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Matérias / Personagem

Ada Blackjack, a mulher que, sozinha, sobreviveu por dois anos em uma ilha na Sibéria

Convocada para uma expedição perigosa, a jovem Iñupiat viajou pelo mar de Chukchi em uma missão fadada ao fracasso

Pamela Malva Publicado em 22/06/2020, às 13h30

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Fotografia de Ada Blackjack em meados de 1920 - Wikimedia Commons
Fotografia de Ada Blackjack em meados de 1920 - Wikimedia Commons

Em meados de 1921, o etnólogo islandês Vilhjalmur Stefansson decidiu lançar uma expedição marítima a fim de reivindicar a Ilha de Wrangel para o Canadá. Localizada no Mar de Chukchi, a porção de terra pertencia ao território russo na época.

Para que a missão tivesse a maior chance de sucesso possível, o cientista experiente escolheu seus exploradores com cuidado e critérios rígidos. Todos tinham ótimas credenciais acadêmicas e um vasto conhecimento em geografia e ciência.

Entre as cinco pessoas escolhidas para a tripulação, no entanto, existia uma mulher simples, membro da tribo Iñupiat. Sem quaisquer conhecimentos científicos além de sua própria vivência no Alasca, Ada Blackjack Johnson foi convocada à expedição para desempenhar os papéis de cozinheira e costureira.

Em pouco tempo de missão, as coisas saíram do controle dos cientistas contratados e, de repente, por uma sequência de fatalidades, Ada ficou sozinha em um frio de gelar os ossos. Foram dois anos de solidão, experiência que ela nunca mais iria esquecer.

Fotografia do explorador Vilhjalmur Stefansson / Crédito: Wikimedia Commons

Tribos e estudos

Nascida na tribo Iñupiat, em Salomão, no Alasca, em meados de 1898, Ada Blackjack era uma jovem tímida, bastante gentil e que não sonhava além dos limites de sua cidade. Criada por missionários, aprendeu a falar inglês desde muito jovem.

Já na idade adulta, casou-se com seu primeiro marido e, ao lado do homem, teve três filhos. Graças ao frio cortante e às condições de vida no Alasca, no entanto, apenas uma das crianças sobreviveu e passou dos primeiros anos de vida.

Traumatizados com a perda de dois bebês, Ada e seu marido assinaram o divórcio e, sem ter para onde ir, a mulher tornou-se uma indigente. Por ter ficado com a guarda de seu filho, Ada ainda foi obrigada a colocar a criança em um orfanato temporariamente.

Barcos e remos

A fim de reconstruir sua vida e conquistar mais propriedades para si, Ada Blackjack aceitou fazer parte da expedição insana de Vilhjalmur Stefansson. Liderada pelo canadense Allan Crawford, a tripulação de cinco pessoas passaria pelo Mar de Chukchi e chegaria até a ilha de Wrangel, ao norte da Sibéria.

Foi apenas em 15 de setembro que a expedição chegou em terras russas e colocou seus pés na ilha tão desejada pelos canadenses. Experiente em relação ao frio impiedoso dos polos, Ada estava muito insegura sobre a missão desde o começo.

Ela sequer sentia-se confortável por ser a única nativa do Alasca na tripulação. Sentia-se sozinha e não gostava nada do rumo que a expedição levava. Em pouco tempo, assim como Ada previa, as condições da missão saíram de controle.

Foto da equipe da expedição da ilha de Wrangel tirada em 1921 / Crédito: Wikimedia Commons

Comida enlatada e muita água

Com o frio extremo batendo na espinha, os cinco indivíduos convocados para a expedição perceberam que estavam ficando sem comida. A caça na ilha também não era lá muito farta e a tripulação parecia não ter o suficiente para sobreviver.

Amedrontados e sem muitas escolhas, três dos cientistas decidiram atravessar o Mar de Chukchi em busca de comida, em 28 de janeiro de 1923. Ada e Lorne Knight, que estava bastante debilitado, ficaram para trás.

Sozinhos na ilha, os dois nunca mais tiveram notícias sobre os homens que tentaram explorar os arredores. Para Ada, no entanto, tudo piorou quando, apesar dos tratamentos, Knight faleceu, em 23 de junho de 1923.

Solidão, fome e gelo

De repente, Ada viu-se sozinha na enorme e impiedosa ilha. Sua única companhia era a gata da expedição, a pequena Vic. Entre casacos de peles e pouquíssima comida, a mulher aprendeu a sobreviver, mesmo com as condições extremas.

Em 19 de agosto de 1923, seu corpo estava quase congelando quando ela foi finalmente resgatada por Harold Noice, um colega de Vilhjalmur Stefansson. Ada eventualmente voltou para casa, mas se recusou a reviver a experiência, por quaisquer motivos que fossem — ela odiava a imprensa e não ganhou um tostão com os livros publicados.

De volta ao Alasca, Ada Blackjack casou-se novamente e teve mais um filho. Cercada por familiares e o pouco dinheiro que conseguiu com a venda das peles usadas na ilha de Wrangel, a mulher Iñupiat faleceu apenas em maio de 1983, aos 85 anos.


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