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Matérias / Arqueologia

Aparência incomum e raridade: A curiosa saga do 'tubarão-duende'

Em 2014, um pescador se deparou com uma criatura assustadora em sua rede, mas o que era?

Pedro Paulo Furlan, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 30/10/2021, às 08h00

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Foto próxima da cabeça de um tubarão-duende - Wikimedia Commons / Museums Victoria
Foto próxima da cabeça de um tubarão-duende - Wikimedia Commons / Museums Victoria

Parece ‘conversa de pescador’ que na rede de um camaroeiro, pescador de camarões, iria aparecer um animal tão raro, quanto um tubarão que vive há cerca de 1.300 metros da superfície — mas foi exatamente o que aconteceu com Carl Moore, do estado da Flórida, nos EUA, em 2014.

Em um dia de pesca que parecia normal, o camaroeiro puxou sua colheita esperando alguns peixes e majoritariamente camarões, mas, deparou-se com um animal que parecia vindo direto de um pesadelo. Foi assim que, em 19 de abril de 2014, Moore pescou o raro tubarão-duende.

O sortudo Mitsukurina owstoni, nome científico deste tipo de tubarão, foi lançado de volta ao mar, antes mesmo de ser medido, entretanto, Carl Moore aposta, segundo seu relato à CNN, em um tamanho entre 5 e 6 metros. 

Mesmo com o relato falado do camaroeiro, os cientistas acreditam que o espécime pego por Moore estava mais perto de 4,5 metros, já que só um tubarão-duende durante todo o tempo desde sua descoberta mediu 6 metros.

Mas, afinal, o que é um tubarão-duende?

Raro e vivendo somente em níveis muito profundos do oceano, o tubarão-duende é considerado um ‘fóssil vivo’ e foi documentado pela primeira vez em 1898, no Oceano Índico. 

A espécie é, também, a última não extinta da família Mitsukurinidae, nomeada em homenagem ao zoologista japonês Kakichi Mitsukuri, que possibilitou o estudo científico dos tubarões-duendes.

Sua aparência assustadora, ou interessante, vem do formato da cabeça e da mandíbula única deste tipo de tubarão. A narina achatada é coberta por eletrorreceptores, para detectar os campos elétricos de outros habitantes das profundezas oceânicas, e a boca é proeminente para que consiga atacar suas presas mais facilmente.

Imagem de tubarão-duende vivo em vídeo - Foto: Divulgação/Vídeo

Segundo informações do site Greensavers, a mandíbula do tubarão-duende é controlada por um par de ligamentos elásticos, que o diferenciam de inúmeros outros predadores marinhos, que têm suas mandíbulas fixas em sua cabeça.

Os ligamentos possibilitam que, na hora em que se deparar com uma presa, o tubarão-duende seja capaz de estender sua mandíbula para ‘dar o bote’. Mas não há motivo para se preocupar, já que eles apresentam pouquíssimo perigo a seres humanos.

Quantas vezes já vimos um tubarão-duende?

Ilustração de um tubarão-duende de 1921 - Foto: Wikimedia/Commons

Mesmo que o último relato de um espécime deste tipo de tubarão tenha sido sete anos atrás, as interações humanas com estes animais já foram várias entre sua descoberta em 1898 e o encontro acidental de Carl Moore em 2014.

Devido a seu habitat ser extremamente profundo, encontros com este animal são acidentais e resultado do espécime ter subido a níveis mais próximos da superfície. 

Em alguns desses casos, os animais foram capturados, mantidos em aquários e rapidamente faleceram.

Enquanto isso, um dos acontecimentos mais marcantes na história das interações entre tubarões-duende e seres humanos foi em 2003. No norte de Taiwan, em uma região em que estes espécimes nunca haviam sido vistos, de repente mais de 100 criaturas foram capturadas durante o mês de abril. 

Ainda não se sabe a causa do fenômeno, que nunca se repetiu, mas a aposta de especialistas é o fato de que um terremoto havia atingido o território pouco tempo antes da pesca do primeiro tubarão-duende.

Até mesmo no Brasil, esta espécie de tubarões já foi vista. Em 2011, na costa do Rio Grande do Sul, um barco pesqueiro encontrou um exemplar morto a somente 400 metros de profundidade, doando ele para a Universidade Federal do Rio Grande (FURG).