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Matérias / Personagem

A carta do jovem Fidel para Roosevelt

Com 12 anos de idade, Fidel Castro enviou uma carta a Franklin D. Roosevelt pedindo 10 dólares. Confira o conteúdo deste bilhete!

Joseane Pereira Publicado em 20/08/2019, às 08h00

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Reprodução
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Uma das formas de se entrar em contato com presidentes da república é por meio de cartas, prática adotada por muitos cidadãos antes da propagação de tecnologias online. Se o presidente irá responder, já é outra história.

Mas no caso da carta enviada pelo jovem Fidel Castro a Franklin D. Roosevelt, que governou o país entre 1933 e 1945, o garoto foi respondido: com um pedido de desculpas do governo americano por não ter enviado os 10 dólares solicitados. "Se eles tivessem me enviado o dinheiro, eu não teria dado tantas dores de cabeça aos Estados Unidos", afirmou o Chefe de Estado cubano tempos depois.

Confira o conteúdo desta simpática carta:

Crédito: Reprodução

"Santiago de Cuba

Nov. 6, 1940

Mr. Franklin Roosevelt, Presidente dos Estados Unidos

Meu bom amigo Roosevelt. Eu não sei muito inglês, mas eu sei o tanto para escrever a você. Eu gosto de escutar a rádio, e eu estou muito feliz porque eu ouvi lá que você vai ser presidente por um novo período. Eu tenho doze anos de idade. Eu sou um garoto mas eu penso muito embora eu não pense que estou escrevendo para o Presidente dos Estados Unidos.

So você quiser, me dê uma nota verde de dez dólares americanos na carta, porque eu nunca vi uma nota verde de dez dólares americanos e eu gostaria de ter uma delas. Meu endereço é: Sr. Fidel Castro, Colégio de Dolores, Santiago de Cuba - Oriente, Cuba.

Eu não sei muito inglês mas eu sei bastante espanhol, e eu suponho que você não saiba muito espanhol mas saiba muito inglês porque você é americano mas eu não sou americano.

Muito obrigado, tchau.

Seu amigo, Fidel Castro

Se você quiser ferros para fazer barcos eu vou te mostrar o maior ferro da terra. Eles estão em Mayarí, Oriente, Cuba."

Escrita em 1940, a carta - que contém vários erros de inglês - permaneceu desconhecida por três décadas, sendo encontrada em 1977 por especialistas da Administração Nacional de Arquivos e Registros, dentre eles o jornalista norte-americano Henry Raymont.

F. D. Roosevelt / Crédito: Reprodução

Segundo Raymont, o governo de Roosevelt teria sido a época dourada nas relações entre EUA e América Latina, nunca mais reinstaurada após a Guerra Fria - política de boa vizinhança protagonizada no Brasil pelas relações entre Getúlio Vargas e o governo norte-americano.

Apesar de ter 14 anos na época (Castro nasceu em 1926), o futuro líder cubano afirmou textualmente ter 12 anos, algo não compreendido pelos historiadores. E a Casa Branca, que tem um departamento especial para tratar das cartas enviadas ao presidente, diz ser muito provável que Fidel tenha recebido uma resposta padrão.

Satisfeito ou não, aquele garoto que tratava o então presidente dos EUA como um amigo se tornou uma das maiores pedras no sapato do governo norte-americano, com sua guerrilha combatendo o ditador cubano Fulgêncio Batista em 1959 e transformando a Ilha de um paraíso dos prazeres sob controle americano em uma república de cunho socialista que erradicou o analfabetismo. A Carta do revolucionário cubano agora se encontra nos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos.

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