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Matérias / Personagem

127 horas de agonia: Aron Ralston, o alpinista que teve que amputar o próprio braço para sobreviver

Solitário e sem suprimentos, ele superou os limites humanos para contar sua angustiante história para o mundo

Fabio Previdelli Publicado em 05/03/2020, às 18h00

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Poster do filme 127 Horas (2010) - Divulgação/Fox Pictures
Poster do filme 127 Horas (2010) - Divulgação/Fox Pictures

Por seis dias, Aron Ralston se manteve vivo devido ao seu feroz autocontrole e sua convicção de que apenas um pensamento lógico poderia deixá-lo sobreviver. Mas a epifania em que o alpinista de 27 anos percebeu como poderia salvar sua vida só veio depois de um ataque explosivo de raiva.

Ralston estava escalando os estreitos desfiladeiros de Utah sozinho quando uma pedra de meia tonelada se soltou e caiu sobre seu braço direito. Ele havia se aventurado pelo deserto de Bluejohn Canyon carregando apenas uma pequena mochila com um litro de água, dois burritos e alguns pedaços de chocolate.

Fora isso, ele levava consigo uma câmera de vídeo e um fone de ouvidos, mas não carregava um celular — lá não havia sinal de nenhuma maneira. O erro mais fatal que ele cometeu foi não contar a ninguém aonde iria e o que faria por lá.

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Crédito: WIkimedia Commons

Durante alguns dias, ele sobreviveu com poucos goles de água e tentou, inutilmente, mover a rocha que o prendia. No terceiro dia, ele já não tinha mais suprimentos e, como ninguém havia lhe procurado, ele começou a pensar que teria que se salvar sozinho.

 Já em estado delirante, ele se viu forçado a amputar o próprio braço com uma pequena faca de seu kit barato de ferramentas úteis. Quando a faca penetrou sua pele, mas esbarrou em seus ossos sólidos, Aron já quase não nutria mais esperanças de sair bem sucedido da operação que salvaria sua vida.

Delirante, ele se entregou ao pior. Com suas ferramentas, ele esculpiu seu nome na parede do desfiladeiro, junto com sua data de nascimento e sua possível data de morte. Ainda, ele usou uma câmera de vídeo para gravar um vídeo de despedidas. Ele adormeceu logo em seguida.

Naquela noite, em meio a momentos de devaneios e desmaios, Ralston sonhou consigo mesmo, com apenas metade do braço direito, brincando com uma criança. Ao acordar, ele passou a crer que aquilo era um sinal de que ele sobreviveria e que teria uma família. Com uma determinação jamais vista, ele tinha certeza que contaria aquela história por muitos anos.

Do lampejo, surgiu uma ideia: ele não precisaria cortas seus ossos, mas poderia quebrá-los. Assim, passou a se atirar furiosamente contra a pedra até que, enfim, consegui se desvencilhar de seu membro. "Eu consegui primeiro quebrar o rádio e em alguns minutos depois quebrei o cúbito na área do pulso".

"Todos os desejos, alegrias e euforias de uma vida futura vieram à tona para mim", afirmou Ralston em entrevista coletiva. “Talvez seja assim que eu lidei com a dor. Fiquei tão feliz por estar agindo”.

Todo esse processo levou quase uma hora, período o qual Ralston perdeu 25% de seu volume sanguíneo. Cheio de adrenalina e pura vontade de viver, ele teve que se rastejar por um cânion e descer um precipício de 18 metros.

Canyon onde Ralston ficou aprisionado / Crédito: Wikimedia Commons

Fora de lá, ele ainda teria que caminhar por 10 quilômetros até chegar ao local onde estacionou seu carro. Quase no fim do percurso, ele encontrou uma família holandesa que caminhava pela região. Eles ofereceram a ele algumas bolachas e um pouco de água. Imediatamente, as autoridades locais foram alertadas.

Quatro horas depois, ele foi resgatado por uma equipe médica. Eles disseram que o aventureiro não poderia ter escolhido melhor momento para se soltar: se ele tivesse amputado seu braço mais cedo, ele teria sangrado até a morte. Se ele tivesse esperado, ele teria morrido no local. "Pode ser que eu nunca entenda completamente os aspectos espirituais do que eu vivenciei. A fonte do meu poder foram os pensamentos e as orações de muitas pessoas”.

Posteriormente, foi informado que uma equipe de resgate o procurou durante três dias, mas, segundo um dos membros da equipe, seria impossível localizá-lo a partir do helicóptero que foi utilizado na missão.

Após o resgate, o braço e a mão dele foram recuperados por guardas florestais. Foi necessária a mobilização de 13 oficias, além de um macaco hidráulico e um guincho para remover a pedra do local. O membro foi cremado e suas cinzas foram dadas ao sobrevivente. Seis meses depois, em seu 28º aniversário, Aron Ralston voltou ao local do acidente e espalhou as cinzas por lá.


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