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Matérias / Arqueologia

Como carne crua adoeceu gravemente este neandertal há 50 mil anos

Ao reexaminarem um dos esqueletos mais bem estudados do hominídeo, pesquisadores revelaram novas informações sobre sua saúde

Isabela Barreiros Publicado em 19/12/2021, às 07h00

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Crânio do "Velho de La Chapelle", reexaminado no estudo deste ano - PLoS (2004) Neandertals Likely Kept Their Genes to Themselves via Wikimedia Commons
Crânio do "Velho de La Chapelle", reexaminado no estudo deste ano - PLoS (2004) Neandertals Likely Kept Their Genes to Themselves via Wikimedia Commons

Conhecido como "Velho de La Chapelle", o antigo esqueleto masculino encontrado em uma caverna próxima à vila francesa de La Chapelle-aux-Saints, em 1908, vem passando por uma série de análises científicas ao longo dos anos.

No último mês, pesquisadores reexaminaram os restos mortais quase completos, que ainda fornecem novas informações sobre o neandertal e o estilo de vida do grupo humano que desapareceu há cerca de 40 mil anos.

Liderados por Martin Haeusler, pesquisador e líder do Grupo de Morfologia Evolutiva e Adaptação da Universidade de Zurique no Instituto de Medicina Evolutiva, a equipe de cientistas descobriu que o hominídeo provavelmente adoeceu devido a uma carne crua.

Este pode se tratar de um dos primeiros exemplos de infecção por transbordamento, que é como especialistas da área chamam situações em que a doença passa de um animal para um humano.

Embora o esqueleto seja um dos mais bem estudados, em especial por ser relativamente completo, descobertas sobre ele continuam sendo feitas a partir de novos estudos, como este, que investigou mais a fundo as mudanças nos ossos do homem.

O indivíduo teria morrido entre os seus 50 e 60 anos há mais ou menos 50 mil anos. De acordo com estudos de 2019, ele tinha osteoartrite avançada na coluna vertebral e na articulação do quadril.

Embora a osteoartrite pudesse explicar algumas mudanças nos ossos, como o desgaste observado em alguns fragmentos, Haeusler, líder da pesquisa, notou que a doença não poderia causar todos aqueles problemas apresentados.

"Em vez disso, descobrimos que algumas dessas alterações patológicas devem ser devido a processos inflamatórios", explicou o especialista, como repercutido pela CNN em novembro, quando o estudo foi publicado na revista científica Scientific Reports.

"Uma comparação de todo o padrão das alterações patológicas encontradas no esqueleto de La Chapelle-aux-Saints com muitas doenças diferentes nos levou ao diagnóstico de brucelose”, acrescentou.

Crânio do "Velho de La Chapelle" / Crédito: Luna04 via Wikimedia Commons

A doença é comum ainda hoje, mas surpreendeu os pesquisadores, que consideraram esta como "a primeira evidência segura desta doença zoonótica na evolução dos hominídeos”, em um espécime que data 50 mil anos atrás.

Acredita-se que ele tenha obtido a doença a partir de um animal contaminado, após caçá-lo, matando ou cozinhando a presa. Alguns animais possíveis são ovelhas selvagens, cabras, gado selvagem, bisões, renas, lebres e marmotas, comuns na dieta neandertal.

Outras espécies caçadas pelos neandertais eram mamutes e rinocerontes-lanudos, mas especialistas não acreditam que eles possam ter causado a doença porque a brucelose não é geralmente encontrada em seus parentes vivos. 

Entre a ampla gama de sintomas estão febre, dores musculares, suores noturnos, no entanto, também problemas a longo prazo como dor de artrite, dor nas costas, inflamação dos testículos, inflamação das válvulas cardíacas, chamada de endocardite.

Como o neandertal viveu até uma idade considerada avançada para o período, Haeusler sugere que o indivíduo pode ter tido uma versão mais branda de brucelose, o que permitiu a longa vida.

Além do estudo sobre a transmissão da doença zoonótica, quando a origem em espécies animais chega aos seres humanos, o esqueleto do "Velho de Chapelle" já colaborou para muitas pesquisas sobre os neandertais, principalmente sobre a postura ereta dos hominídeos.


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