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Matérias / Personagem

Alvo da ditadura: Como foi a volta de Paulo Freire do exílio?

O educador foi perseguido pela ditadura militar e acusado de subversão, retornando ao Brasil apenas 15 anos depois

Isabela Barreiros Publicado em 16/01/2022, às 07h00

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O educador Paulo Freire - Divulgação/Escola de Gestão Socioeducativa Paulo Freire
O educador Paulo Freire - Divulgação/Escola de Gestão Socioeducativa Paulo Freire

O nome de Paulo Freire é acompanhado de elogios e polêmicas. Com métodos educativos que prezam pela libertação e a autonomia popular, o pensador é constantemente reconhecido internacionalmente e continua tendo sua obra estudada.

Para o educador, o ensino deveria ser uma forma de transformar as pessoas em indivíduos conscientes das suas posições no mundo, e não apenas uma educação “bancária”, em que os estudantes receberiam as informações de forma passiva e recheadas de “decorebas”.

Trazendo um tempero revolucionário, o projeto chegou ao Governo Federal, quando o então presidente João Goulart o chamou para organizar um Plano Nacional de Alfabetização, que não chegou a ser concretizado. Freire também foi secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo na gestão de Luiza Erundina, entre 1989 e 1992.

Censura

Ganhando cada vez mais atenção, em um período extremamente conturbado na história do Brasil, o filósofo não passou ileso pela ditadura militar brasileira e sua censura, que passaram a observar atentamente os passos do homem que propunha exatamente o contrário do que desejavam para a educação.

Quando o golpe foi implementado, muitos pensadores começaram a ser questionados pelas autoridades — inclusive Freire, que, no entanto, não acreditava que seria preso pelos militares, pelo menos no começo do regime.

A partir de 27 de abril de 1964, o educador passou a ser coagido a prestar depoimentos para que os oficiais pudessem “mapear” a ideologia e as posições do professor, além de compreender seu nível de periculosidade, a partir de perguntas sobre suas teses, métodos e resultados no campo da pedagogia.

Ele passou, no total, 70 dias preso, somando suas passagens em Olinda e Recife. Mas, mesmo solto, tinha que comparecer às instalações do Exército para registrar suas últimas atividades, o que fez com que Freire tivesse que ir ao Rio de Janeiro.

Contra sua própria vontade, em decorrência da situação do Brasil em contexto de ditadura militar, o pensador aceitou a recomendação de pessoas próximas e partiu para exílio, indo até a embaixada da Bolívia. Ele retornaria para o país apenas 15 anos depois.

O exílio de um educador

Paulo Freire em entrevista para a TV Cultura em 1993 / Crédito: Divulgação / YouTube / TV Cultura

Paulo Freire passou seus anos de exílio em inúmeros países dos cinco continentes, onde viveu muitas experiências ligadas à área da educação. Chile, Estados Unidos, Suíça, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde são apenas alguns exemplos dessas nações.

No livro “Pedagogia da Esperança”, publicado em 1992, o autor escreveu que o período lhe serviu como uma espécie de “ancoradouro” que o ajudou a “religar lembranças, reconhecer fatos, feitos, gestos, unir conhecimentos, soldar momentos e re-conhecer para conhecer melhor”.

De volta ao Brasil

Embora o exílio tenha sido uma vivência extremamente benéfica para o filósofo, com a Lei da Anistia, havia chegado a hora de retornar ao seu tão querido Brasil, o que ele fez, em 7 de agosto de 1979.

No Aeroporto de Viracopos, em Campinas, foi recepcionado por intelectuais, políticos, estudantes e muitos admiradores, como noticiou o jornal O Estado de S. Paulo no dia seguinte da chegada. Entre os que foram até o local, estavam algumas pessoas que são conhecidas ainda hoje.

Eduardo Suplicy, Fernando Henrique Cardoso, José Carlos Dias, Irma Rossetto Passoni e André Benassi foram algumas das figuras que marcaram presença no aeroporto para receber o professor.

Na época, FHC afirmou que "é uma vergonha que uma figura como ele tenha sido obrigado a sair do país” e que a volta de Freire “não é um problema dele, mas sim um problema nosso, da sociedade, porque ele terá que ter aqui no Brasil, condições de trabalho, uma vez que não é mais exilado político”.

Cardoso acrescentou ainda que as universidades brasileiras deveriam competir para contratar o pensador, já que ele havia acabado de retornar ao país e iria buscar alguma ocupação por aqui.

Freire falou pouco com a imprensa em seu retorno, apenas apreciando o fato de estar de volta ao seu país natal. “Com alegria enorme a minha volta. Me vejo a mim mesmo e me vejo contente e feliz. Uma alegria quase menina”, disse.

Ele também afirmou que estava acompanhando o que estava acontecendo no Brasil “dentro do possível" e que via "a necessidade de minha presença, depois de 15 anos fora".

O pensador, no entanto, não fez nenhuma análise "em respeito ao povo, porque qualquer consideração da minha parte, aqui, agora, no aeroporto, seria um chute, sem base de verdade uma leviandade”.


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