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Matérias / Personagem

Anocha Panjoy: a intensa saga da tailandesa que pode estar presa na Coreia do Norte há 40 anos

Após quase quatro décadas sem notícias, sua família encontrou esperanças em Charles Robert Jenkins, um desertor americano que deixou o país norte-coreano e afirmou conhecer Panjoy

Nicoli Raveli Publicado em 31/05/2020, às 10h00 - Atualizado às 11h30

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Anocha Panjoy, tailandesa supostamente sequestrada pela Coreia do Norte - Wikimedia Commons
Anocha Panjoy, tailandesa supostamente sequestrada pela Coreia do Norte - Wikimedia Commons

Anocha Panjoy teve uma vida difícil desde criança, já que perdeu sua mãe na metade do século 20. A perda, porém, não impediu que a garota e seu pai, Som Panjoy, tivessem uma vida tranquila na Tailândia.

Após cursar o colegial na vila de San Kamphaeng District, a jovem mudou-se para Bangkok e, posteriormente, para Macau, onde trabalhou em um hotel como massoterapeuta.

Naquele local, a rotina também parecia tranquila, ou pelo menos era o que todos pensavam nos dias anteriores a 21 de maio de 1978. Panjoy teve uma manhã como outra qualquer: deixou o seu apartamento e disse às amigas que iria a um salão de beleza conhecido na cidade.

A jovem tailandesa Anocha Panjoy / Crédito: Divulgação 

O desaparecimento de Anocha

Um desastre havia acontecido: ninguém conseguia encontrá-la. A partir de então, sua família saiu em uma busca implacável. Sem sucesso, Panjoy permaneceu desaparecida por 37 anos. Som era o que mais desejava a volta da garota, mas morreu três meses antes de receber qualquer informação sobre ela.

Foi então Charles Robert Jenkins apareceu em um programa televisivo. Lá, o desertor americano relatou que havia conhecido uma jovem tailandesa durante sua estadia em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, e apresentou uma foto da suposta raptada

Segundo ele, a garota afirmava havia sido sequestrada por um homem que dizia ser um turista japonês. O suspeito, nas palavras de Anocha, a levou para um barco, onde foi emboscada e levada para o país norte-coreano.

Não demorou que essas afirmações ganhassem mais visibilidade e chegassem até a família da sequestrada. Para isso, foram até a central de estação de televisão em Chiang Mai a fim de conseguir mais informações sobre o caso. 

Ao contar o que havia acontecido, os familiares de Anocha fizeram com que diversos jornalistas voltassem a dar atenção a Jenkins. Mas toda a visibilidade não parecia incomodar o país norte-americano.

Familiares segurando a foto de Anocha Panjoy / Crédito: Divulgação 

No programa televisivo, contou que a tailandesa havia sido sequestrada para ensinar seu idioma aos espiões da Coreia do Norte, sendo impedida de retornar ao seu país. Sem escolhas, a raptada decidiu construir uma vida naquelas terras.

Foi quando conheceu Larry Allen Abshier e casaram-se em 1980. O matrimônio, porém, não durou muito tempo, já que seu marido veio a falecer em 1983.

Anocha não se casou novamente até 1989, quando um empresário alemão — que trabalhava para o governo norte-americano —  ganhou seu coração. Mesmo desejando voltar para seu país a fim de reunir-se com sua família, foi obrigada a continuar em terras coreanas.

A esperança dos Panjoys

Ao saber que a tailandesa ainda estava viva, sua família pediu por sua libertação, mas não obtiveram sucesso. Kim Il-sung, o então governador, se recusava a libertá-la.

Na verdade, Pyongyang nunca admitiu que a sequestrou, e sim que haviam raptado 13 japoneses entre os anos de 1970 e 1980. Mas, ao investigar o caso, as autoridades de Tóquio descobriram que o país norte-coreano estava diretamente ligado a mais de 800 casos de desaparecimentos em diversos países.

Presidente Trump em reunião com famílias japonesas que tiveram seus entes queridos raptados pela Coreia do Norte / Crédito: Divulgação 

Os policiais acreditavam veemente que Anocha tinha sido uma dessas vítimas, além das mesmas alegações vindas de Tomoharu Ebihara, diretor geral da filial de Chiang Mai da Associação para o Resgate dos Abduzidos na Coréia do Norte.

Devido a isso, Banjong — irmão de Som — nunca deixou de buscar por sua tia e, em 2011, tinha esperanças de que ela poderia ser libertada, já que Kim Jong-un havia ascendido ao poder.

Inúmeras tentativas

Mais tarde, entretanto, percebeu que o jovem ditador era pior que seu pai. Dessa maneira, as últimas notícias que recebeu de Panjoy chegaram em 2014 a partir de uma organização não governamental sul-coreana.

Segundo Banjong, as informações alegavam que ela ainda estava viva e que residia em um subúrbio da capital da Coreia do Norte. Também em busca de respostas, o The Diplomat tentou manter contato com a embaixada norte-coreana em Bangkok. Toda vez que ligava, o homem que estava do outro lado da linha desligava o telefone rapidamente.

Charles Robert Jenkins, o desetor americano que levou contou a história de Anocha / Crédito: Divulgação 

O sobrinho de Anocha continua em uma constante luta — juntamente com o Ministério de Relações Exteriores da Tailândia — para trazê-la de volta para casa.

"A Coréia do Norte tem muito a responder por Anocha Panjoy, por sua família que exige sua volta todos esses anos e pelo governo tailandês e pelas pessoas a quem as autoridades norte-coreanas mentiram repetidamente ao longo dos anos", comentou Phil Robertson, vice-diretor da Human Rights Watch na Ásia.

Jenkins, o desertor americano que contou a história de Anocha na televisão, recebeu autorização para deixar a Coreia do Norte em 2004. A partir de então, passou a morar no Japão com sua esposa, onde escreveu o livro O Relutante Comunista, no qual aborda questões sobre sua estadia em Pyongyang e sobre a amizade com Panjoy.


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