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Matérias / Arqueologia

A peste negra não foi tão devastadora como se pensava? Estudo responde

A pandemia com certeza impactou fortemente a Europa da época, porém é possível que algumas concepções tenham sido exageradas

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 01/05/2022, às 09h00

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Obra de arte de 1353 representando vítimas da peste negra sendo enterradas - Domínio Público
Obra de arte de 1353 representando vítimas da peste negra sendo enterradas - Domínio Público

Um artigo científico publicado na revista Nature Ecology & Evolution em fevereiro de 2022 desafia as noções que historiadores tinham, até então, do nível de mortalidade alcançado pela peste negra, pandemia devastadora que se abateu sobre os países da Europa durante o século 14 (ou, mais especificamente, no período entre 1346 e 1352). 

Atualmente, é bem aceita entre os historiadores a ideia de que uma parte assustadora da população europeia foi morta pela doença, algo entre 30% e 50%. No entanto, a conclusão do estudo recente é que a praga não foi letal e nem tão difundida quanto imaginávamos. 

Locais que hoje correspondem à Suécia, Grécia e porção central da Itália, por exemplo, foram afetados pela pandemia de maneira trágica, de acordo com as descobertas. Em outras partes do continente, todavia, o cenário era diferente. 

Evidências

Para chegarem a esses dados, eles analisaram algo inusitado: pólen fossilizado datado da época. Um total de 1.634 amostras foram recolhidas de lagos e pântanos espalhados por 19 países diferentes da Europa. 

Fotografia de pólen em lâmina de microscópio / Crédito: Divulgação/ Lucrezia Masci/ Nature Ecology & Evolution

“Esses grãos nos permitem reconstruir a paisagem local e as mudanças ao longo do tempo. Eles iluminam o uso humano da terra e a história da agricultura", explicaram três dos pesquisadores responsáveis pela investigação em um texto publicado no The Conversation. 

Se um terço ou metade da população da Europa morresse em poucos anos, seria de esperar um quase colapso das plantações cultivadas na era medieval. Ao aplicar técnicas estatísticas avançadas aos dados de pólen disponíveis, testamos esse cenário, região por região”, continuou o comunicado. 

Nos locais citados anteriormente como abalados pela peste negra, foram encontradas evidências desse abandono do cultivo, que foi interpretado como consequência da falta de mão de obra causada pela mortalidade alta do período. 

Já nos outros, como a República Tcheca e a parte nordeste da Espanha, a produção agrícola continuou a mesma de antes da pandemia. Curiosamente, ainda existem lugares, tais como os países bálticos, a Polônia e o trecho central da Espanha, em que houve um aumento das plantações.

Variações

Os especialistas especulam que fatores como divisão da população entre o campo e a cidade (com os espaços urbanos ocupando um espaço bem menor e possuindo maior densidade demográfica), rotas comerciais e climas variados podem ter causado essa propagação desigual da peste negra. 

Vale lembrar aqui que a doença era causada pela bactéria "Yersinia pestis" e transmitida por pulgas. Assim, faz sentido a necessidade de levar em consideração a maneira como as condições da época podiam afetar o inseto. 

Fotografia de pulga carregando o patógeno / Crédito: Divulgação/ Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA

Um detalhe importante é que os autores do artigo científico evitaram estabelecer uma nova estimativa de mortes causadas pelo patógeno, enfatizando que sua intenção principal é combater as generalizações que podemos fazer a respeito de uma das piores pandemias já enfrentadas pela humanidade, conforme repercutido pela revista Smithsonian. 

+Confira a pesquisa completa clicando aqui