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Matérias / Reino Animal

Comportamento de abutre: Como era a maior águia que já viveu?

Estudo recente finalmente decifrou os hábitos desta ave de anatomia enigmática

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 02/12/2021, às 17h12

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Ilustração que imagina como seria a aparência da ave - Divulgação/ Katrina Kenny
Ilustração que imagina como seria a aparência da ave - Divulgação/ Katrina Kenny

800 anos atrás, o território da Nova Zelândia, país localizado na Oceania, era casa para as chamadas 'águias de Haast'.

Essas poderosas aves de rapina pesavam por volta de 13 quilos, tinham 9 centímetros de comprimento, e ostentavam a incrível envergadura (isto é, a extensão de uma ponta à outra das asas, quando abertas) de até 3 metros, conforme documentado pelo site oficial do Centro Nacional de Aves de Rapina de Wingspan

Um dos elementos principais da dieta dessas águias, que teriam uma força fenomenal e garras comparáveis às de um tigre dos dias atuais, eram as "moas", uma espécie de enorme pássaro sem asas que chegava a possuir 200 quilos.

Foto da garra de uma águia de Haast (elas podiam chegar a até nove centímetros) / Crédito: Divulgação/

Centro Nacional de Aves de Rapina de Wingspan

Sabemos disso porque foram encontradas marcas feitas pelo bico e pelas garras dessas temíveis predadoras em alguns dos esqueletos desse pássaro que sobreviveram à ação do tempo. Hoje, essa ave, assim como as águias de Haast, está extinta.

Inclusive, o consenso na comunidade científica neozelandesa é de que o desaparecimento da águia é diretamente relacionada ao de sua presa preferida, que foi à extinção após começar a ser amplamente caçada pelo povo maori, que veio da Polinésia e foram os primeiros colonos da Nova Zelândia, chegando ao país no século 13. 

Embora a princípio não pareça, as informações descritas até aqui, no entanto, contém uma enorme lacuna.

Isso porque a anatomia das águias de Haast confundiram especialistas durante décadas. Parte de suas características parecia indicar que, assim como suas descendentes vivas hoje, essas aves caçavam suas presas e as comiam vivas. Porém, outras partes de sua morfologia eram mais condizentes com animais de hábitos necrófagos, como os abutres, que comem carcaças. 

Dessa forma, os verdadeiros hábitos de caça e alimentação desse predador extinto apenas foram decifrados por uma pesquisa publicada na última quarta-feira, 1, no periódico 'Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences'.

A presa moldou o predador

O grupo de cientistas responsável pelo trabalho desenvolveu uma série de modelos digitais em 3D que representavam a estrutura óssea e os músculos da ave. Então, eles compararam os moldes que possuíam com a anatomia de 3 espécies de águia atuais, e 2 espécies de abutre. 

Imagem de um dos modelos citados / Crédito: Divulgação/ Anneke van Heteren/ Arquivo Pessoal

O objetivo da análise era entender quais aspectos desse pássaro extinto poderiam ter mais influência em seu comportamento. Suas garras e bico, por exemplo, eram muito semelhantes às das águias, sendo aptos à caçar e matar presas. O formato de seu crânio, porém, lembrava o de aves que consomem carniça. 

Os pesquisadores chegaram à conclusão que esse pássaro neozelandês do passado possuía hábitos que misturavam esses dois mundos. Eles capturavam e matavam as moas, porém para devorar os 200 quilos, usavam o método das aves necrófagas, que enfiam a cabeça dentro das carcaças para consumir os órgãos das vítimas. 

“Esses moas não estavam apenas morrendo de velhice e depois sendo comidas [que é o caso das presas de abutres] — elas eram ativamente caçadas”, explicou Anneke van Heteren, a principal autora do estudo. 
Ilustração representando águias de Haast caçando moas / Crédito: John Megahan via Wikimedia Commons

"Mas foi a caça desses moas gigantes que eram muito maiores do que ele, que os forçou a se alimentar como um abutre se alimenta da carcaça de um elefante", concluiu a especialista em uma entrevista ao LiveScience.