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Matérias / Arqueologia

A bolsa que revelou algo surpreendente sobre os antigos indígenas americanos

Um estudo publicado em 2019 apresentou descobertas realizadas na Bolívia

Redação Publicado em 29/05/2021, às 09h00 - Atualizado em 06/05/2022, às 08h00

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Objetos utilizados pelos nativos americanos para consumo de drogas - Divulgação/Juan Albarracín-Jordan e José M. Capriles
Objetos utilizados pelos nativos americanos para consumo de drogas - Divulgação/Juan Albarracín-Jordan e José M. Capriles

A Caverna do Chileno, que fica na província de Sur Lípez, na Bolívia, serviu como local de descanso para o membro de um povo da região há cerca de mil anos. No entanto, tempos depois, a sepultura foi profanada e o corpo desapareceu, ficando para trás uma série de objetos armazenados em uma bolsa feita de couro.

A descoberta, apresentada ao mundo no ano de 2019, se mostrou de enorme importância para a arqueologia, uma vez que os artefatos encontrados dentro dela podem fornecer preciosas informações sobre a vida e a cultura dos antigos nativos americanos.

Uma impressionante descoberta

Entre os artefatos encontrados, estavam, segundo o El País, duas estruturas retangulares entalhadas em madeira que serviriam para inalar substâncias, um tubo para aspirar, além de duas espátulas fabricadas a partir de osso de lhama. Também havia um cinto para a cabeça, pedaços de plantas secas e uma pequena bolsa feita de ossos de raposa.

Vista da Caverna do Chileno / Crédito: Divulgação: Juan V. Albarracín-Jordan e José M. Capriles

Análise química

A partir das análises desses artefatos, cujos resultados foram na revista PNAS, os especialistas descobriram que, naquela época, já havia, entre aquelas culturas, o conhecimento da ayahuasca. Eles notaram a presença de substâncias utilizadas no preparo da bebida psicotrópica tradicional dos povos amazônicos.

As análises ainda mostraram a existência de restos de cocaína e benzoilecgonina, além de traços de bufotenina, um alucinógeno preparado a partir das sementes da árvore Anadenanthera colubrina.

Indígenas da Amazônia brasileira / Crédito: Getty Images

Plantas de outra localidade

Conforme explicou o pesquisador da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA) e autor principal do trabalho José Capriles, “quase todas as plantas com as quais a ayahuasca é elaborada são tropicais e de qualquer maneira era preciso percorrer centenas de quilômetros para ter acesso a elas”.

O especialista ainda considera que o consumo dessas drogas traria prestígio social àquelas pessoas, uma vez que "seria um sinal da capacidade de mobilização em longa distância e de se ter a riqueza e os contatos necessários para a obtenção desses produtos de origem tão longínqua". 

Segundo o El País, alguns estudiosos relacionaram os objetos encontrados com um sistema de rituais e costumes que tinha como principal objetivo expandir a si próprio a outras regiões.

As pessoas que eram especialistas nesses rituais deveriam ser figuras importantes na época e que, por meio das substâncias, poderiam se comunicar com divindades e, até mesmo, se transformar em animais.

Sur Lípez, na Bolívia / Crédito: Wikimedia Commons/Pavel Spindler

De ondem vem o conhecimento das plantas?

Santiago López-Pavillard, autor do livro Chamanes, ayahuasca y sanación (Xamãs, ayahuasca e cura), acredita que as amostras de plantas encontradas na Bolívia podem ser provenientes da bacia alta do Orinoco, região do sul da Venezuela.

Segundo ele, “para entender como se adquire esse conhecimento das plantas é preciso assumir a existência de uma etnociência de tipo animista, de onde nasce a expressão de 'planta mestra'”.

“As pessoas aprendem as propriedades das plantas fazendo uso delas e são as próprias plantas que ensinam aos seres humanos suas propriedades e com quais outras plantas podem ser combinadas. Esse é o procedimento utilizado na selva amazônica hoje em dia pelos que desejam se tornar xamãs”, explica López-Pavillard.


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