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Matérias / Personagem

Anuradha Koirala, a mulher que salvou mais de 12 mil escravas sexuais

Vítima de uma relação abusiva, a nepalesa sempre soube que seu propósito na vida é cuidar de garotas que também sofreram diversos tipos de violência — assim, ela criou o Maiti Nepal

Pamela Malva Publicado em 17/10/2020, às 08h00

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Anuradha Koirala apresentando seu TED Talk - Divulgação/Youtube
Anuradha Koirala apresentando seu TED Talk - Divulgação/Youtube

Em 2010, dados do Departamento de Estado dos Estados Unidos sugeriam que 10 a 15 mil meninas do Nepal eram traficadas anualmente. Arrancadas de suas casas, muitas vezes por membros da própria família, elas eram exploradas sexualmente.

Esse é o terrível contexto em que centenas de meninas vivem até hoje. Geeta, por exemplo, tinha 9 anos quando foi vendida ao tráfico por um integrante de sua família. Nas mãos de criminosos, ela era obrigada a dormir com até 60 homens todos os dias.

Filha de camponeses, a garota nepalesa foi apenas uma das muitas vítimas do tráfico de crianças que abastece desde a prostituição, até o turismo sexual. No caso de Geeta, todavia, seu caminho felizmente se cruzou com a luta de Anuradha Koirala.

Anuradha Koirala conversando com uma garota / Crédito: Divulgação/Youtube

De um trauma

Durante grande parte de sua juventude, Anuradha Koirala trabalhou como professora de inglês em uma escola primária no Nepal. Naquela mesma época, enquanto ela inspirava crianças, a mulher sofria com um relacionamento violento e abusivo.

Foram as agressões sofridas nesse amor invertido que fizeram com que ela tomasse uma causa para si: Anuradha nunca mais permitiria que meninas sofressem com qualquer tipo de violência. Assim, ela criou o Maiti Nepal.

"Eu era espancada todos os dias. E então tive três abortos, que acho [que eram] por causa das agressões", ela contou à CNN, em 2010. "Foi muito difícil, porque eu não sabia para onde ir, com quem falar, como denunciar..."

Anuradha Koirala com o prêmio de heroína do ano de 2010, pela CNN / Crédito: Wikimedia Commons

Grito de socorro

Ao fim do relacionamento, Anuradha passou a usar seu pequeno salário para custear uma loja que oferecia emprego tanto para meninas abusadas, quanto para vítimas de violência. Não demorou até que a causa de expandisse para o combate ao tráfico sexual.

Hoje, já fazem mais de 25 anos que o Maiti Nepal (Casa de mãe, em tradução livre) salva meninas como Geeta das ruas. Aos 71 anos, Anuradha Koirala já resgatou e reabilitou mais de 12 mil vítimas do tráfico sexual e da prostituição infantil no Nepal.

Abraçando todos os casos que batem em sua porta, a instituição oferece moradia, tratamento médico, aconselhamento psicológico e jurídico, ações judiciais e processos criminais. Com incentivo da comunidade e diversas doações, tudo é gratuito.

Anuradha Koirala durante entrevista / Crédito: Divulgação/Youtube

Coração de mãe

Geeta, a menina traficada por um parente, tinha 14 anos quando foi resgatada por um policial e, logo em seguida, foi levada até Anuradha Koirala. Hoje, ela é uma das muitas educadoras do Maiti Nepal que ajuda a salvar diversas outras vítimas da violência.

Muito além de oferecer serviços, contudo, a instituição também entra em combate. Todos os dias, grupos do Maiti Nepal fazem uma patrulha na fronteira entre a Índia e o Nepal e, pessoalmente, resgatam cerca quatro garotas nepalesas do tráfico.

Dessa forma, o objetivo da instituição ultrapassa seus próprios limites o tempo todo. Anuradha e seus parceiros buscam salvar e reabilitar as meninas, mas também torná-las economicamente independentes, além de reintegrá-las na sociedade.

Anuradha Koirala guiando um grupo de ação do Maiti Nepal / Crédito: Divulgação/Youtube

Ajuda dos céus

Um dos maiores desafios, todavia, é tratar das garotas que, por culpa dos abusos e do tráfico, acabam contraído alguma doença sexualmente transmissível. Nesses casos, as jovens são marginalizadas por uma sociedade puramente preconceituosa.

É aí que o Maiti Nepal entra em ação, funcionando não apenas como um centro de acolhimento, mas também como uma família que nunca julga. "A parte mais difícil para mim é ver uma garota morrendo em uma [idade] que ela deveria estar brincando", lamentou Koirala, ainda à CNN. "Isso é o que me estimula a trabalhar mais."

Hoje, o Maiti Nepal resgata garotas do risco potencial de tráfico nas fronteiras entre Nepal, Índia e China. Orgulhosa, a fundadora do projeto afirma que, entre inúmeras de meninas resgatadas pela instituição, não existe qualquer caso de garotas que tenham voltado para as ruas. E ela planeja manter os números assim.


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