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Matérias / Personagem

Abusos físicos e psicológicos: A conturbada relação de Michael Jackson com o pai

Para tornar o grupo Jackson 5 um sucesso, Joe Jackson tratou os filhos com mãos de ferro, especialmente o Rei do Pop, que o deixou fora de seu testamento

Isabela Barreiros Publicado em 16/11/2020, às 15h59

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O grupo Jackson 5 com o pai e empresário, Joe Jackson, ao centro - Divulgação
O grupo Jackson 5 com o pai e empresário, Joe Jackson, ao centro - Divulgação

Formado em 1964, o Jackson 5 podia ser visto no topo das paradas com inúmeras de suas composições de ritmo R&B já na década seguinte — e nas próximas. O grupo se tornou um dos mais importantes para a música dos Estados Unidos e do mundo, além de ter delineado o talento de Michael Jackson.

Os métodos para esse sucesso, colocados em prática pelo pai dos meninos e então empresário, Joe Jackson, foram revelados anos depois, quando eles já eram adultos e cuidavam (em sua maioria) das próprias vidas e carreiras. A infância de Jackie, Tito, Jermaine, Marlon, Randy e especialmente Michael foi uma história de repressão e violência rumo ao estrelato.

Conforme lembrado pelo jornal britânico Daily Mirror, a primeira vez que esse assunto foi abordado por Michael foi em 1993, durante uma entrevista à apresentadora Oprah Winfrey em seu programa. Na conversa, ele revelou o punho de ferro com o qual o pai tratava os filhos para alcançar a perfeição.

O Rei do Pop ainda era o alvo da maioria das violências do pai. O mais talentoso do grupo, ele era constantemente vítima de ações brutas para continuar treinando. À Winfrey, ele contou que Joe observava os ensaios dos Jackson 5 com um cinto na mão. Caso errassem, seriam agredidos.

Os Jacksons / Crédito: Wikimedia Commons

"Se você não fizesse da maneira certa, ele iria te rasgar, realmente te pegaria", disse Michael na época. “Eu não sei se eu era seu filho de ouro ou o que quer que fosse. Alguns podem chamar de disciplinador rígido ou o que seja, mas ele era muito rígido. Ele era muito duro. Apenas um olhar iria assustar. Mas eu o perdôo”.

No The Guardian, o jornalista Alexis Petridis narrou alguns dos episódios de violências cometidas pelo patriarca dos Jacksons, baseados nos relatos de Jermaine Jackson no livro You Are Not Alone: ​​Michael Through a Brother's Eyes (2011).

O relacionamento do pai com os filhos já não era bom mesmo antes de descobrir o talento musical de grande parte deles e controlar suas carreiras. Na biografia, Jermaine relembra:  “Nenhum de nós consegue se lembrar dele nos segurando, nos abraçando ou nos dizendo 'eu te amo'”. 

Mas, ao perceber que poderia expor as joias raras que eram seus filhos para o mundo, o homem se tornou um dos maiores vilões dessa história. Um empresário autoritário, ele batia nas crianças constantemente com a fivela de cintos e até mesmo com o cabo de uma chaleira elétrica. 

Os meninos não podiam ter a mínima visão do que seria uma infância comum: eles eram proibidos pelo pai de brincar com outras crianças do lado de fora da casa. Obrigados a treinar incessantemente, passavam pelo menos cinco horas ensaiando músicas e performances todos os dias de pois de voltarem à escola.

Joe Jackson, no centro, ao lado da esposa Katherine e juntto de seus filhos / Créditos: Divulgação

Joe sabia das denúncias feitas pelos filhos já adultos e também pela mídia ao redor do mundo. Em uma entrevista à Oprah em 2010, ele confirmou que batia nas crianças, mas que aquilo foi um mal necessário para sua formação. 

"Não [me arrependo das surras]", disse na época. "Isso os manteve fora da prisão e bem. Não acho que [Michael] tinha medo de mim. Do que ele estava com medo, ele pode fazer algo errado e eu o castigaria, mas não o espancaria. Eu nunca bati ele como a mídia tentou dizer”.

Os abusos físicos iam de serem agredidos a terem que carregar blocos de concreto no quintal quando fizessem algo que desagradasse o pai. Porém, o homem também tinha uma lábia para transformar a mente de seus filhos em um puro inferno, com violências psicológicas constantes.

Um exemplo da preferência de Joe em perturbar a vida de Michael em especial está em um detalhe que era uma das maiores inseguranças do jovem. Quando ele soube que o filho mais novo não gostava do tamanho de seu nariz, fez de tudo para relembrá-lo desse fato e ainda passou a chamá-lo de “nariz grande”.

Quando Michael morreu no dia 25 de junho de 2009, seu testamento deixou claro seu posicionamento. De acordo com o tabloide Notícias do mundo, os três filhos do astro do pop devem ficar com por volta de 40% de todo o patrimônio do cantor, avaliado em US $ 250 milhões.

Mas, além deles, somente outro membro da família Jackson foi mencionado. A mãe de Michael, Katherine Jackson, recebeu os outros 40% da riqueza e ainda ficou com a guarda dos herdeiros do cantor. Nada de seu pai, Joe, ou o restante dos Jackson. Se isso foi rancor ou apenas uma decisão, não é possível saber, mas o histórico do patriarca demonstra que isso provavelmente não foi à toa.