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Matérias / Estados Unidos

Ataque a Pearl Harbor: Patriotismo exacerbado costuma levar a coisas inaceitáveis

Na história dos Estados Unidos, a "febre patriótica" desencadeou diversas situações que, hoje, são consideradas absurdas

Redação Publicado em 07/12/2021, às 12h00

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Fotografia de Pearl Harbor durante o ataque japonês - Getty Images
Fotografia de Pearl Harbor durante o ataque japonês - Getty Images

“Nos primeiros meses após o ataque a Pearl Harbor, a febre patriótica estava em alta nos EUA. Milhões de jovens homens e mulheres alistaramse nas Forças Armadas. Um apelo por trabalhadores da defesa civil rendeu 12 milhões de voluntários e a população aceitou com certa docilidade o racionamento de comida e produtos essenciais. Vinte e cinco milhões compravam títulos do governo usados para financiar a guerra. Muitos acreditaram que era realmente uma guerra do povo”, descreveu Sean Purdy, em 'História dos Estados Unidos: Das Origens ao Século 21'.

No final dos anos 1930, após o New Deal de Roosevelt (o pacote de medidas econômicas e sociais para retirar o país da crise de 1929) e a recuperação parcial da economia, os Estados Unidos optaram por um isolacionismo. Com o trauma das perdas do envolvimento do país na Primeira Guerra Mundial, não era a intenção do governo entrar em outro conflito externo.

Contudo, os EUA auxiliaram os países aliados com envio de armas e mantimentos, ajudando no combate ao fascismo sem se envolver diretamente na guerra. Após o ataque de Pearl Harbor, não havia mais essa possibilidade, e o Congresso apoiou por unanimidade a declaração de guerra.

A população norte-americana, majoritariamente contrária à guerra antes do ataque, tornou-se favorável ao envolvimento da noite para o dia ao ver sua população sendo atacada, mesmo que, para a maioria dos americanos, o Havaí era então um território distante e pouco conhecido, povoado num passado longínquo pelos polinésios (o arquipélago só se tornaria um estado da União em 1959).

Navio norte-americano 'West Virginia' depois do ataque / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

A população, no geral, aceitou o racionamento de uma série de produtos, de comidas e combustíveis a roupas e outros acessórios, dentro do esforço de guerra. Houve melhores oportunidades para os afro-americanos que não foram convocados para combate. Muitos saíram do sul para trabalhar em cidades do norte ou do oeste, onde não havia segregação racial.

Houve ainda uma mudança na mentalidade do norteamericano médio com relação a temas como o racismo, o que desembocaria na declaração de inconstitucionalidade das Leis Jim Crow (leis que promoviam segregação racial), em 1954, embora alguns estados do sul continuassem a segregação, só a interrompendo em 1965, por causa das lutas pelos direitos civis.

Uma guerra do povo contra o fascismo, a favor da democracia e do bem-estar social. Já vimos esse filme. Mas tanto lá, como cá, o que gira a roda é a economia. Os Estados Unidos entraram na guerra principalmente por motivos econômicos, uma vez que, mesmo com os feitos do New Deal, o país não conseguia se recuperar totalmente da recessão dos anos 1930.

Após a Segunda Guerra, os EUA emergiram como a maior potência econômica do mundo, iniciando uma rivalidade com a União Soviética que duraria mais de 40 anos, a chamada Guerra Fria. Mas o patriotismo exacerbado costuma levar a coisas inaceitáveis. O sentimento antijaponês nos anos 1940 levou à existência de campos de prisioneiros na costa oeste norte-americana, onde ficaram detidos quase 120 mil nipo-americanos.

Existiam campos também para alemães e italianos que viviam no país, embora em menor número e com menos prisioneiros. Poucos anos após o fim da guerra, o sentimento anticomunismo levou ao macarthismo e à consequente caça às bruxas. Foi um período terrível para a democracia nos Estados Unidos.