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Matérias / Personagem

Como a segunda mulher a vencer o Oscar de melhor direção enfureceu a China

Chloé Zhao foi homenageada como melhor diretora pela Academia, mas sua conquista inédita na premiação foi ignorada em seu país natal

Alana Sousa Publicado em 27/04/2021, às 15h30

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Chlóe Zhao com suas duas estatuetas do Oscar - Getty Images
Chlóe Zhao com suas duas estatuetas do Oscar - Getty Images

A edição de 2021 do Oscar foi marcada pela diversidade. A premiação da indústria cinematográfica, conhecida por agraciar principalmente artistas brancos, fez história ao homenagear negros e asiáticos — alguns pela primeira vez desde a criação, no ano de 1929, como foi o caso de Youn Yuh-jung, primeira atriz sul-coreana a vencer como 'Melhor Atriz Coadjuvante'.

Entre um dos maiores premiados pela Academia, no último domingo, 25, está a produção Nomadland, lançada em 2020. O filme acompanha a história de uma mulher que perde tudo na Grande Recessão e passa a viver como uma nômade moderna no Oeste americano. O roteiro foi adaptado da obra Nomadland: Surviving America in the Twenty-First Century (Nomadland: Sobrevivendo à América no século 21, em tradução livre para o português), de Jessica Bruder

Com seis indicações, Nomadland venceu nas categorias ‘Melhor Filme’, ‘Melhor Atriz’, pela atuação de Frances McDormand e, uma das mais relevantes do Oscar: ‘Melhor Direção’ para Chloé Zhao. A cineasta se tornou a segunda mulher a receber a honraria e a primeira asiática a vencer na categoria. 

Frances McDormand no filme Nomadland (2020) / Crédito: Divulgação

Em seu discurso de aceitação, Zhao dedicou o prêmio para as pessoas corajosas: "Sempre achei bondade nas pessoas que conheci — em todos os lugares do mundo. Esse Oscar é para qualquer pessoa que tem a coragem de se manter boa e ver o que há de bom nos outros”. 

A diretora ainda enfatizou detalhes de sua crença pessoal na bondade. “Eu me lembro de um chamado 'The Three Character Classic', e ele dizia: 'As pessoas, ao nascer, são boas'. Essas palavras tinham muito impacto quando eu era criança, e ainda acredito nelas”, disse ela. 

A vitória inédita da cineasta repercutiu mundo afora, nos mais importantes veículos midiáticos, dando destaque à relevância de ter uma mulher com descendência asiática em uma plataforma de tamanha abrangência. Porém, um lugar específico optou por abafar a conquista de Chloé: seu país natal, a China.  

A censura da China 

Ainda que, na época do Globo de Ouro, a China tenha repercutido com orgulho o sucesso de Zhao e de Nomadland com publicações que incentivavam o povo a ir assistir a produção nos cinemas, quando comentários feitos pela cineasta, em 2013, ressurgiram, a história mudou completamente. 

Zhao nasceu em Pequim, onde viveu até os 14 anos; então foi viver na Inglaterra, e depois se formou em Los Angeles. Ao comentar sobre o período de mudança da China para Londres em entrevista à revista Filmmaker, a chinesa afirmou: “Isso remonta a quando eu era adolescente na China, em um lugar onde há mentiras por toda parte”. 

Chloé Zhao com seu Oscar nos bastidores / Crédito: Getty Images

“Você sentiu que nunca seria capaz de sair. Muitas informações que recebi quando era mais jovem não eram verdadeiras e tornei-me muito rebelde em relação à minha família e ao meu passado. Fui para a Inglaterra de repente e reaprendi minha história. Estudar Ciência Política em uma faculdade de artes liberais foi uma maneira de descobrir o que é real. Arme-se com informações e, em seguida, desafie-as também”, acrescentou Zhao na época. 

Ao se deparar com tais comentários, as autoridades da China decidiram retirar do ar todas as matérias que mencionavam as conquistas da diretora, incluindo sua vitória no Oscar. Segundo o The Guardian, 40 mil reportagens despareceram do Weibo, uma das redes sociais mais usadas pela população chinesa. 

A Reuters também anunciou a censura do país asiático com o trabalho de Chloé Zhao. Conforme informou a agência de notícias, uma transmissão ao vivo do Oscar foi bloqueada pelo Grande Firewall chinês por cerca de duas horas. A justificativa em ambas as ocasiões foi de que o conteúdo havia sido removido “de acordo com as leis, regulamentos e políticas pertinentes”. 

Embora tenha se lembrado de sua infância e dos poemas chineses no palco principal do Oscar, parece que os comentários de 2013 tiveram um peso maior para o governo chinês. Ainda assim, é impossível negar a conquista não só de Zhao, mas de seu país, na Academia. 


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