Vitória, rainha do século 19, teve momentos marcantes no Castelo de Balmoral
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 09/07/2022, às 10h00 - Atualizado em 11/07/2022, às 13h29
Os castelos são estruturas extremamente presentes no imaginário coletivo quando se pensa em Europa e antigos reinados. No entanto, o que nem todos sabem, é que existem diferentes tipos de moradias reais — como castelos e palácios — e as diferenças existentes entre eles.
Os castelos, de forma geral, tiveram sua idealização para construção no período da Europa Feudal, dividido em diversos impérios diferentes — resultado da ruptura do grande Império Romano. Na época, como os diferentes feudos ocasionalmente entravam em conflito entre si, era importante que a moradia real tivesse um viés mais relacionado a proteção do que a lazer — elemento mais relevante na vida nos palácios.
Por isso, por muitos séculos os castelos foram pensados como fortes de proteção e símbolo do poder de um reinado, na Europa. No entanto, no século XIX, a então rainha do Reino Unido e Irlanda, rainha Vitória, que reinou em um período menos marcado por conflitos — a chamada Era Vitoriana —, decidiu que queria fazer algo ainda não visto: morar e ter uma vida de lazer em um castelo, aproveitando da estrutura fortificada mas sem a necessidade de utilizar as defesas.
Alexandrina Victoria era o verdadeiro nome da monarca conhecida por rainha Vitória, que nasceu em 24 de maio de 1819 e veio a se tornar rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda em 1837, quando tinha apenas 18 anos de idade. Sua ascensão ao trono se deu após a morte de seu tio, o rei Guilherme IV.
Apenas três anos após sua chegada ao governo, em 1840, casou-se com seu primo, o príncipe Albert, com quem teve um total de nove filhos e 42 netos — dos quais, 26 casaram-se com outros membros da realeza e famílias nobres da Europa, o que lhe rendeu o título de 'a avó da Europa' e implicou em grande expansão do Império Britânico.
Em 1877, Vitória recebeu ainda o título de 'Imperatriz da Índia' — dado após a incorporação da região onde hoje se encontra a Índia, o Paquistão, Bangladesh e Birmânia ao Império Britânico. Por fim, em 1901 a rainha morreu, após um reinado de quase 64 anos — um dos mais longos já vividos pelo império.
O Castelo de Balmoral originalmente foi construído por volta de 1390, para servir como um pavilhão de caça para o rei Roberto II, da Escócia. No entanto, em 1848 a rainha Vitória e o príncipe Albert fizeram uma visita ao castelo, e consideraram que o local seria ideal para criarem sua família em rápida expansão, devido a tranquilidade e isolamento da região.
Porém, conforme cada filho nascia, cada vez mais expansões eram feitas no castelo, que por fim acabou se tornando na residência de verão da família real britânica. Assim, a nova moradia real, da forma como pode ser vista até os dias de hoje, foi construída no período entre 1853 e 1855, como informado pelo BBC Bitesize.
No Castelo de Balmoral, a rainha Vitória e o príncipe Albert gostavam de fazer longas caminhadas e apreciar a paisagem da região, participar na caça, e a rainha gostava também de escrever em seu diário, pintar e desenhar.
Uma manhã chuvosa, e não pudemos caminhar tanto quanto desejávamos. Tudo é tão agradável aqui, - cada pequeno passeio parece cheio de interesse; a paisagem, - as pessoas boas e simples, - além do interesse quase constante pelo esporte, também na forma de pássaros, ou veados, ou ovas", escreve a rainha em trecho de seu diário, descrevendo o local.
Com a mudança dos monarcas para a região, os castelos da Escócia — região com, de fato, muitos castelos — passaram a se tornar uma atração turística popular, e não mais sinônimos de fortes de guerra. Hoje em dia, muitos turistas ainda visitam as antigas construções, muitas delas até mesmo se tornando em hotéis, o que possibilita que possam passar férias em um castelo escocês como a rainha Vitória.