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Matérias / Inglaterra

Bebedeira, gravidez e castigos físicos: o escândaloso convento de Littlemore Priory

O local que deveria ser destinado para práticas religiosas estava, no mínimo, longe do céu

Caio Tortamano Publicado em 21/05/2020, às 18h00

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Representação de um convento - Divulgação
Representação de um convento - Divulgação

Um priorado em Oxford, na Inglaterra, chamou atenção da comunidade religiosa de 1517, depois que alguns boatos no mínimo curiosos começaram a surgir sobre o que ocorria no local. De acordo com autoridades religiosas, as sete freiras que moravam no Priorado de Littlemore não estavam vivendo de acordo com as convenções cristãs que deveriam ser seguidas.

Depois que agentes do bispo de Lincoln, William Atwater, inspecionaram a casa e a rotina das mulheres, foi notado que as irmãs tinham grande dificuldade em jejuar e que a dieta consistia em carne todos os dias. Todavia, antes fosse somente problema com comida. Foi revelado que a prioresa Alice Wakeley convidava e recebia um monge cisterciense e uma segunda irmã para longas bebedeiras. Um verdadeiro escândalo para a época.

Investigações

Os encarregados de investigar a casa no ano de 1517 foram o comissário do bispo, Edmund Horde e o chanceler episcopal, Richard Roston. Logo de cara, Horde descobriu que a prioresa Katherine Wells havia simplesmente engravidado de Richard Hewes, um capelão do condado de Kent que realizava os sacramentos no convento de Littlemore.

O capelão visitava o priorado cerca de três vezes ao ano. Quando estavam juntos, viviam como casal. Katherine, interessada em dar um bom futuro a sua filha, desviava propriedades das outras freiras para dar de dotes a menina, garantindo assim o seu futuro.

Esse não foi o único caso de gravidez entre as irmãs. Antes do casal singular, Juliana Wynter teve um filho com John Wikesley, um professor de Oxford que era casado. Como se não bastasse a gravidez proibida, Katherine foi denunciada pelas freiras, que disseram que a prioresa era uma brutal disciplinadora. Isso porque sempre que o assunto do filho surgia, ela castigava as responsáveis pelo tema e as deixava isoladas no armazém onde estocavam alimentos.

Voto de pobreza

As investigações também revelaram que além das freiras cumprirem o voto de pobreza, era permitido que tivessem o necessário para viver dignamente. Porém, o priorado de Littlemore passava por uma severa crise financeira. Na época, a estrutura da casa delas era completamente debilitada pela falta de investimentos. Era Wells quem cuidava do dinheiro arrecadado com o aluguel de dependências para vizinhos, por exemplo.

Residência que sobou do priorado / Crédito: Wikimedia Commons

A má administração rendia em roupas péssimas e pouca comida. Na realidade, todas as posses do priorado tinham sido penhoradas pela dona do lugar, que era somado com o hábito de Katherine em confiscar o dinheiro das freiras. As vítimas diziam aos investigadores que toda essa quantia recolhida era distribuída para os familiares da mulher.

A falta de investimentos, somada ao mau-caratismo de Wells, culminaram em duas grandes deficiências fundamentais para a Instituição: ninguém se interessava em iniciar a vida religiosa naquele lugar nefasto, e nenhum investidor queria ser associado ao priorado.

Visita oficial

Um ano depois do primeiro "relatório", o próprio bispo Atwater visitou o lugar e pode conversar pessoalmente com Wells, que, para sua surpresa, conseguiu piorar o local. As freiras não obedeciam mais suas ordens, e toda repreensão que ela demonstrava era respondida com um pequeno motim pelas mulheres da casa, tornando inúteis as prisões no armazém, por exemplo.

Além disso, Katherine estava inconformada com a atitude pouco virtuosa de uma das freiras, Elizabeth Wynther, em trazer homens para seu próprio quarto. As mulheres agora passavam o tempo jogando, rindo alto e batendo papo.

Claro que todas essas acusações não deixaram de ser rebatidas pelas freiras, que afirmaram ser impossível morar na casa, como a prioresa tinha vendido toda a lenha, ficava absurdamente frio, e Katherine passava cada vez mais tempo com o seu “marido” Hewes, que ficou por lá cerca de cinco meses. 

Confissão

Meses depois da visita, Katherine Wells foi chamada à corte de Lincoln pelo bispo para se defender das acusações de imoralidade e incontinência. Em um primeiro momento, a irmã negou tudo, mas devido às fortes evidências que Atwater havia presenciado, não teve o que fazer senão confessar tudo. 

Como punição, a mulher foi desligada de suas obrigações como prioresa, e também se obrigou a abandonar a vida religiosa, de maneira gradual, até que uma substituta fosse encontrada.

O terreno do priorado de Littlemore foi destinado a construção de uma escola, deixando para trás o passado pouco religioso, como parte de um projeto do cardinal Wolsey para reviver o respeito e influência católica no país.

Cardinal Wolsey / Crédito: Wikimedia Commons

Não fora documentado o destino do lugar profano após a visita do bispo. Esse foi um dos casos mais ilustrativos do momento decadente que a Igreja vivia na Inglaterra, especialmente pela falta de rigor e excesso nas punições como forma educacional. 


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