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Matérias / Segunda Guerra

Como a Olimpíada de Berlim, em 1936, fez Hitler quebrar a cara

Ao contrário das expectativas do Führer de que algum atleta branco se destacasse nos jogos para provar a teoria da 'raça superior', quem chamou atenção foi o americano Jesse Owens

Alexandre Carvalho Publicado em 26/07/2021, às 11h30

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Berlim durantes as Olimpíadas em 1936 - Fortepan/Lőrincze Judit via Wikimedia Commons
Berlim durantes as Olimpíadas em 1936 - Fortepan/Lőrincze Judit via Wikimedia Commons

A visão dos aristocratas que idealizaram os Jogos Modernos também passava por um denominador comum entre os privilegiados de nascença: as crenças que estabelecem  hierarquia entre raças e etnias. Ou seja, racismo descarado. “A ordem moral de Coubertin abria espaço para a noção de que uma ‘raça superior’ poderia desfrutar de certos privilégios”, aponta o estudioso Jules Boykoff. “Suas posições sobre o assunto soariam chocantes nos dias de hoje.”

E soam mesmo. O barão escreveu que “a teoria propondo que todas as raças humanas tenham direitos iguais impediria qualquer progresso. A raça superior tem todo o direito de negar à raça inferior certos privilégios da vida civilizada”. Parece discurso nazista, certo? Então a Olimpíada de Berlim, em 1936, realizada apenas um ano antes da morte de Coubertin, foi a materialização desse discurso. Ou ao menos era essa a intenção.

Olimpíadas de Berlim, em 1936 / Crédito: Arquivos Federais Alemães via Wikimedia Commons

As ruas da cidade estavam repletas de suásticas para promover a ideologia racista e belicosa de Adolf Hitler, que havia três anos tornara-se chanceler da Alemanha, promovendo, desde o início do seu governo, uma perseguição inédita aos já tão perseguidos judeus. A obsessão por disseminar uma suposta superioridade da “raça ariana” fez com que o governo alemão investisse alto, tornando a Olimpíada nazista a mais grandiosa e bem realizada até então.

As expectativas do Führer eram de que algum Hércules loiro sobressaísse aos olhos do mundo. Mas o que aconteceu foi o avesso de sua teoria destrambelhada. O que o público viu naqueles Jogos foi a glória de um super-herói negro, neto de escravos: o americano Jesse Owens – que descobriu sua vocação para a corrida quando ainda trabalhava como engraxate.

O atleta foi o primeiro da história a conquistar quatro ouros numa Olimpíada: venceu nos 100 e 200 metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4x100. Qual era a raça superior, então? O ministro nazista Albert Speer escreveria que Hitler “ficou muito irritado com a série de triunfos do maravilhoso corredor americano ‘de cor’, Jesse Owens. ‘As pessoas cujos antecedentes vieram da selva eram primitivas’, Hitler disse com um encolher de ombros; ‘seus físicos eram mais fortes do que os dos civilizados brancos e, portanto, devem ser excluídos de jogos futuros’”.

Jesse Owens em 1936 / Crédito: Getty Images

Curiosamente, não foi com o ódio de Hitler que Owens ficou mais decepcionado. Ele se frustrou mesmo foi com a falta de reconhecimento do seu próprio governo. O atleta não foi recebido para homenagens na Casa Branca. “Não foi Hitler quem me esnobou, foi Franklin Delano Roosevelt quem fez isso”, o campeão diria. “O presidente nem sequer me mandou um telegrama.”

Prova de que o racismo nunca foi exclusividade de nazistas psicopatas, um dos esportistas mais importantes da história experimentou desse veneno em seu próprio país. De volta dos Jogos, foi recebido com festa nos Estados Unidos, desfilando pelas avenidas de Nova York sob uma chuva de papel picado. Porém, ao entrar no luxuoso Waldorf Astoria, onde seria homenageado, foi instruído a usar o elevador de serviço – como todos os negros que só frequentavam aquele hotel para trabalhar.


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