Com um talento inegável e alvo de polêmicas, a saga de Muñoz foi além do episódio descrito acima
Penélope Coelho Publicado em 24/06/2020, às 17h08
O luxo e a fama pareciam estar distantes demais para uma pequena menina do município espanhol de Málaga. De família humilde, Amparo Muñoz y Quesada, era a primogênita de seis filhos. Sua beleza e carisma, entretanto, acabaram chamando atenção dos espanhóis e a vida simples que a garota levava, passou a ser pública. Como consequência, a mulher assistiu aos inúmeros boatos e polêmicas envolvendo seu nome se tornarem um grande problema em sua história.
Miss Universo
Nascida em 20 de junho de 1954, ainda muito jovem, Amparo precisou arrumar um emprego para ajudar nas despesas da casa. Na época, nem imaginava que seu trabalho em um escritório do jornal local de sua cidade, iria levá-la a iniciar sua trajetória em concursos de beleza, algo que mudaria sua vida para sempre.
O diretor da agência notou a beleza da funcionária, que ficava escondida atrás de toda a papelada. Assim, o homem incentivou Muñoz a se inscrever no concurso de Beleza da Costa do Sol, que acabou vencendo.
Depois desse prêmio, a jovem percebeu a oportunidade de se inscrever para uma disputa maior. Tratava-se do Miss Espanha do ano de 1973, e mais uma vez, a bela levou a faixa para a casa.
A partir desse momento, Amparo já tinha visto sua vida mudar. Ela havia se tornado uma personalidade da mídia e a imprensa demonstrava interesse em saber os segredos de sua intimidade.
Vocação
A menina inocente, com pouca malícia para os obstáculos da vida sentia muita falta de casa. Inicialmente sua família não apoiava a decisão da modelo, mas, logo perceberam que a filha tinha vocação e levava o público ao delírio.
Em 1974, em Manila, Filipinas, a musa ganhou uma das mais notórias competições de beleza do mundo e se tornou Miss Universo, — a primeira e até hoje única da Espanha. Mas, não seria somente nesse quesito que a artista seria pioneira, ela também foi a primeira e única a renunciar sua nomeação.
Depois de ganhar a coroa, Muñoz percebeu que não queria seguir esse caminho — que demandava um esforço maior do que a miss imaginava. Seis meses após o concurso, a bela se recusou a viajar para o Japão e resolveu abandonar o título.
Polêmicas
A essa altura, a moça já era uma celebridade e tinha se tornado atriz, fazendo algumas participações notáveis no cinema e na televisão espanhola. No mesmo ano em que ganhou o concurso, a intérprete chocou a todos com a sua aparição no filme Tocata y fuga de Lolita (1974) com os seios de fora.
Entretanto, sua meteórica carreira já estava manchada pelo envolvimento da mulher com drogas, sendo presa algumas vezes por porte de heroína. Além disso, o nome da modelo estampava os tabloides locais em decorrência de seus relacionamentos instáveis.
Ao longo da vida, Amparo se casou três vezes. Seu primeiro marido foi o cantor e compositor Patxi Andión, a união não deu certo, então, Amparo se casou novamente, dessa vez com Flavio Labarca, em 1983. Após mais um divórcio, a atriz foi para o altar de novo, em 1991; o escolhido foi Santiago Rubio Guijarro, com quem a miss permaneceu até 1994.
Além de vários relacionamentos públicos e conturbados — que sempre a colocavam na mídia espanhola —, Amparo teve três casamentos, com o cantor e compositor Patxi Andión, com Flavio Labarca com quem se relacionou em 1983 e, após o divórcio conheceu Santiago Rubio Guijarro.
Amparo em entrevista no ano de 1997 / Crédito: Divulgação/Youtube
Mas, não foi a vida amorosa da mulher que quase destruiu sua carreira, e sim um rumor inventado pela imprensa. Na década de 1990, durante um período de desinformação e preconceito sobre o vírus da AIDS, boatos de que a atriz estaria morrendo após ser infectada com HIV, começaram a circular.
Para a bela foi difícil encontrar papéis nas telas depois das inúmeras polêmicas envolvendo seu nome.
Problemas de saúde
Os anos seguintes também foram difíceis para a mulher. A saúde de Amparo era frágil e ao longo da vida ela sofreu muito em decorrência de enfermidades. Em 1991, a atriz foi diagnosticada com pancreatite aguda, provavelmente causada pelo uso exacerbado de álcool e drogas.
No período em que a artista tentava se reestabelecer na indústria cinematográfica, acabou sofrendo mais um baque, diante do diagnóstico de um tumor cerebral, em 2003. Desde que ficou sabendo de seu estado de saúde, Muñoz convivia com a possibilidade de morrer a qualquer momento.
Em decorrência de dois aneurismas cerebrais, a bela viu sua estrutura física se deteriorar quando perdeu o movimento da metade de seu corpo. A mulher decidiu se retirar do mundo da fama e voltou para o pequeno município de Málaga, onde permaneceu sob os cuidados de sua família.
Depois de muito sofrimento, Muñoz faleceu em 27 de fevereiro de 2011, aos 56 anos de idade. Mesmo que em sua maioria, a atriz seja lembrada pelas polêmicas de sua trajetória, seu talento era inegável e sua beleza incomparável, sendo uma das mais belas mulheres da história da Espanha.
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