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Matérias / Afeganistão

Biometria: uma arma poderosa nas mãos do Talibã

O grupo radical retomou o poder no Afeganistão 20 anos depois

Vivaldo José Breternitz Publicado em 23/08/2021, às 11h40

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Grupo radical retomou o poder após 20 anos - Getty Images
Grupo radical retomou o poder após 20 anos - Getty Images

A biometria é a base da tecnologia de reconhecimento facial, comumente usada para tarefas diárias como desbloquear telefones, abrir portas e marcar amigos nas redes sociais, mas também usada por forças de segurança para identificação de suspeitos ou procurados.

Nos últimos dias, no Afeganistão, o Talibã teria apreendido dispositivos biométricos usados ​​pelos militares americanos que poderiam ajudar a identificar cidadãos afegãos que trabalharam para as forças da coalizão, levantando preocupações no sentido de que o grupo possa obter informações que permitam perseguir essas pessoas.

Os dispositivos, conhecidos como HIIDE (Handheld Interagency Identity Detection Equipment), armazenam informações relativas a varreduras da íris, impressões digitais e dados pessoais, podendo também ser usados ​​para acessar um amplo banco de dados centralizado.

Os HIIDE têm desempenhado um papel fundamental na guerra contra o terrorismo, tendo ajudado a identificar Osama bin Laden durante a operação que o matou em 2011 no seu esconderijo paquistanês. No Afeganistão, foram usados para coletar dados biométricos de 80% da população afegã, ou cerca de 25 milhões de pessoas, até o início deste ano.

Mais de 300 mil civis afegãos prestaram serviços às forças da coalizão nas últimas duas décadas, de acordo com o Comitê Internacional de Resgate. Como a retirada militar desencadeou o caos no país, apesar de 2 mil terem sido evacuados para os Estados Unidos, milhares de outros permanecem no Afeganistão; é quase certo que, pessoas que trabalharam para a coalização como tradutores, motoristas, intérpretes e em outras funções, bem como seus familiares, venham a sofrer violências se o Talibã conseguir identificá-los.

Em 2019, o governo chinês usou um software de reconhecimento facial para rastrear e controlar 11 milhões de uigures, uma minoria quase totalmente muçulmana que vive no país. Utilizando uma ampla rede de câmeras de vigilância, a tecnologia identificou uigures com base em sua aparência, monitorou seus movimentos e colocou mais de um milhão deles e pessoas de outras minorias em campos de detenção situados na região de Xinjiang, no noroeste da China .

O reconhecimento facial é uma tecnologia que pode ser extremamente útil, mas que precisa ser utilizada com extremo cuidado.


Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.


Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie

A Universidade Presbiteriana Mackenzie está na 103º posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.

Em 2021, serão comemorados os 150 anos da instituição no Brasil. Ao longo deste período, a instituição manteve-se fiel aos valores confessionais vinculados à sua origem na Igreja Presbiteriana do Brasil.