As ruínas de uma construção do final da Idade Média surpreendeu os arqueólogos e revelou um passado desconhecido de Malta
Alana Sousa Publicado em 27/06/2021, às 08h00
Em um vilarejo em Malta, uma igreja do século 17, datada do ano 1650, sempre atraiu os fiéis. A construção é um marco para o país e simboliza o passado religioso do local. Assim, mesmo quando o templo começou a ruir, os devotos continuaram a fazer suas preces.
A igreja Madonna Tal-Ħniena (Nossa Senhora da Misericórdia, em tradução para o português) se encontra na região de Qrendi, marcada pela forte presença da religião. Ainda que tenha sofrido bastante com depredações naturais, o local ainda abriga importantes artefatos e pinturas valiosas.
Com diversos quadros de santos e de Maria, a tela com maior destaque é ‘Awżiljaturi’ (ajudantes em tradução). Nela, há a representação dos 14 santos mais invocados pelos malteses.
Na crença regional, as figuras ofereceriam auxílio em questões como naufrágios e ainda a cura de enfermidades. A importância da igreja é imensurável, por conta disso, a Superintendência de Patrimônio Cultural de Malta em uma parceria com a Diretoria de Restauração do país, decidiu fazer uma análise arqueológica na área — mas não podia imaginar o que iria encontrar.
A equipe de arqueólogos começou a trabalhar na igreja em maio de 2021, não se sabia ao certo o que descobririam por lá. Entretanto, ao retirar os ladrilhos da igreja Nossa Senhora da Misericórdia, uma estrutura desconhecida surpreendeu os pesquisadores.
Embaixo da construção de mais de 300 anos, paredes já gastas indicavam que ali existia um edifício que fora utilizado há muito tempo. A magnitude da descoberta foi aumentando conforme os arqueólogos continuaram a escavar.
Ao revelar grande parte das paredes e fundações antigas, uma capela medieval foi encontrada. A equipe de especialistas estimou que a construção antecede o ano de 1500 e pode ser descrito como pertencente da Idade Média tardia.
"A remoção dos ladrilhos existentes e as camadas de preparação subjacentes levaram à descoberta de paredes que definiam uma estrutura mais antiga, que havia sobrevivido dentro do espaço fechado da nova igreja barroca", disse a Superintendência de Patrimônio Cultural de Malta em comunicado público.
A equipe ainda acrescentou que “as informações preliminares indicam que a nova igreja barroca foi de fato construída por cima de uma capela mais antiga e mais pequena (pré-1500 / Idade Média tardia)”.
Embora esteja em ruínas, os arqueólogos acreditam que depósitos encontrados sob as fundações da capela podem indicar que ela seja mais antiga do que se imagina. Todavia, detalhes mais específicos só serão alcançados com estudos minuciosos e escavações mais longas.
“Nos próximos meses, a Superintendência embarcará na fase de pós-escavação desta investigação que incluirá o estudo das evidências, o que auxiliará no entendimento da datação da capela mais antiga e do uso anterior do local antes da capela ser construída”, finalizou as autoridades locais. A esperança é que mais descobertas revelem segredos do passado de Malta.
