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Matérias / Arqueologia

O que teria causado a morte de Lucy, famosa australopiteco

Em 2016, cientistas fizeram uma pesquisa trágica a respeito do fim de Lucy

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 26/09/2021, às 09h00 - Atualizado em 23/06/2022, às 11h26

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A ciência imagina como seria Lucy - Getty Images
A ciência imagina como seria Lucy - Getty Images

O fóssil de Lucy foi descoberto na Etiópia no ano de 1974, e até hoje mantém sua relevância no campo da arqueologia. Ela não foi uma ancestral direta nossa, porém definitivamente uma prima. 

Na última quarta-feira, 22, um dos responsáveis por sua descoberta, Yves Coppens, antropólogo francês, faleceu aos 87 anos. "Yves Coppens nos deixou nesta manhã. Minha tristeza é imensa", desabafou a editora Odile Jacob através das redes sociais. "Perco um amigo que confiou a mim toda a sua obra. A França perde um de seus grandes homens".

A primata, que pertencia à família dos australopitecos, tinha aparência de macaco, porém andava apenas sobre duas pernas, como nós fazemos, o que oferece uma perspectiva interessante de como teria ocorrido a evolução.

Embora se saiba muitos detalhes sobre Lucy, por muito tempo sua causa de morte foi um mistério. Em 2016, entretanto, uma pesquisa publicada através da revista científica Nature ofereceu uma teoria curiosa: a humanoide teria sofrido uma queda. 

As evidências

Um dos fatores principais levados em conta na construção da hipótese foram as diversas fraturas presentes no esqueleto da australopiteco.

Para analisar os restos mortais de milhões de anos, eles foram submetidos a uma tomografia computadorizada capaz de produzir imagens que, além de serem em alta resolução, também eram em 3D. Os exames duraram um total de dez dias. 

Com esse recurso em mãos, os cientistas indicaram que Lucy passou por uma queda de mais de 12 metros, durante o qual alcançou uma velocidade de cerca de 56 quilômetros por hora.

Para tentar amortecer o impacto, ela teria colocado os braços para frente, o que resultou no estilhaçamento de seus ossos, considerado semelhante àqueles observados em vítimas de acidentes automobilísticos — a queda foi feia e marcada pela morte rápida.

Fotos do esqueleto de Lucy. À direita é o original, e à esquerda é uma reconstrução incluindo partes que faltam no original / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Anteriormente, a comunidade científica acreditava que seus ossos haviam sido quebrados após sua morte. Esse estudo, porém, sugere que foi um resultado da forma como ela morreu. 

Um primata sem equilíbrio?

Um detalhe estranho, porém, é que uma espécie tão próxima dos macacos teria tipo problemas em se equilibrar nas árvores. John Keppelman, antropólogo que participou da pesquisa na época, ofereceu uma explicação. 

"Lucy vivia ao mesmo tempo no solo e nas árvores, e as características físicas adaptadas que a permitiam andar ereto e se deslocar de modo eficaz sobre a terra podem ter comprometido sua habilidade para escalar as árvores. Sua espécie teria uma predisposição a sofrer quedas com mais frequência", disse ele em uma entrevista à AFP, no ano de 2016. 

Além dos braços estilhaçados, os especialistas puderam observar através das imagens da tomografia que Lucy sofreu fraturas em diversos outros pontos do corpo, como tornozelo, joelho, costela e pelve, possivelmente tendo sofrido lesões em seus órgãos internos. 

Ainda conforme o veículo, o paleoantropólogo Yves Coppens, parte do time que desenterrou Lucy em 1974, comentou os apontamentos feitos pelo estudo, na época. 

"Os arborícolas têm, em geral, uma habilidade espantosa, agilidade, equilíbrio. Após 20 anos vendo arborícolas (chimpanzés, gorilas, etc.) em seu meio natural, nunca vi ocorrer algo assim. Mas a priori não sou hostil a essa tese, que vale tanto como qualquer outra", concluiu ele.