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Matérias / Estados Unidos

As personalidades de um trapaceiro: a bizarra saga do impostor Clark 'Rockfeller'

O homem teve diversas identidades ao longo dos anos, e construiu não só seu casamento, mas também sua vida profissional à base de mentiras

Ingredi Brunato Publicado em 09/01/2021, às 10h00

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Fotografia de Christian Gerhartsreiter, o impostor que se fingia de parente dos Rockefeller - Divulgação/ Joe Klamar
Fotografia de Christian Gerhartsreiter, o impostor que se fingia de parente dos Rockefeller - Divulgação/ Joe Klamar

O homem que mais tarde responderia pelo nome Clark Rockefeller, ostentando o título de parente distante da poderosa família norte-americana dos Rockefeller, começou sua vida com uma identidade muito diferente. 

Christian Gerhartsreiter havia nascido na Alemanha em 1961, todavia, não demorou muito para deixar seu país natal e iniciar uma insólita saga.

O jovem alemão chegou aos Estados Unidos aos 17 anos de idade como estudante de intercâmbio. Foi a partir daí que começou sua trajetória trapaceira, usando principalmente de seu carisma natural e habilidade de persuasão para conseguir o que queria. 

Para começar, a viagem de intercâmbio só foi permitida porque Christian disse que uma família norte-americana já havia topado recebê-lo por lá, porém isso não passava de invenção, segundo o All That Interesting. A despeito da mentira, o jovem de fato foi capaz de convencer outra família a aceitá-lo em sua casa no estado de Connecticut. 

Em seu novo lar, Gerhartsreiter alegou ter linhagem de aristocratas europeus. O passado nobre também justificaria o motivo pelo qual o rapaz não queria colaborar com as tarefas domésticas da residência, o que logo desgastou a relação com a família estadunidense. 

Quando foi forçado a deixar o local, Christian deveria voltar à Alemanha, todavia, logo arranjou uma maneira de evitar a deportação. Mudou de nome, respondendo agora por Christopher Chichester, e conseguiu para si um green card, isso é, foi capaz de conseguir um laço matrimonial entre um norte-americano e um estrangeiro que tem como interesse legalizar a permanência do companheiro no país. 

Então, Gerhartsreiter viajou para a Califórnia, onde mais uma vez conseguiu um abrigo para si através da persuasão. Assim, o alemão começou a viver com uma senhora idosa chamada Didi Sohus, dividindo não só do teto dela, mas também do seu dinheiro. 

Christian Gerhartsreiter em 1980 / Crédito: Divulgação/ Charley Project 

Crimes graves 

A vida relaxada que Christian tinha foi abalada com a chegada do filho de Didi. Era Jonathan, e sua esposa Linda, que rapidamente começaram a desconfiar que aquele rapaz não tinha boa índole. A suspeita veio, entre outras coisas, das roupas caras que o alemão estava usando - vestimentas que foram compradas pela senhora Sohus. 

Então, um dia, o casal desapareceu. Segundo o alemão relatou em tribunal, eles partiram em uma viagem de negócios urgente para a Europa. Todavia, ninguém nunca mais encontrou a dupla. O próprio Gerhartsreiter acabou trocando de residência, mudando de nome mais uma vez. 

O mais inquietante de tudo, é que sua próxima aparição, de volta em Connecticut, foi tentando vender o carro de Jonathan sem ter o registro adequado para tanto. Agora, autodenominando-se Christopher Crowe, o alemão ainda conseguiu um emprego como executivo numa corretora de imóveis. 

A contratação, entretanto, não durou. Isso porque o número do seguro social fornecido pelo homem era falso, pertencendo, na verdade, a um serial killer chamado David Berkowitz, que naquele período estava na prisão. 

O trapaceiro ainda conseguiu outros dois empregos com bons salários antes de decidir trocar de identidade novamente, logo após a descoberta de um cadáver que se pensava pertencer a Jonathan colocar a polícia em seu rastro. 

Última identidade 

Foi então que o impostor conheceu a bem-sucedida empresária Sandra Boss, para quem se apresentou como James Frederick Mills Clark Rockefeller, parente distante de uma das famílias mais ricas dos Estados Unidos. 

Sua identidade seria ferramenta útil para impressionar outros norte-americanos de classe alta. Essa mentira, aliada ao carisma, logo lhe conquistou o direito de frequentar espaços privilegiados. 

Boss, infelizmente, acabou se apaixonando por ele, e casando-se com o criminoso. Dez anos depois, os amigos e parentes da mulher afinal começaram a desconfiar das histórias que Clark Rockefeller contava sobre o 'passado', percebendo os furos da narrativa. 

O fato da relação do casal ter se tornado abusiva, com Gerhartsreiter exibindo um comportamento violento, contribuiu fortemente para Sandra descobrir com quem estava lidando. Ela contratou um investigador particular, e não demorou para a máscara de mentiras de seu marido cair. Ainda pior: o casal já tinha um filho.

Fotografia do criminoso em tribunal no ano de 2008 / Crédito: Divulgação/ Charley Project 

Os dois terminaram por se divorciar em 2006, com o alemão conseguindo um último acordo que o beneficiava: pagou 800 mil dólares para o tribunal concordar em parar de investigá-lo, aceitando ver sua filha apenas três vezes por ano. 

Dois anos depois, apenas três visitas anuais não foram o suficiente. Tomado pela fúria, sequestrou a menina. Felizmente, a situação se resolveu rapidamente, com as autoridades o capturando. 

No novo processo que se abriu contra o criminoso, os promotores foram além, conectando-o com o possível assassinato de Jonathan Sohus, e assim reconstruindo por completo a perturbadora cronologia de crimes e mentiras de Christian Gerhartsreiter.

As investigações revelaram que o criminoso esquartejou Jonathan com o uso de uma serra elétrica e enterrou o corpo no jardim da antiga residência (o cadáver só fora revelado após obras de uma piscina). 

A insana saga foi registrada na obra Blood Will Out, de Walter Kirn, que assistiu ao julgamento do trapaceiro. Quando o criminoso foi questionado sobre como conseguiu enganar a todos durante um longo período, apenas respondeu com as seguintes palavras: vaidade, vaidade, vaidade.

O caso teve um episódio definitivo no ano de 2013. Christian foi setenciado à prisão perpétua pelo crime que tirou a vida de Sohus. 


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