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Matérias / Crimes

Infância interrompida: Relembre o caso Isabella Nardoni

O crime de 2008 será resgatado em nova produção documental da plataforma de streaming Netflix

Pamela Malva Publicado em 08/04/2021, às 19h00 - Atualizado em 01/08/2023, às 11h38

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Isabella Nardoni, de 5 anos - Wikimedia Commons
Isabella Nardoni, de 5 anos - Wikimedia Commons

A plataforma de streaming Netflix anunciou nesta terça-feira, 1, o trailer de sua nova produção documental. Se trata de 'Isabella: o caso Nardoni', que resgata o desenrolar de um dos crimes que abalaram o país em 2008. 

"Um crime que chocou o Brasil e nunca será esquecido. Isabella: o Caso Nardoni, meu novo documentário, chega dia 17 de agosto", escreveu a plataforma de streaming através do Twitter.

Isabella Nardoni vivia entre duas casas: a da mãe, Ana Carolina Cunha, e do pai. Dona de um sorriso encantador, a menina de 5 anos estava passando mais um final de semana com Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, no dia 29 março de 2008.

Era em um apartamento no Edifício London, na Zona Norte de São Paulo, que o casal vivia com seus outros dois filhos, irmãos mais novos de Isabella por parte de pai. E foi do mesmo prédio que a polícia foi acionada, na madrugada daquele mesmo dia.

No telefonema, os oficiais foram avisados de um suposto roubo, cujo responsável teria atirado uma garota do sexto andar do prédio. Ao chegarem no local, os oficiais encontraram Isabella estirada no gramado e, ao seu lado, Alexandre parecia inconsolável. A menina foi levada ao hospital infantil, mas morreu no caminho.

Isabella com a mãe, Ana Carolina Cunha / Crédito: Divulgação/Youtube

Início das investigações

De volta ao edifício, os investigadores perguntaram à Alexandre e Anna Carolina o que teria acontecido. Em seu primeiro testemunho, o casal, que não chamou a polícia em nenhum momento, confirmou a versão de que um assaltante teria matado Isabella.

Guiados até a delegacia, os dois responsáveis pela menina foram interrogados por cerca de 24 horas. Segundo o casal, ao voltarem de um compromisso, Alexandre teria subido com Isabella no colo, enquanto Anna Carolina esperava na garagem com os dois meninos. Em seguida, o pai teria retornado ao carro, para pegar mais uma das crianças.

Quando chegaram ao apartamento, no entanto, encontraram a porta aberta e a tela de proteção do quarto dos pequenos cortada. Do lado de fora, seis andares abaixo deles, Isabella jazia no gramado. Ainda em depoimento, o casal apontou alguns suspeitos.

De acordo com Alexandre e Anna Carolina, cerca de 23 pessoas, entre funcionários e conhecidos, poderiam ter machucado Isabella. Todos foram interrogados, mas nenhum foi considerado suspeito. Logo em seguida, a hipótese de que a menina teria cortado a rede foi descartada, já que os fios resistentes demais para uma criança de cinco anos.

Mistérios e perguntas

Durante as investigações, os testemunhos do casal começaram a contar com diversas incoerências, enquanto ambos em desmentidos por vizinhos e registros telefônicos. Foi descoberto, inclusive, que Alexandre e Anna Carolina tinham brigas constantes, como informou o promotor Francisco Cembranelli em entrevista coletiva de 2008, segundo o G1.

Mais e mais pistas foram aparecendo: a casa não tinha sinais de arrombamento, o apartamento estava muito bagunçado, não existiam sinais de luta corporal e a polícia encontrou pingos de sangue de Isabella logo na entrada da sala, também como repercutido pelo G1. 

Resquícios do sangue tamém foram encontrados no carro da família. Durante a autópsia, legistas determinaram que a pequena foi asfixiada antes mesmo de ser jogada pela janela e identificaram um corte em sua testa — a fonte das gotas de sangue.

Isabella com a madrasta, Anna Carolina Jatobá / Crédito: Divulgação/Youtube

Outro caminho

A partir das pistas e dos depoimentos, então, os investigadores reconstruíram o que teria acontecido naquela noite. No final, determinou-se que, entre o desligamento do motor do carro e a queda da menina, 12 minutos se passaram — sendo que a versão dada por Alexandre e Anna Carolina somava 19 minutos, um período pouco provável.

Segundo os policiais, a ferida na testa de Isabella foi causada por Anna Carolina, ainda dentro do carro. Ao chegar no prédio, Alexandre levou a menina até o apartamento, acompanhado da esposa e dos dois filhos ainda dormindo, e atirou Isabella no chão. A pequena tentou se proteger da queda e fraturou o braço.

De acordo com a investigação, ela ficou alguns minutos acordada, encostada no sofá, até que Anna Carolina Jatobá agarrou Isabella mais uma vez e a asfixiou. Enquanto isso, Alexandre foi até a janela do quarto dos filhos e cortou a rede de proteção com uma tesoura. Ele, então, ergueu filha já desacordada e atirou seu corpo pela janela, soltando uma mão de cada vez.

Isabella sorridente em uma das fotos da família / Crédito: Wikimedia Commons

Fim da linha

No dia 3 de abril de 2008, depois de uma cobertura incessante da mídia, o casal foi preso preventivamente. No dia 18, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram indiciados pelo homicídio de Isabella. Pouco tempo depois, em maio de 2008, o juiz aceitou a denúncia do Ministério Público e decretou a prisão preventiva dos dois mais uma vez.

O casal foi condenado por homicídio triplamente qualificado e fraude processual. Pelos crimes, Alexandre foi sentenciado a 31 anos de cárcere, enquanto Anna Carolina recebeu 26 anos, ainda que os dois nunca tenham se declarado culpados por um dos crimes que mais marcou a História recente do Brasil.

Em 2019, o pai de Isabella Nardoni passou a cumprir o regime semiaberto. Já Anna Carolina, presenciou a progressão para regime aberto em junho deste ano. Na ocasião, a mãe da pequena Isabella comentou a decisão da justiça em dar liberdade para a madrasta.

"Não tenho muito o que falar. Triste a decisão. Lamentável saber que nossa lei dá esses direitos", disse ela, como repercutido pelo G1. "Eu sabia que essa hora iria chegar, mas nunca estamos preparados", afirmou Carolina.