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Matérias / Guerras

Como a árvore estimação do supremo líder da Coreia do Norte quase provocou uma guerra

Em 1976, a planta deixou exércitos das duas Coreias e dos Estados Unidos à flor da pele — e até a ONU precisou ser acionada

Thiago Lincolins e Pamela Malva Publicado em 05/01/2021, às 17h54

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Fotografia das tropas derrubando a árvore - Divulgação/Wayne Johnson
Fotografia das tropas derrubando a árvore - Divulgação/Wayne Johnson

Com o passar dos séculos, as muitas guerras da história da humanidade tiveram diferentes estopins. Desde a morte de Francisco Fernando antes da Primeira Guerra Mundial, até o Incidente do Golfo de Tonkin, na Guerra do Vietnã, não existe um motivo específico para que um conflito tenha seu pontapé inicial.

Existem, no entanto, aqueles desentendimentos causados por acontecimentos não tão políticos assim. Em agosto de 1976, por exemplo, uma árvore, a planta de estimação do supremo líder da Coreia do Norte, quase provocou uma guerra.

Acontece que, mesmo se tratando de um vegetal, a árvore era bastante especial para o orgulho dos norte-coreanos. Assim, sua quase derrubada fez com que os exércitos das duas Coreias dos Estados Unidos entrassem em uma batalha sangrenta.

Fotografia de Kim Il-Sung em 1950 / Crédito: Wikimedia Commons

Um jardim de orgulho

Às 7 horas do dia 21 de agosto de 1976, 23 veículos americanos e sul-coreanos chegaram, sem nenhum aviso formal, à Área de Segurança Conjunta, parte da Zona Desmilitarizada da Coreia. Era um movimento mais do que inusitado.

Estabelecida em 1953, após o fim da Guerra da Coreia, a Zona atuava como uma área tampão entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Foi criada como parte de um acordo entre a Coreia do Norte, a China e o Comando das Nações Unidas.

Foi naquela área que duas equipes compostas por oito engenheiros militares desceram dos automóveis. Suas armas eram apenas motosserras e machados. Seu alvo, diferente de tudo que estavam acostumados, era uma árvore. Uma missão de vingança: três dias antes, a planta fora responsável pela morte de dois soldados dos EUA.

Tropas em conflito por culpa da árvore / Crédito: Wikimedia Commons 

Um plano bem pensado

Nos dois lados da Zona Desmilitarizada da Coreia, que divide a península coreana pela metade, ainda hoje o clima é de constante tensão. Os exércitos estão sempre em prontidão. E foi assim que um álamo de 30 metros causou uma verdadeira tragédia.

A árvore bloqueava a linha de visão entre o posto de controle do Comando das Nações Unidas número 3 e o posto número 5. Como não conseguiam obter uma visão precisa do lado oposto, cinco membros do Corpo de Serviço Coreano, escoltados por 11 soldados americanos e sul-coreanos, foram instruídos a cortar os galhos da planta, em 18 de agosto. A missão foi liderada pelo comandante Arthur Bonifas e o tenente Mark Barrett.

Enquanto aparavam a madeira, 15 soldados norte-coreanos, comandados pelo tenente Pak Chul, decidiram intervir. Aos berros, Chul mandou os adversários pararem o ataque à planta. Explicou que a árvore era intocável, pois o próprio Grande Líder Kim Il-Sung a havia plantado pessoalmente e estava acompanhando o seu crescimento. Bonifas ignorou o apelo e ordenou que o ato fosse prosseguido.

Racunho do plano de derrubada da árvore / Crédito: Divulgação/Mike Bilbo

Gota de intolerância

Logo a seguir, um caminhão repleto de guardas norte-coreanos chegou ao local. Ignorado pela segunda vez, Pak ordenou: “Matem os bastardos!”. E o que se seguiu foi mais para filme de terror slasher que de guerra: Bonifas e Barrett foram atacados com os próprios instrumentos com que cortavam a árvore. Ambos sangraram até a morte.

O Comando das Nações Unidas colocou então em prática a Operação Paul Bunyan — nome dado em homenagem a um notório lenhador mítico no folclore dos Estados Unidos. O objetivo era um só: derrubar a árvore da discórdia.

Acompanhando os oito engenheiros militares, foram enviados 64 soldados armados da Forças Especiais da Coreia do Sul e sete helicópteros de ataque, em 21 de agosto de 1976. Soldados armados com mísseis e tanques esperavam um possível contra-ataque. Ao todo, a operação contava com 813 combatentes.

A Coreia do Norte chegou a enviar 200 guerreiros munidos de metralhadoras e fuzis. Mas decidiram engolir o orgulho diante da superioridade inimiga. Em 42 minutos, a planta de Kim Il-Sung estava no chão. O toco foi substituído por um monumento em 1987.


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