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Matérias / Personagem

Erotismo em páginas: Como Madonna escandalizou os EUA — e o mundo — com um livro

Em 1992, a artista expôs suas fantasias sexuais e fetiches em fotografias, escandalizando o mundo

Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 03/04/2021, às 08h00 - Atualizado às 12h04

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Madonna no clipe 'Erotica' - Divulgação/Youtube
Madonna no clipe 'Erotica' - Divulgação/Youtube

“Se a nossa sociedade atualmente é verdadeiramente homolesbotransfóbica, há quarenta anos atrás era ainda mais”, explica o filósofo e pesquisador Ali Prando à Aventuras na História. Ao longo da década de 1980, em que a AIDS aterrorizava o mundo em seu auge, Madonna fez o impensável.

“Em suas entrevistas, videoclipes e performances, ela advogava pela liberdade sexual, e de fato, ela abordou esses temas antes mesmo de vários artistas LGBTs realizarem seu coming-out, tamanha pressão que existia (ainda existe?) para que as pessoas permanecessem na linha, ou seja, heterossexuais”, diz Prando.

Junto com a AIDS, que atingiu pessoas LGBT de maneira grave e alavancou o preconceito, caminhava também o medo do sexo. Além do conservadorismo que regia a sociedade — e que ainda tem seus impactos nos dias de hoje — estava também a desinformação sobre os cuidados que deveriam ser tomados ao se ter uma relação sexual

E para isso, Madonnatambém teve uma resposta. “Em plena era pós-AIDs, Madonna fez o disco ‘Erotica’ e o livro ‘Sex Book’, onde expunha suas maiores fantasias sexuais e fetiches através das lentes de Steven Meisel”, conta o pesquisador.

Durante essa era em sua carreira, a cantora apresentou o sexo como o conceito principal em suas músicas e projetos a parte, inclusive no livro, que foi lançado em 1992. Completamente diferente do que estava sendo feito na época, a artista expôs tudo de maneira crua em um período que abominava até mesmo apenas tal ideia.

O livro do sexo

‘Sex’ foi publicado em 1992, fotografado por Steven Meisel. Contando com personalidades como modelo Naomi Campbell, o ator pornô gay Joey Stefano, a atriz Isabella Rossellini e os rappers Big Daddy Kane e Vanilla Ice, o livro foi uma rebelião contra a visão tradicional sobre o sexo. 

“Era a primeira vez que uma mulher fazia isso diante do olhar público. Em nossa cultura, estamos acostumados que as mulheres se desnudem para e pelo olhar masculino, e nunca o oposto”, explica Prando à AH.

Nele, Madonna incorporou um “alter ego”, inspirado em uma atriz alemã na qual era muito interessada. Dita Parlo se tornou um personagem sadomasoquista da cantora, que expôs desejos profundos em fotografias que, hoje, são consideradas arte. Mas na época não foi bem assim.

Imagem colorizada digitalmente de Madonna no livro 'Sex' / Crédito: Divulgação

As fotos foram consideradas simplesmente pornografia, em uma visão estrita da realidade. Os cenários para tais fotografias foram saunas gays, clubes de sadomasoquismo, piscinas, praias e muito mais. Tudo isso com o intuito de mostrar que a liberdade sexual era possível, com fantasias sexuais e imaginação.

O livro causou muita polêmica e Madonna foi questionada incessantemente, tornando-se alvo da parcela mais religiosa da população. Na época, ela falou sobre o assunto em inúmeras entrevistas, inclusive em uma repercutida pelo portal PapelPop em 2018. A artista afirmou:

“Eu não acho que o sexo seja ruim. Eu não acho que a nudez seja ruim. Eu não acho que estar em contato com sua sexualidade e ser capaz de falar sobre isso seja ruim. Acho que o problema é que todos ficam tão tensos sobre isso que transformam esse assunto em uma coisa ruim, quando não é. Se as pessoas pudessem falar livremente, teríamos mais pessoas praticando sexo seguro e menos pessoas sendo abusadas sexualmente.”

Naquele momento, era importante que alguém falasse sobre o sexo sem as amarras de uma sociedade marcada pelo medo de relações sexuais, em especial pela disseminação da AIDS. Singularmente, ser uma mulher falando sobre o tema era ainda mais difícil, levando em consideração o sexismo que gerava estereótipos de gênero ligados à feminilidade.

Segundo Ali Prando, “ainda hoje, existe um forte estereótipo que cerca as representações de mulheres: elas são sempre representadas enquanto santas ou put*s, vilãs ou mocinhas, sempre numa lógica bastante binária que empobrece os debates de gênero”.

“Acredito que através de sua obra e também vida pessoal, Madonna tenha borrado essas linhas, permitindo ser várias mulheres: ela foi de garota espiritual à garota materialista, brincou com estereótipos de virgindade, comportou-se diversas vezes como uma stripper e também como uma mulher de negócios — tudo ao mesmo tempo”, finaliza.


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