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Matérias / Aviação

Como o modelo 'Comet' se transformou em um trágico pioneiro na nova era da aviação

O estrondoso sucesso do primeiro jato de carreira se transformaria em um grande fracasso após diversos acidentes fatais

Redação Publicado em 19/03/2019, às 14h43

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Getty Images
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Em julho de 1949, era executado o primeiro voo de teste do DH-106.  Seu plano era trazer a era do jato, iniciada poucos anos antes, durante a Guerra, ao mundo civil. Na época, grandes aviões a hélice, como o Lockheed Constellation, haviam inaugurado os voos civis transatlânticos – de forma barulhenta e em 15 horas.

Foram quase dois anos de testes até o primeiro voo oficial em maio de 1952: 23 horas bem-sucedidas e elogiadas pelos passageiros no trajeto para Johanesburgo, via Roma, Beirute, Cartum, Entebbe e Livingstone. Um estrondoso sucesso: 30 mil pessoas foram transportadas em seu primeiro ano.

A área interna comportava apenas 36 passageiros. Na primeira classe, as pessoas se sentavam em torno de mesas. O restante do avião era composto de cozinha, espaço para guardar chapéus e casacos e para o armazenamento de bagagens. Grandes e quadradas, as janelas davam aos passageiros uma visão nunca antes experimentada. Silencioso por dentro, com assentos reclináveis e amplo espaço para as pernas, o Comet parecia um sonho.

Pilotos na cabine de um Comet, em 16 de Maio 1962 (Getty Images)

Diferentemente dos outros modelos, o Comet era capaz de voar em péssimas condições climáticas. Como atuava em altas altitudes, não passava por áreas turbulentas e não precisava esperar em solo por melhores condições atmosféricas.

“O Comet representou uma mudança dramática no desempenho e conforto dos antigos aviões movidos a pistão, que foram desenvolvidos ou convertidos em aviões bombardeiro ou de transporte. No entanto, entrou em serviço com graves falhas de design que não eram reconhecidas na época, simplesmente porque o modelo era muito avançado para o momento”, diz Alistair Hodgson, curador do britânico Museu de Aeronaves de Havilland, em entrevista à AH.

Em menos de 12 meses, a companhia perdeu três dos aviões. Os dois primeiros acidentes foram causados por erros dos pilotos. Já o terceiro, em maio de 1953, foi resultado da pressão sobre a fuselagem, que explodiu no ar. Ajustes no projeto foram feitos, mas o pior ainda estava por vir. Em janeiro de 1954, um Comet se desintegrou e matou 35 pessoas a bordo. Três meses depois, outro acidente, com as mesmas características, acabou de vez com a reputação da companhia. Os Comet foram retirados de serviço.

De Havilland Comet 4B , série 6438, 1960 / Getty Images

A causa das explosões estava na estrutura da aeronave. O formato retangular das janelas panorâmicas não era ideal para um voo de grande altitude. A diferença de pressão causava fadiga no metal da fuselagem, provocando a desintegração. “Os pontos fracos eram os cantos das janelas, quadradas, e as aberturas na fuselagem, também quadradas, para as portas e antenas de rádio”, afirma Hodgson.

O Comet foi redesenhado com novas janelas, e o modelo 4, de 1958, operaria por 30 anos. A partir daí, concorrentes criaram seus próprios projetos. A de Havilland seria vendida em 1960, e a marca seria extinta em 1963.