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Matérias / Oriente Médio

Balanço: 20 dias de revoltas palestinas contra leis no Líbano

Desde 17 de Julho, pessoas estão tomando as ruas contra medidas que dificultam a vida de palestinos e sírios no país

Jânio de Oliveira Freime Publicado em 05/08/2019, às 11h00

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Crédito: Divulgação
Crédito: Divulgação

O Líbano é considerado pelo Mundo Árabe como o país da diversidade. No entanto, os últimos dias do país têm provado que esse título não passa de faixada. Atualmente, o Líbano passa por um momento conturbado que escancara os compromissos racistas dos grupos dirigentes do país mais ocidentalizado do Oriente Médio.

Desde o dia 17 de Julho, diversos refugiados palestinos têm tomado as ruas do país em protestos contra novos regulamentos do Ministério do Trabalho que limitam a mão-de-obra estrangeira e marginalizam refugiados de guerras nos países vizinhos. Desde 2001, o parlamento impede que palestinos tenham propriedade formal no Líbano.

Dentre as ações do governo, é possível citar a proibição de emissão dos vistos de trabalho para palestinos e sírios e invasões em lojas e fábricas para a repressão de estrangeiros em situação de irregularidade. Entidades palestinas pelo mundo denunciam razões raciais para esse tipo de atitude por parte dos libaneses.

De acordo com o Ministro do Trabalho libanês, Kamil Abu Sulieman, as medidas têm como objetivo reafirmar as leis trabalhistas que já existem no país e “combater o trabalho ilegal”, plano que “foi concebido há vários meses” e que “não tem como alvo os palestinos”. Entretanto, a população em desterro aponta ser o alvo, junto aos sírios fugidos da Guerra Civil.

“Pela abolição de medidas arbitrárias contra os trabalhadores palestinos”, diz cartaz de homem no protesto / Crédito: Reprodução

Isso porque o combate aos trabalhadores ilegais no Líbano aparece em benefício ao esforço de empurrar os assentamentos ilegais de refugiados sírios que tomam o país desde 2011, segundo da organização Ação contra a Fome.

A mesma instituição relembra que o Líbano não é signatário da Convenção dos Refugiados da ONU, impedindo que existam acampamentos oficiais para refugiados no país. Desde o início das revoltas, o Comitê de Defesa Libanês já derrubou mais de mil edifícios onde habitavam refugiados da ditadura de Assad em Arsal. Ou seja, seguindo plenamente as leis, o Líbano está transformando a realidade palestina em um verdadeiro Estado de Exceção.

A Ação contra a Fome já fez pedidos à União Europeia que se aumente as pressões diplomáticas contra as recentes medidas implantadas no país, ao mesmo tempo em que se faz necessário pensar em um contrabalanço entre o tratamento dado aos palestinos no Mundo Árabe, em comparação com o genocídio que ocorre com a ocupação israelense da Palestina nos dias atuais.

refugiados sírios em Arsal são obrigados a destruir suas pórpias casas / Crédito: Reprodução

Faz-se necessário, após 20 dias de revoltas populares dos trabalhadores palestinos e sírios contra as medidas racistas do parlamento libanês, que se perceba uma infeliz cegueira que os grupos pró-palestina têm forjado. Isso porque, no justo combate às práticas extremistas que Israel toma contra os palestinos originais no Levante, Gaza, Cisjordânia e Sinai, muitos grupos têm silenciado ou ignorado os maus tratos sofridos pelos palestinos em países de identidade árabe.

Isso vem fomentado a dicotomia burra entre árabes e judeus no barril de pólvora que se tornou o Oriente Médio desde a Segunda Guerra. Ou seja, complexas relações entre os povos da região são ignoradas e, ao mesmo tempo, são deixadas de lado as questões de cunho econômico relativas à exploração de grupos subalternizados na região.