano estava no quarto ano quando um homem a forçou a entrar em seu carro, e dirigiu por 55 quilômetros até chegar numa casa.

Percebendo a ausência da menina, que não costumava demorar fora de casa, os pais da chamaram a polícia. Assim, buscas foram realizadas, todavia, não encontraram muitas pistas que podiam ligar algum suspeito à menina — eram tão amplas as possibilidades encaradas pelos investigadores que até mesmo cogitaram ter sido uma operação da agência secreta da Coreia do Norte. Era um pesadelo: a jovem ficou 9 anos longe de casa. 

Anos em cárcere

Enquanto os policiais andavam em círculos, Sano era mantida presa no andar de cima da casa de Nobuyuki Satō, que tinha 28 anos durante o triste episódio. Portador de problemas mentais, o homem a prendeu em uma casa que ficava a 200 metros de uma estação de polícia.

A garota estava completamente amedrontada nos primeiros dias. De acordo com seus depoimentos, acabou aceitando qualquer destino que fosse imposto. Viveu um verdadeiro inferno nas mãos do criminoso. Com uma arma de choque, Satō a punia fisicamente diante de episódios comuns da rotina, como não conseguir gravar corridas de cavalo na televisão. Além disso, o problemático homem a ameaçava com espancamentos e facas.

O sequestrador Nobuyuki Satō jovem (esq.) e na época de sua prisão (dir) / Crédito: Divulgação

Além das agressões, Sano fazia três refeições durante o dia. Quem preparava à comida, quando não instantânea, era a mãe de Nobuyuki, que morava no andar de baixo do cativeiro da menina. Também era enganada. Ela não subia até o local onde a jovem era aprisionada porque seu filho sempre se mostrava muito agressivo quando mencionava o cômodo. 

Segundo as investigações, a polícia acredita que ela devia ter algum tipo de consciência do que estava acontecendo, ou até mesmo sabia o que motivava a obsessão do filho em não deixar a própria mãe subir para o andar de cima. Isso porque, supostamente, ela teria comprado objetos de higiene pessoal para a garota.

Do inferno a fuga

No andar de cima, por sinal, não existia banheiro, muito menos chuveiro, então Fusako só conseguia se limpar quando pedisse para o seu captor — e ele autorizasse. Seus dias consistiam em ouvir a rádio. Ela afirmou que o criminoso permitiu o acesso a TV no último ano em que ficou presa.

Durante nove anos, a garota não cogitou sequer colocar o pé fora da casa. Isso porque estava com medo de perder as forças durante uma possível fuga e ser encontrada por Satō. Mas tudo isso teve fim em nos anos 2000.

Depois da condição emocional do filho piorar drasticamente, se tornando cada vez mais agressivo, a mãe de Nobuyuki Satō, que então tinha 73 anos de idade, decidiu chamar o serviço público de saúde até sua casa. O objetivo era conversar com o filho e convencê-lo a buscar um tratamento.

Em uma sexta-feira, dia 28 de janeiro de 2000, os profissionais de saúde foram até a residência do sequestrador, no entanto, o rapaz não reagiu nada bem. Com isso, a polícia foi chamada. Nesse contexto, Fusako sabia que essa seria a melhor oportunidade para escapar do local. Ela desceu as escadas e pediu ajuda da polícia.

Apesar de relativamente bem de saúde, Sano estava muito magra e fraca, pela falta de exercícios durante os nove anos que passou em cativeiro. Além de não conseguir normalmente, ainda apresentava comportamentos de criança, com uma idade mental muito atrasada.

A polícia japonesa foi fortemente criticada durante e após o caso, uma vez que Nobuyuki já tinha passagem na polícia justamente por ter agredido outra menina em junho de 1989. Por algum motivo, o nome do sequestrador não foi colocado na lista de suspeitos enquanto investigavam o caso.

A vergonha para a corporação foi ainda maior depois de Sano ter sido resgatada. O chefe da polícia local, Koji Kobayashi, não compareceu ao episódio, por ter passando a tarde jogando com outro superior do departamento. A situação fez com que ele pedisse demissão do corpo policial.

O passar dos anos

Com o tempo, a mulher se recuperou fisicamente dos anos de aprisionamento, e também melhorou muito sua condição mental — nos primeiros dias após sua libertação, sofria com estresse pós-traumático.  Trabalhando na plantação de arroz de sua família, teve dificuldades de se integrar socialmente, tendo poucos amigos e preferindo viver sozinha durante muito tempo.

Já o sequestrador foi prontamente internado em uma clínica psicológica, depois de ser considerado mentalmente instável. O julgamento do homem começou em maio daquele ano, e os promotores tiveram muito cuidado com a condição do criminoso. Todavia, não saiu impune. 

A defesa alegou insanidade criminal como forma de justificar seus atos, no entanto, psiquiatras responsáveis por avaliar o homem entenderam que ele era mentalmente apto a encarar as acusações. Ele, inclusive, admitiu ter cometido o crime, sendo sentenciado a 14 anos de prisão.


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