Os vocalistas da Legião Urbana e Barão Vermelho marcaram os anos 80 com composições poéticas no rock nacional
Wallacy Ferrari Publicado em 24/05/2021, às 15h04 - Atualizado em 07/08/2022, às 18h00
Na década de 1980, dois dos maiores expoentes da história do rock nacional surgiram de maneira meteórica com suas mandas.
RenatoRusso, cantando pela Legião Urbana, e Cazuza, liderando o Barão Vermelho, totalizaram milhares de discos vendidos e composições que influenciaram gerações pelas mensagens sobre comportamento, amor e civilidade.
Dessa maneira, compartilhavam a projeção em um cenário crescente; as bandas eram as principais representantes de suas gravadoras, participando juntas do festival Mixto Quente, da TV Globo. Seus vocalistas, em carreira solo, também foram capazes de externar poemas em álbuns e manifestar suas opiniões em entrevistas marcantes.
Porém, uma delas chamou atenção, em 1988, pelo teor das declarações; naquele ano, Cazuza conversou com Marília Gabriela sobre política e sexualidade, mas respondeu diretamente quando foi perguntado sobre quem seria a pessoa com quem o artista compete diretamente.
O cantor respondeu prontamente e que sentia isso com Renato, resultando numa competição saudável indiretamente: “Eu compito, por exemplo, quando o Renato Russo pintou [surgiu], eu fiquei com inveja, sabe? Eu pensei, ‘Pô, esse cara é melhor que eu, que loucura, fazendo coisas que eu quero fazer’. Aí eu comecei a compor coisas diferentes”, afirmou.
De acordo com ele, o letrista carioca Bernardo Vilhena apontou a admiração como uma “inveja criativa” que deveria ser trabalhada com esmero: “Você fica com inveja de um trabalho que você acha que é tão bom que você quer fazer melhor”. Com tal reconhecimento, Cazuza fez questão de mudar o teor das produções poéticas.
“Meu trabalho cresceu tanto a partir dessa inveja que eu comecei a escrever coisas diferentes. Saí daquela dor de cotovelo, daqueles 'nhém nhém nhém', como diz a Rita Lee, comecei a ver que o Renato falava muito sobre a geração dele”, comentou ao comparar com suas letras do Barão Vermelho. “Eu vou falar sobre a minha geração também, sobre o Brasil”, completou.
Dois anos depois, em 1990, o entrevistado faleceu, rendendo uma série de homenagens da classe artística — incluindo uma lendária apresentação em outubro daquele ano, feita na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, contando com Renato Russo ao lado de uma série de cantores nacionalmente conhecidos.
No final da apresentação, os convidados se uniram para cantar “Brasil”, composta por Cazuza. Em 1995, Renato foi entrevistado pela equipe do Som Brasil, da TV Globo, e revelou uma curiosidade sobre o admirador falecido; ambos se encontraram após o show de lançamento do disco ‘Que País é Esse?’, em 1987, onde o respeito mútuo foi revelado.
“O Cazuza foi e nessa época ele já estava um pouco doente e eu achei surpreendente, uma coisa muito bonita dele falar que, depois que ele ouviu o ‘Que País é Esse?’, ele teve uma inspiração — que ele chamava de ‘inveja criativa’ — aí ele escreveu 'Brasil', que é uma das maiores letras pro nosso país”, contou Renato, que faleceu no ano seguinte, também vítima da AIDS.
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