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Matérias / Cangaço

Muito além de Maria Bonita: A complexa saga das mulheres no cangaço

Apesar da postura liberal em costumes caseiros, as cangaceiras eram oprimidas pelo machismo e quase não pegavam em armas

Wallacy Ferrari Publicado em 29/05/2020, às 12h00

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Maria Gomes de Oliveira, também conhecida como Maria de Déa e Maria Bonita - Wikimedia Commons
Maria Gomes de Oliveira, também conhecida como Maria de Déa e Maria Bonita - Wikimedia Commons

Em meio a uma crise econômica que o Nordeste passava no final do século 19, o cangaço surgiu com atos que dividiam opiniões. Seus crimes, justificados pela própria avaliação dos cangaceiros, como atos de justiça e vingança, moldou uma prática de banditismo que ganhou força com organizações rebeldes.

Os grupos de cangaço se formaram, com ênfase ao mais notável, a trupe de Lampião, sempre composta majoritariamente por homens. Entretanto, com o casamento de Lampião e Maria Gomes, as condições impostas pelo estilo de vida e ameaças policiais poderiam distanciar esse casamento. Maria então decidiu se unir ao grupo e acompanhar Lampião no cangaço.

Maria Bonita, como foi apelidada pela imprensa após seu falecimento, era a primeira cangaçeira, dando abertura para outros grupos de cangaço recrutar mulheres em suas jornadas. Rompendo com tradições regionais, cangaceiras largavam suas residências e tinham a oportunidade de se desligar de hábitos impostos ao gênero feminino.

Crédito: Wikimedia Commons

Adriana Negreiros, autora do livro “Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço”, explicou em entrevista ao jornal O Globo que a abertura não externou sororidade, ou seja, Maria se adaptou ao código de conduta machista do cangaço: “As mulheres não se apoiavam. [...] Cobrar uma postura feminista delas naquele ambiente me parece que é exigir demais”.

Apesar da abertura, nem todas as cangaceiras optavam por compor os grupos de cangaço; muitas, após serem raptadas e estupradas, eram forçadas a acompanhar as jornadas das quadrilhas. Práticas como impedir as mulheres de cortarem os cabelos até o assassinato em caso de adultério reiterava a postura machista dos grupos.

Em contraste, a abertura para a utilização de vestimentas mais justas, como vestidos ao nível do joelho, a soberania na criação dos filhos e a ausência de responsabilidade total pela cozinha, visto que os grupos já precisavam se virar no fogão antes da chegada de mulheres, demonstravam liberalismo em relação aos costumes femininos na sociedade.

Crédito: Wikimedia Commons

Em situações de combate, as mulheres eram privadas de comparecer a zonas de conflito para evitar emboscadas. “Depois, passaram a ser descritas como sanguinárias, embora não fossem, porque nem pegavam em armas, eram praticamente donas de casa”, acrescentou Adriana Negreiros.

Com a dissolução e combate de grupos do cangaço, as mulheres conseguiram exercer uma maior autonomia para tentar reerguer o movimento. Sérgia da Silva, conhecida como Dadá, assumiu as armas após a morte de Corisco, seu companheiro. A recepção policial para cangaceiras era semelhante a das quadrilhas: com repressão e machismo.

Apesar de todos os membros da quadrilha de Lampião terem sido decapitados, o corpo de Maria Bonita estava especificamente desnudo da cintura para baixo, com um pedaço de madeira cravado em seu órgão genital. Outras mulheres tiveram seus rostos marcados com ferro quente como simbolismo.


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Santinha: A História de uma Guerreira, Naldo Guedes (2015) (eBook) - https://amzn.to/2TbqHF7

Os últimos dias de Lampião e Maria Bonita, Victoria Shorr (2019) - https://amzn.to/2R3uXUB

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