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Matérias / Personagem

Abandonado pela família e adotado pelo circo: a singular trajetória de Lionel, o homem com cara de leão

Largado pela própria mãe aos quatro anos de idade, Stephan Bibrowsky fez grande sucesso na Europa e nos EUA devido uma condição rara

André Nogueira Publicado em 22/04/2020, às 09h52

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Lionel em rara imagem - Wikimedia Commons
Lionel em rara imagem - Wikimedia Commons

No início do século 20, eram comuns os espetáculos que apresentavam aquilo que chamavam de "bizarrices". Entre os conhecidos membros desses shows, estava Lionel, o homem com "cara de leão", um cantor consideravelmente famoso na época. Tratava-se de um homem com uma condição rara chamada hipertricose, que o fazia ter longos cabelos por todo o corpo, resultando em uma aparência de leão.

Seu nome era Stephan Bibrowski, nascido em 1891 numa cidade no interior da capital da Polônia, Varsóvia. Quando saiu do útero de sua mãe, possuía cabelos com quase três centímetros de comprimento, o que fazia sua família considerá-lo uma aberração. Assim, optou por abandonar o pobre garoto.

Interessado pelo jovem de condições singulares, um empresário alemão de sobrenome Sedlmayer demonstrou interesse em adotar o menino, que foi dado por sua mãe aos quatro anos de idade. O empresário, então, criou um nome artístico e passou a expor sua figura em espetáculos ao redor da Europa.

No circo. Lionel está no canto direito da fileira de cima / Crédito: Wikimedia Commons

A condição rara levou diversas pessoas ao mundo dos espetáculos da época. Casos famosos fizeram a carreira das mulheres barbadas em circos, ou a de Fyodor Yevtishchev, conhecido como Jo-Jo, o menino com cara de cachorro. A característica é também conhecida como Doença do Lobisomem.

Naquela idade, o jovem já tinha pelos de 20 centímetros no corpo, o que já dava uma aparência animalesca. Cabeça, tronco, quadril e pernas eram completamente preenchidos, e apenas as palmas das mãos e dos pés não tinham cabelos. Lionel começou a fazer sucesso com espetáculos de acrobacias e músicas, sendo apresentado como o Homem Leão.

Em 1901, Lionel teve sua primeira viagem para fora da Europa, fazendo participações em espetáculos nos Estados Unidos. Logo integrou o Circo Barnun & Bailey, que fazia longas viagens pelo país e para fora, aumentando a fama do garoto. Fazendo parte da equipe permanente, ele conheceu diversos locais, chegando a voltar para a Europa em algumas ocasiões.

Com o aperfeiçoamento de suas aparições, Lionel começou a praticar ginásticas para shows mais complexos. Ao mesmo tempo, passou a se comunicar com a plateia, demonstrando sua personalidade tranquila e gentil, e assim conquistou a simpatia dos espectadores em um contraste forte entre apreço a seu modo de agir e medo de sua aparência. O jovem se dedicou também aos estudos, falando cinco línguas em vida.

Existe uma discussão sobre Bibrowsky que transcendeu gerações, relativa ao nível de satisfação ou de coerção sobre sua vida no circo. Muitos acreditam que ele gostava da jornada de espetáculos, se sentindo livre para realizar performances, e que não se importava com a condição.

Lionel ficou famoso por suas atitudes, ganhando relevância como um verdadeiro cavalheiro, educado e nobre, e ao mesmo tempo muito bem trajado com roupas chiques e sempre limpas. O público passou a ver o homem com bons olhos. Ganhando certo dinheiro e dando fim às impressões que o pintavam como fera selvagem, sua vida ficou mais leve. 

Gravura de Lionel em 1907 / Crédito: Wikimedia Commons

A partir de 1920, ele arrumou moradia permanente nos EUA, passando a realizar populares shows de música e dança. Morando em Nova York, onde passou o auge de sua fama, realizou espetáculos principalmente em Coney Island, onde tinha o principal público.

Em Nova York, ocorreu uma famosa narrativa em que, após um incêndio num hotel em que Lionel estava hospedado, ele foi rapidamente o primeiro a evacuar o prédio. Quando questionado de sua ação, ele afirmou que tinha medo de suas madeixas serem queimadas e prejudicarem sua performance. Para ele, se perdesse seus cabelos, ele “seria apenas um homem normal”.

No final da respectiva década, Lionel se aposentou da carreira artística, passando a se dedicar à vida pessoal. Retornando à Europa, passou a viver na Alemanha no fim de sua vida, antes de sua precoce morte, que ocorreu em 1932, aos 41 anos de idade.

Hoje sabe-se que Bibrowsky morreu após um ataque cardíaco enquanto estava na sua casa em Berlim, após anos superando os preconceitos da sociedade com seu talento e cavalheirismo.


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