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Matérias / Era Vitoriana

Amante do príncipe ou insana? Lady Mordaunt, a mulher que abalou a corte da rainha Vitória

Harriet afirmou que, além de outros homens, tinha um caso com Eduardo VII; no entanto, ela foi considerada louca e colocada em um hospício

Isabela Barreiros Publicado em 22/05/2020, às 07h00

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Harriet Mordaunt, a Lady Mordaunt - Wikimedia Commons
Harriet Mordaunt, a Lady Mordaunt - Wikimedia Commons

No dia 6 de dezembro de 1866, Lady Mordaunt e Sir Charles Mordaunt se casaram. Tanto a cerimônia e quanto a união pareciam bonitas. No começo, pareciam viver “mais felizes juntos”, segundo o Relatório do caso Mordaunt publicado no New York Times em março de 1875. Ela tinha apenas 18 anos, e ele era baronete inglês e membro do Parlamento.

Como parte de suas atividades na assembleia, Charles viajava muito. Atividades esportivas em eventos especiais também exigiam que o homem se ausentasse frequentemente de sua casa. Como consequência, Harriet ficava muito tempo sozinha em sua residência. Juntos dela, estavam apenas suas criadas e seus servos.

Pega no pulo

Por conta de uma viagem anual de pesca à Noruega, o baronete partiu junho de 1868. Ela ficara em casa, no Reino Unido, na companhia de uma de suas irmãs e outra dama. O que ela não esperava é que seu marido voltasse mais cedo — e sem avisar. Quando chegou, encontrou a mulher sozinha, sem nenhuma de suas acompanhantes e nem ao menos criadas.

Ele provavelmente percebeu que algo estava errado, mas como não encontrou ninguém além de Harriet na residência, não teve como acusa-la de adultério ou qualquer coisa parecida. Mas as jornadas longas e distantes do membro do Parlamento continuaram, e a mulher também permanecia sozinha.

A confissão

Lady Mordaunt / Crédito: Wikimedia Commons

Em 28 de fevereiro de 1869, Lady Mordaunt deu luz a uma menina, Violet Caroline, que nasceu prematuramente. Os médicos receavam que talvez ela nascesse cega, e Harriet imediatamente ficou exasperada pensando que esta seria uma consequência de uma doença hereditária transmitida sexualmente.

Mas Charles não tinha nenhuma. As datas nem ao menos batiam. O momento em que ela descobriu a gravidez nem ao menos coincidia com o período em que o marido estava na cidade. Foi então que ela declarou ao companheiro: "Charlie, eu te enganei; a criança não é sua; é de Lord Cole".

Como não tinha mais como salvar seu casamento, admitiu ainda o restante de seus amantes. Lord Cole, Sir Frederick Johnstone, alguns menos conhecidos, mas um muito famoso: o próprio Príncipe de Gales, filho da rainha Vitória e, mais tarde, rei Eduardo VII do Reino Unido.

Eduardo era casado com Alexandra da Dinamarca desde 1863 e segundo a biógrafa Georgina Battiscombe, autora do livro Queen Alexandra (Rainha Alexandra), de 1969, "o escândalo resultante foi imenso".

Caso Mordaunt

Alexandra e Eduardo no dia de seu casamento / Crédito: Wikimedia Commons

No dia 20 de abril de 1869, foi iniciado um processo legal de divórcio. Para isso, muitos servos e criadas foram convocados para testemunhar o que sabiam sobre os adultérios cometidos por Harriet.

Uma delas afirmou que a mulher havia sido visitada pelo visconde Cole, que mais tarde seria o quarto conde de Enniskillen, em Londres. Depois do jantar, ela disse ainda que ele "permaneceu sozinho com ela até uma hora muito tarde". Essa não foi a única vez que eles se encontraram na ausência de Charles: em outro momento, os dois ainda viajaram juntos de trem da estação de Paddington para Reading, e desceram de uma carruagem em que eles estavam sozinhos.

Outros servos também descreveram para o júri seus relatos sobre as ocasiões em que o Lorde Cole a visitava, e em que eles também permaneciam sozinhos. Ficou claro para o juiz de que se tratavam de relações extraconjugais. Faltava, porém, a explicação sobre outro caso da mulher: o com o Príncipe de Gales.

Ele foi convocado para a sessão e, durante seu testemunho, admitiu que a visitava enquanto seu marido estava fora. Mas afirmou que não se tratava de nenhuma "familiaridade imprópria" ou "ato criminoso". Charles encontrou diversas cartas do homem para sua esposa em sua escrivaninha. Não havia nenhum conteúdo impróprio nas correspondências e elas foram consideradas "cartas simples, fofocas e cotidianas". No entanto, elas se pareciam muito com as escritas, posteriormente, por ele para sua amante Alice Keppel.

Conspiração?

O caso, no entanto, não ficou somente como um divórcio devido a uma série de adultérios. A família de Lady Mordaunt começou a afirmar que ela estava louca. Para Charles, ela estava fingindo um transtorno mental para não ter que lidar claramente com as consequências de seus atos. Alexandra escreveu em seu diário que "uma comissão foi condenada a investigar e informar se Harriet Mordaunt está realmente louca".

O julgamento durou sete dias. Evidências coletadas pelo psiquiatra Thomas Harrington Tuke atestavam que ela estava sofrendo de "mania puerperal", uma condição causada possivelmente no pós-parto. Assim, ela foi condenada a um hospício.

No entanto, como envolvia a realeza, muitos passaram a pensar que se tratava de uma conspiração para taxar a mulher como louca e ignorar o caso extraconjugal do príncipe, que viria a se tornar rei. O jornal da época, o Reynold's News, questionou: porque o príncipe deveria "estar tão ansioso para fazer visitas semanais a uma jovem casada quando o marido estava ausente, se tudo era tão inocente?"


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