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Matérias / Personagem

Alan L. Hart: conheça o médico trans que foi crucial para o diagnóstico da tuberculose

Em uma época onde a enfermidade matava inúmeras pessoas, Hart seguiu o uso dos raios-X

Giovanna Gomes Publicado em 20/12/2020, às 09h00

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Dr. Hart passou por uma transição de gênero - Divulgação
Dr. Hart passou por uma transição de gênero - Divulgação

Antes de se descobrir a utilidade dos raios-X, só havia dois jeitos de saber o que estava acontecendo dentro do corpo humano machucado ou doente. A primeira alternativa era usar o tato.

Ao apalpar as áreas nas quais os pacientes sentiam dores, os médicos tentavam diagnosticar o problema. A situação só começou a mudar em 8 de novembro de 1895, quando o físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) encontrou um novo tipo de radiação ao perceber que os feixes de luz, resultados do choque entre elétrons desacelerados e matérias de grande número atômico, deixavam marcas em filmes fotográficos.

Ao tirar uma chapa da mão esquerda de sua própria esposa, Anna Bertha,Röntgen deu o pontapé inicial para o nascimento da radiologia diagnóstica, já que os raios permitem ver tecidos e estruturas do organismo e ainda ajudam a detectar uma vasta gama de problemas ósseos e tumores.

Tamanho foi o sucesso da descoberta que o cientista recebeu o primeiro prêmio Nobel de Física da História, em 1901.

Rapidamente, os bombardeios de radiação ionizante foram usados em shows públicos, que espantavam a plateia com a apresentação inédita de imagens de esqueletos humanos. E foi essa a invenção crucial para facilitar o laudo de tuberculose.

Inovação

Durante o século 19, a tuberculose matou inúmeras pessoas nos Estados Unidos e Europa. No século seguinte, a doença ainda era uma das principais causas de morte nos EUA. Foi um médico trans, Alan L. Hart, que ajudou a reduzir a fatalidade através do uso inovador do raio-X na década de 1920.

Até então, o equipamento era muito utilizado para identificar fraturas, foi a atitude de Hart em usar a tecnologia para detectar a doença precocemente que facilitou o diagnóstico. Anteriormente, os pacientes acabavam descobrindo que tinham tuberculose quando já estavam morrendo. 

Entretanto, o médico não foi apenas um pioneiro na profissão, mas também é considerado um dos primeiros homens trans nos Estados Unidos a fazer uma histerectomia.

A transição 

Alan L. Hart nasceu no Kansas em 1890, designado como mulher no nascimento. No ano de 1892, seu pai morreu de febre tifoide, o que mais tarde o levou a dedicar-se à medicina. Diante do óbito de seu pai, a mãe, Edna, se mudou com a família para Oregon, onde os avós de Hart viviam. 

Foto do anuário da faculdade de Lucille/ Crédito: Wikimedia Commons

Conforme relatado pelo Daily Extra, ele sabia que era menino desde jovem e desejava que sua aparência física refletisse sua identidade.

Peter Boag, professor na Queen's University, explica que: "(Ele) pensava que seria um menino se apenas a família cortasse (seu) cabelo e o deixasse usar calças". Após ingressar na graduação, Hart começou a se vestir com roupas mais 'masculinas'. 

E foi na University of Oregon Medical School que começou a pesquisar sua 'condição'. Além de se sentir atraído por mulheres, ele também sabia que era um homem. De acordo com seu psicoterapeuta, Joshua Allen Gilbert, Alan viu a transição como uma 'chance de enfrentar a dificuldade e corrigi-la, se possível'.

A histerectomia 

Foi na faculdade de medicina que Hart completou sua transição. À época em que se formou, apresentava-se sempre como homem, já com o nome alterado. Naquele mesmo ano, o médico procurou a ajuda de um de seus professores, Dr. Gilbert, que forneceu psicoterapia a Hart e realizou sua histerectomia.

Em uma entrevista de 1918, Alan declarou: “Eu tinha que fazer isso ... Por anos fui infeliz. Com todas as inclinações e desejos do menino, tive que me restringir às formas mais convencionais do outro sexo. Desde que fiz essa mudança, tenho sido mais feliz do que nunca na minha vida e continuarei assim enquanto viver... Há muito suspeito da minha condição e agora sei. ”

Na época, as histerectomias eram “vistas como uma mudança completa de sexo, o que mostra como o gênero era percebido na medicina”, escreveu Ari Mejia em OutHistory. “A remoção dos órgãos reprodutores femininos fez com que Alan fosse considerado medicamente masculino.”

Alan L. Heart em 1930/ Crédito: Arquivo da Columbia University

Legado

Apesar da discriminação que enfrentou, o médico alcançou incríveis avanços médicos durante sua carreira. Sua pesquisa inovadora em tecnologia de raios-X ajudou os profissionais na detecção precoce da tuberculose, salvando milhões de vidas.

Além disso, sua pesquisa aumentou a segurança do uso de hormônios sintéticos, opção médica que só se tornou disponível após a Segunda Guerra Mundial.

No final década de 1940, ele passou a viajar para diferentes localidades nos EUA, dando palestras que proporcionaram aos médicos muitas informações valiosas sobre o tratamento da tuberculose.


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