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Matérias / Personagem

Contestou uma lei segregacionista: a saga da jovem Claudette Colvin

Em uma viagem de ônibus, a menina foi obrigada a sair de seu lugar para que uma mulher branca o ocupasse — mas ela se recusou

Pamela Malva Publicado em 08/11/2020, às 10h00 - Atualizado em 09/07/2021, às 11h00

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Fotografia de da jovem Claudette Colvin, em 1953 - Domínio Público via Wikimedia Commons
Fotografia de da jovem Claudette Colvin, em 1953 - Domínio Público via Wikimedia Commons

Em meados de 1955, a segregação norte-americana fazia com que diversos estados do país implementassem leis tidas, nos dias atuais, como racistas. No Alabama, por exemplo, uma legislação bastante polêmica dizia respeito aos ônibus.

Naquela época, caso um transporte público estivesse lotado demais a ponto dos assentos reservados para as pessoas brancas acabarem, os negros deveriam ceder seus lugares. Assim, a segregação era mantida até mesmo em horários de pico.

No dia 2 de março daquele ano, a jovem Claudette Colvin viu-se obrigada a levantar de sua cadeira no ônibus para que uma mulher branca sentasse em seu lugar. A resposta da menina negra, que tinha 15 anos, alarmou todo o país.

Origens simples

Nascida no mesmo estado que Rosa Parks, Claudette nunca aceitou as leis de sua época. Membro do Conselho da Juventude da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP), a menina se indignava com a segregação que tomava conta do país.

Morando em Montgomery, no entanto, ela sempre viveu em uma comunidade majoritariamente negra e pobre, sem muitas oportunidades. Ainda assim, a jovem dava seu máximo nos estudo e não se contentava com pouco.

Claudette era filha de um casal com uma renda muito baixa e, por isso, foi adotada pelos tios de sua mãe quando ainda era muito pequena. Com duas irmãs, Delphine e Velma, então, ela estudava na Booker T. Washington High School.

Retrato de Rosa Parks com Martin Luther King ao fundo, em 1955 / Crédito: Domínio público via Wikimedia Commons

Uma menina rebelde

Naquele fatídico dia 2 de março de 1955, a garota de 15 anos estava voltando da escola para casa quando entrou em um ônibus da cidade. Considerado um serviço público, o transporte era majoritariamente utilizado por negros.

Tendo pago sua passagem, Claudette estava acomodada entre duas pessoas negras quando uma mulher branca subiu no ônibus. Como o veículo estava lotado, o motorista olhou para a fileira da jovem de 15 anos e exigiu que todos sentados nela se movessem.

O homem pedia que tanto Claudette, quando a mulher grávida ao seu lado e a terceira pessoa no banco trocassem de lugar. Nesse sentido, a mulher branca não poderia sentar-se ao lado de negros, já as duas cores não deveriam se misturar.

Indignação e detenção

Em um primeiro momento, o silêncio se fez no ônibus. Indignado, o motorista reiterou sua exigência e pediu que Claudette e a mulher grávida, Sra. Hamilton, saíssem do lugar. Quando a resposta das duas foi negativa, a polícia foi chamada.

Assim que os oficiais chegaram, eles tiraram a Sra. Hamilton e a terceira pessoa do banco, mas Claudette se recusou a sair de seu lugar. Tendo uma atitude considerada como rebelde, a menina foi arrastada para fora do ônibus.

Na frente de todos, a jovem de 15 anos foi algemada e detida pelos agentes ThomasJ. Ward e Paul Headley. No caminho para a delegacia, eles supostamente teriam discutido sobre qual era o tamanho do sutiã da menina em um claro assédio.

Os ônibus tinham separações e o fundo era reservado aos negros / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Revolução e ativismo

Uma vez presa, Claudette foi acusada de perturbar a paz, violar as leis de segregação e agredir um agente. Durante seu julgamento, as duas primeiras denúncias foram anuladas, mas a garota ainda foi condenada por teoricamente bater em um policial.

Nove meses mais tarde, a própria Rosa Parksfoi presa pelo mesmo motivo que levou a menina ao tribunal de jovens. O caso da prisão de Claudette, no entanto, logo foi incluído no processo judicial conhecido como “Browder versus Gayle”, que acabou por anular as leis segregacionistas nos ônibus do Alabama.

A garota, de repente, tornou-se um dos muitos símbolos da luta pela igualdade racial, pelo menos no estado onde cresceu. Toda a vida de ativista, no entanto, foi interrompida por uma gravidez inesperada.

Vida em Nova York

Em março de 1956, aos 16 anos, Claudette deu à luz o pequeno Raymond. O pai era Elliot Klein, um homem banco influente na cidade, conhecido como um dos poucos simpatizantes da causa negra na região.

Quando o bebê atingiu os dois anos de idade, Claudette mudou-se para Nova York e foi morar com a irmã, em 1958. Foram anos de desemprego, até que ela conseguisse uma vaga como auxiliar de enfermagem, onde trabalhou por 35 anos.

Aposentada em 2004, a revolucionária Claudette hoje tem 81 anos. Ela chegou a ter um segundo filho e perdeu Raymond quando ele sofreu um ataque cardíaco, em 1993. A impressionante história da jovem de 15 anos foi contada pela primeira vez apenas em 2009, quando Phillip Hoose publicou um livro inédito em sua homenagem.


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