A Bala de Ouro, de Pedro Calmon, foi escrito baseado na história do assassinato de Júlia Fetal, em 1847
Daniela Bazi Publicado em 05/12/2019, às 11h31
Em 1847, um crime que chocou a Bahia envolveu duas famílias da alta sociedade da época. O jovem José Estanislau da Silva Lisboa, transtornado com a rejeição de sua noiva Julia Fetal, invadiu a residência da jovem e a atacou com um tiro no meio do peito, que acertou seu coração.
Segundo o legista responsável pelo caso, a bala extraída do cadáver de Júlia era feita de ouro, e não de chumbo como de costume, e que teria sido supostamente fabricada com o metal derretido da antiga aliança do casal. A garota recebeu honras póstumas após o crime.
José Lisboa acabou preso e condenado a 14 anos de prisão. Mesmo tendo a chance de diminuir sua pena após receber indulto do Imperador Dom Pedro II, devido a seus serviços voluntários prestados durante a epidemia de 1855, rejeitou a proposta por não se julgar merecedor, e cumpriu sua pena normalmente.
Após sair da prisão, José conseguiu facilmente se reintegrar a sociedade e tornou-se professor. No ano de 1876, publicou um livro de geografia didático, chamado Atlas Elementar, que foi adotado pelo governo para a utilização em escolas, e continha 18 mapas em cores e 60 vistas de monumentos do mundo.
José Lisboa morreu 30 anos após o crime, com idade entre 52 e 55 anos. Os restos mortais de Júlia Fetal se encontram em uma urna, perto do altar principal da Igreja da Graça.
O caso recebeu tanta notoriedade que acabou servindo de inspiração para o romance A Bala de Ouro, de Pedro Calmon. Entretanto, muitas pessoas que viram o projétil no tempo em que ficou exposto no Museu Feminino da Bahia, afirmam que o mesmo não era feito de ouro como divulgado, e sim de chumbo como qualquer outro.
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