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Matérias / Estados Unidos

Bush x Al Gore: Em 2000, eleições dos Estados Unidos tiveram recontagem dos votos

Ao contrário de agora, o cenário é completamente diferente. Relembre o caso!

Fabio Previdelli Publicado em 09/11/2020, às 16h53

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Geroge W. Bush e Al Gore - Wikimedia Commons
Geroge W. Bush e Al Gore - Wikimedia Commons

No último sábado, 7, após mais de quatro dias de apuração, as projeções da disputa presidencial americana finalmente apontaram o candidato democrata Joe Biden como o novo presidente dos Estados Unidos. Com mais de 74 milhões de votos, Biden se tornou não só o candidato mais votado da história do país como o mais velho a assumir a Casa Branca.  

Batendo a marca dos 270 colégios eleitorais, o democrata venceu uma das eleições mais polarizadas do país. Mas, pelo menos para Donald Trump, o resultado ainda está longe de ser o definitivo. Indicando desde sempre uma possível fraude na votação, sem citar uma prova concreta, Trump disse que não vai aceitar a decisão e pedirá a recontagem de votos em alguns estados.  

Joe Biden, o novo presidente dos Estados Unidos / Crédito: Wikimedia Commons

Apesar de ser visto por muitos com uma fama de mau perdedor, o republicano ainda conta com grande apoio popular, que foi responsável por diversos protestos enquanto a apuração acontecia. Muitos trumpistas, por exemplo, se apegam na bagunça eleitoral ocorrida nas eleições de 2000, entre Al Gore e George W. Bush, para manter acessas as esperanças da reeleição. No entanto, ao contrário de agora, o cenário é completamente diferente. Relembre o caso: 

As eleições de 2000

Em novembro de 2000, os norte-americanos iam às urnas para eleger seu 43º presidente. De um lado, estava o democrata Al Gore, que havia sido vice-presidente duas vezes ao lado de Bill Clinton. Do outro, estava o republicano George W. Bush, Governador do Texas e filho do ex-presidente George H. W. Bush.  

Tirando a Flórida e o Tennessee — Estado natal de Al Gore —, Bush havia vencido em todos os Estados sulistas por uma margem considerável dos votos. Além destes, o republicano também ganhou os votos dos colégios eleitorais de Ohio, Indiana e na maior parte dos estados rurais e do Centro-Oeste do país. 

Al Gore venceu no nordeste americano, com exceção de New Hampshire — onde Bush venceu por pouco —, nos Estados rurais da região Centro-Oeste Superior, todos os Estados da Costa do Pacífico (como Washington, Oregon e Califórnia), e também no Havaí.  

Al Gore durante evento quando ele era vice-presidente dos Estados Unidos — Foto: Biblioteca do Congresso dos EUA

Apesar de Estados menores divulgarem suas escolhas, o foco daquele ano passou a ser a Flórida, que daria 25 votos eleitorais e decidiria o próximo presidente, afinal, Bush tinha 246 votos eleitorais e Al Gore liderava com 255.  

A projeção e as reviravoltas 

Por volta das 10h50 da manhã, 10 minutos antes do fechamento das urnas na Flórida, algumas redes de televisão declararam Al Gore como o vencedor dos 25 votos eleitorais. A métrica foi baseada na previsão e sondagens com eleitores. Porém, quando a contagem de votos começou, Bush assumiu a liderança do Estado desde cedo.  

Às 22 horas locais, as redes de comunicação já haviam colocado a Flórida na coluna de Estados indefinidos. Por volta das 2h30 da manhã, quando 85% das urnas já haviam sido apuradas, Bush liderava com uma vantagem de cerca de 100 mil votos. Portanto, naquele momento, ele foi declarado eleito presidente dos EUA. Assim, na madrugada do dia 8 de novembro, Al Gore ligou para o republicano para reconhecer sua derrota — uma prática comum dentro da democracia norte-americana.  

Porém, a maioria dos votos restantes foram localizados em três condados (Broward, Miami-Dade e Palm Beach) declaradamente democratas. Conforme os votos foram sendo computados, a margem de diferença caiu para 2.000 votos. Isso fez com que o Estado voltasse para a coluna de indecisos. 

Após reconhecer a derrota, Al Gore voltou atrás. “As circunstâncias mudaram drasticamente desde que liguei para você. A Flórida está numa contagem muito apertada para se saber o vencedor”, disse o democrata à Bush em uma nova ligação, segundo revelou a revista Vanity Fair.  

"Você está dizendo o que eu acho que está dizendo? Você está ligando de volta para retirar sua concessão?", questionou Bush. “Não precisa ser ríspido”, retrucou Al Gore. Bush então respondeu que seu irmão Jeb, governador da Flórida, havia declarado sua vitória no Estado. "Seu irmão mais novo não é a autoridade final sobre isso", disse o democrata. 

O resultado final havia sido favorável ao republicano por uma vantagem de 537 votos. Haveria recontagem.  

O problema das cédulas borboleta 

Nos Estados Unidos, cada região define como será a votação, desde urnas e votos por correio até a diagramação das cédulas. Na Flórida, por exemplo, a cédula adotada foi a chamada borboleta, que tem uma ordem mais confusa, não deixando claro onde o eleitor deve votar (entenda mais na figura abaixo). 

Cédulas borboleta / Crédito: Wikimedia Commons

Isso fez com que alguns eleitores de Al Gore votassem em um terceiro candidato por uma simples confusão. Assim, o democrata pediu para que houvesse uma contagem manual em quatro condados: Broward, Miami Dade, Palm Beach e Volusia 

Remake the count 

A medida fez com que os dois partidos entrassem na Justiça enquanto os votos eram recontados. Assim, a Secretária de Estado da Flórida, Katherine Harris, disse que não aceitaria as revisões se as mesmas não fossem entregues até o dia 14 de novembro daquele ano — prazo regulamentar para a alteração de resultados. Entretanto, a data seria apenas quatro dias após o pedido, o que seria inviável devido a quantidade de votos.  

Com isso, a Suprema Corte da Flórida estendeu essa data até o dia 26 daquele mesmo mês. Mesmo assim, apenas dois dos quatro condados conseguiram cumprir o prazo; outro entregou os resultados com duas horas de atraso e Miami desistiu no meio do processo. No dia final do prazo, o conselho de prospecção do estado confirmou que Bush havia vencido no Estado por 537 votos.  

Al Gore contestou os resultados e pediu uma nova contagem manual de mais de 70 mil votos. A Suprema Corte da Flórida acatou o pedido. Passados 36 dias de escrutínio sobre a votação da Flórida, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu por 7 votos a 2 de que não haveria uma recontagem.  

Segundo o órgão, a análise dos votos violava uma cláusula de emenda à Constituição, o que tornava o pedido inconstitucional. Assim, a decisão da Suprema Corte foi uma decisão não assinada ou “Per curiam”, ou seja, “limitada às circunstâncias atuais” e que não poderia ser usada como precedente.  

Mapa final das eleições de 2000 / Crédito: Wikimedia Commons

Bush venceu as eleições com 271 delegados, contra 266 de Al Gore, apesar de o democrata ter tido 48,8% dos votos contra 47,9% de Bush. Al Gore, então, ligou de novo para Bush, em 13 de dezembro. “Há momentos eu falei com George W. Bush e o parabenizei por se tornar o 43º presidente dos EUA. E prometi a ele que dessa vez não ligaria de volta [se referindo a ligação anterior]”. Mesmo não concordando com o resultado da Suprema Corte, o democrata disse acatar a decisão. 


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