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Matérias / JFK

Como uma dor nas costas pode ter ajudado o assassino de John Kennedy?

JFK foi morto em 22 de novembro de 1963, após ser baleado. Mas uma doença crônica do presidente pode ter sido fundamental para esse cenário

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 16/04/2022, às 20h19 - Atualizado em 22/11/2023, às 09h24

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JFK no carro presidencial antes de seu assassinato - Bettmann Archive
JFK no carro presidencial antes de seu assassinato - Bettmann Archive

John Fitzgerald Kennedy foi assassinado enquanto desfilava — ao lado da primeira-dama Jacqueline Kennedy e do governador do Texas John Connally — em uma limusine aberta pela Dealey Plaza, em Dallas. 

A história sobre a morte do 35º presidente norte-americano, naquele 22 de novembro de 1963, ainda hoje é alvo de polêmicas e de teorias que seguem vivas, embora a Comissão Warren tenha dado uma polêmica versão oficial de que Lee Harvey Oswald tenha sido a única pessoa envolvida no ato, sem a possibilidade de uma conspiração — algo que nunca foi completamente negado.

Oswald sendo escoltado pela polícia em 22 de novembro de 1963/ Crédito: Getty Images

Quanto mais sabe-se sobre as condições que levaram a um dos crimes mais nebulosos do século passado, mais se especula sobre se algo poderia ter sido feito para JFK não ter tido o trágico fim que teve. Entretanto, nessa discussão existe um ponto a ser considerado que pouco se aborda.

Naquela época, Kennedy já havia superado outros dois planos para assassiná-lo e passado por cima da agoniante Crise dos Mísseis de Cuba. Mas JFK jamais foi capaz de superar um adversário que o acompanhou por boa parte de sua vida.

Um oponente invisível e implacável: suas terríveis dores nas costas. Pode até não parecer, mas esse fator pode ter sido fundamental para que ele tenha sido atingido por um tiro fatal em seu crânio. 

Problema crônico

Problemas de saúde o afetaram logo na sua infância. Segundo aponta matéria da CNN, aos dois anos John Kennedy foi diagnosticado com escarlatina, o que o fez passar sua adolescência toda entrando e saindo de hospitais com dores abdominais e nas articulações.

Aos 15 anos, Jack, como era chamado pelos seus familiares, pesava pouco mais de 50 quilos, aponta o historiador Robert Dallek, que em 2002 teve acesso a uma coleção de documentos sobre a saúde do 35º presidente norte-americano.

Kennedy com um uniforme de futebol da Dexter School (Massachusetts) em 1926/ Crédito: Domínio Público

A condição fez com que sua família temesse que JFK pudesse ter leucemia. Após exames frequentes na Clínica Mayo, porém, seus médicos o diagnosticaram com um quadro de úlcera péptica, hoje conhecida como colite. 

"Meu Deus, que surra eu estou levando. Perdi 8 libras [cerca de 3,6 kg]. E ainda estou caindo", escreveu a um colega de classe durante o verão de 1934, enquanto os testes estavam em andamento, aponta Dallek

Ontem passei pela experiência mais perturbadora da minha vida... um tubo de ferro de 12 polegadas de comprimento e 1 polegada de diâmetro na minha bunda... Meu pobre reto sujo está me olhando com muita reprovação esses dias”, completou. 

Mesmo com uma dieta regrada e consultas médicas frequentes, além do uso de fortes medicamentos, seus anos de faculdade em Harvard, posteriormente, foram marcados por dores abdominais, perda de peso e fraqueza. 

Em ‘An Unfinished Life: John F. Kennedy, 1917-1963’, Dallek conta que o próprio Kennedy chegou a fazer uma brincadeira sobre a própria morte em uma mensagem redigida a um amigo. "Tive um pico no meu gráfico ontem e pude ver que eles estavam me medindo mentalmente para um caixão".

Os problemas se tornaram maiores durante uma partida de futebol americano. Derrubado brutalmente durante um jogo, seu disco espinhal foi comprometido. Isso fez com que John Kennedy passasse a usar uma cinta de espartilho, que ajudava a controlar e estabilizar sua coluna. 

"Ele foi pego de surpresa por aquele tackle, nunca soube que [o adversário] estava chegando", disse o Dr. Thomas Pait, um neurocirurgião de coluna que, ao lado do Dr. Justin Dowdy, esmiuçou o livro de Dallek e diversas outras biografias sobre JFK.

A dupla também analisou dezenas de documentos e raios-X na Biblioteca JFK, em Boston, antes de escreverem um artigo, publicado, em setembro de 2017, no Journal of Neurosurgery. "Ele teve dores nas costas horríveis por causa disso”.

"Fiquei surpreso com a profundidade da dor de Kennedy", completou Dowdy. "Por quanto tempo ele lidou com a dor apesar de sua curta vida, como isso afetou sua vida e como eles conseguiram esconder a maior parte disso do público e certamente de seus adversários políticos."

As marcas da Guerra

As dores da adolescência fizeram JFK ser rejeitado pelo Exército e pela Marinha americana em um primeiro momento. Ele só foi aceito neste último órgão em 1941, após seu pai ajudá-lo devido aos seus contatos. 

Segundo relatam Martin Dugard e Bill O'Reilly em 'Os Últimos Dias de John F. Kennedy' (L&PM), na noite de 1º de agosto de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, o PT-109 de Kennedy foi atingido por um destroier japonês. O impacto destruiu a parte traseira do navio, arremessando sua tripulação para o Oceano Pacífico. 

Kennedy (de pé na direita) com sua equipe do PT-109, em 1943/ Crédito: Domínio Público

Para chegar à ilha mais próxima, JFK e sua equipe tiveram que nadar cerca de 5 quilômetros. O batalhão só foi resgatado dias depois. A bravura de Kennedy lhe rendeu a Medalha da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais; e, por seus ferimentos, ele foi premiado com um Coração Púrpura. De quebra, suas dores nas costas ficaram cada vez mais insuportáveis. 

"Depois de voltar para os Estados Unidos, Kennedy está com muita dor; as atividades estão diminuindo; o que esse cara faz?" perguntou Pait. "Você faz o que qualquer um faz hoje. Se você tem um declínio de mobilidade, você tem uma dor intratável, você procura uma solução."

A árdua vida de dores

Em outubro de 1954, conforme recorda a Business Insider, John Kennedy passou por uma cirurgia que quase o matou. Tudo começou depois que uma placa de metal foi inserida na parte inferior das costas para fundir sua coluna. Com o procedimento, JFK desenvolveu uma infecção do trato urinário.

John kennedy durante passeata pela Irlanda/ Crédito: Crative Commons via PxHere

Sua condição foi tão grave que sua família chegou a chamar um padre para que John recebesse os ritos da extrema-unção.

Jack estava determinado a fazer a operação. Ele disse ao pai que, mesmo que os riscos fossem cinquenta e cinquenta, ele preferiria estar morto do que passar o resto da vida mancando de muletas e paralisado pela dor”, declarou sua mãe, Rose Kennedy, segundo Doris Goodwin escreveu em ‘The Fitzgeralds and the Kennedys: An American Saga’

Esta, aliás, conforme aponta a CNN, foi a segunda vez que o presidente norte-americano esteve entre a vida e a morte. Em 1947, um padre também já havia sido chamado para fazer o ritual depois que Kennedy foi diagnosticado com a doença de Addison — um distúrbio da glândula adrenal que causa fadiga, fraqueza muscular, perda de peso e dor abdominal, reminiscente de suas doenças de infância.

"Ele não era diferente de muitos americanos que sofrem de dor crônica nas costas, em busca de soluções para resolver sua dor para que possam continuar com suas vidas", disse Pait. "É uma das razões pelas quais temos uma crise nacional de opioides e narcóticos: pessoas querendo uma solução para sua dor."

O tratamento do presidente

Desde então, John Fitzgerald Kennedy se tornou dependente de injeções de rotina de entorpecentes e analgésicos à base de anfetaminas, aponta a Business Insider. E a preocupação sobre sua condição médica se tornou ainda maior após ele ser eleito o 35º presidente de seu país. 

Em 1961, o Dr. Hans Kraus, médico da Casa Branca, trouxe um novo método para tratá-lo: além de praticar o levantamento de peso, Kennedy também passou a fazer natação quase que diariamente. O tratamento surtiu efeito e grande parte de suas dores crônicas passou a ser combatida sem o uso de analgésicos. 

JFK durante compromisso na Casa Branca/ Crédito: Norwegian Digital Learning Arena

Mas, em agosto de 1963, poucos meses antes de ser assassinado, JFK contrariou seu médico e passou a usar órtese novamente. "Kennedy disse a Kraus: 'Olha, vou te dizer uma coisa, quando eu voltar de Dallas, vou tirar o colete, mas tenho que usá-lo para esta viagem. Tenho que ficar bem.' Ele queria ser capaz de se sentar e acenar para as pessoas", disse à CNN o Dr. Thomas Pait.

A dor nas costas e o assassinato

No dia em que foi morto, Pait aponta que John Kennedy estaria usando sua cinta, o que, de certa forma, limitava seus movimentos. "A cinta era um espartilho firmemente amarrado em torno de seus quadris e na parte inferior das costas".

Ele o amarrou com força e colocou uma bandagem larga em forma de oito ao redor de seu tronco. Se você pensar sobre isso, se você tiver esse suporte até o peito, acima dos mamilos, e bem apertado, você vai ser capaz de se curvar para a frente?", indagou. 

Pait sugere que esse fator pode tê-lo impedido de se abaixar no chão do carro após ter sido atingido pela primeira vez no pescoço. Importante ressaltar que Lee Harvey disparou três vezes contra a comitiva de JFK, mas somente acertou duas balas, a primeira e a terceira, sendo a última delas um tiro fatal em sua cabeça. 

JFK no momento em que é atingido por um tiro (cena mostrada no filme JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar) / Crédito: Divulgação/ Warner Bros

"E, claro, nunca saberemos se ele teria sobrevivido se tivesse seguido o conselho do médico e se livrado disso [a cinta]”, completa o médico.


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