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Matérias / Entretenimento

Conheça a história real que inspirou O Irlandês, novo filme da Netflix

A história do líder sindical Jimmy Hoffa, que influenciou o novo filme de Martin Scorsese, permanece incerta até hoje

Caio Tortamano e Joseane Pereira Publicado em 28/11/2019, às 08h00

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Cena do filme O Irlandês - Divulgação: Netflix
Cena do filme O Irlandês - Divulgação: Netflix

Narrando a história de Frank Sheeran, um veterano de guerra que trabalha como assassino para a máfia, o filme O Irlandês estreia esse mês na Netflix. A película é dirigida por Martin Scorsese, e o personagem principal tem sua interpretação feita por Robert de Niro.

Aqui, traçaremos um panorama sobre a história real por trás do filme, assim como as relações entre sindicalismo e mafiosos e a suspeita — infundada, mas presente na película — de que a família Kennedy teria relações com a máfia italiana nos Estados Unidos.

HISTÓRIA REAL

No filme, após se tornar líder de um sindicato, Frank Sheeran vira o principal suspeito do sumiço de seu antecessor em um jantar. Essa história realmente aconteceu, mas não como é apontada no filme: na vida real, o líder sindical desaparecido era Jimmy Hoffa, que desde garoto ajudava trabalhadores de lojas de conveniência a reivindicar seus direitos.

Em 1932, ele ingressaria no maior sindicato de caminhoneiros dos Estados Unidos, os Teamsters. Como o rosto mais conhecido de um sindicato gigantesco, logo Hoffa se tornou influente entre a população — especialmente porque um terço de todos os trabalhadores dos EUA fazia parte de alguma ordem sindical.

Jimmy Hoffa durante julgamento / Crédito: Getty Images

Mas em julho de 1975, após reunião em um restaurante, ele foi dado como desaparecido. Sete anos depois, sem maiores explicações sobre o mistério, Hoffa foi declarado morto.

SINDICALISMO E MÁFIA: POLÊMICAS

Aparentemente, existia uma relação entre o Teamsters e a máfia, realizada através do esquema de lavagem de dinheiro e empréstimos sem registros — que os mafiosos conseguiam através dos fundos pensionários da instituição.

O problema desses empréstimos é que muitos deles não eram quitados pela máfia. O dinheiro retornado era usado para garantir que contratos fossem adquiridos pela união trabalhista, mantendo assim um fluxo estável.

Diante disso, alguns acreditam que o líder teria sido executado por associados da máfia italiana nos Estados Unidos. Outros alegam que ele foi, na verdade, morto por rivais dentro do próprio sindicato. Uma terceira teoria afirma que Hoffa já temia por sua vida, resolvendo sumir sem deixar pistas.

FRANK SHEERAN, O SUSPEITO

Sheeran, que alegou ser o autor do assassinato de Hoffa, era um veterano da Segunda Guerra Mundial que dirigia caminhões. Filiado aos Teamsters, ele começou a realizar pequenos trabalhos de entrega para o mafioso Russel Bufalino e paulatinamente ganhou a confiança do mafioso, começando a performar novas tarefas.

Por não ter descendência italiana, Sheeran não poderia ser eleito um membro efetivo da máfia italiana. Entretanto, ele era considerado de extrema confiança por Bufalino, seu amigo próximo. Pela intermediação do mafioso, o veterano se tornou um grande aliado do próprio Jimmy Hoffa, protegendo ele em viagens e realizando assassinatos quando necessário.

Mesmo alegando ter matado Hoffa, Sheeran não possuía nenhuma evidência que o ligasse diretamente ao crime. Oficialmente, o FBI também não o considera como autor do assassinato.

O MAFIOSO RUSSEL BUFALINO

Russel Bufalino / Crédito: Getty Images

Amigo de Sheeran, Bufalino, nasceu na Itália e foi ainda criança para os Estados Unidos. Durante os anos 60, ele era o mais importante mafioso a não residir em uma cidade principal no país, morando na Pensilvânia.

Seu primo, Bill Romano, era advogado pessoal de Jimmy Hoffa — o que mais uma vez ligava o líder sindical com a máfia italiana. Para sorte de Jimmy, a relação entre os primos não era tão noticiada, mesmo sendo Bufalino uma das figuras centrais do crime organizado no período. Em 1978, o mafioso foi sentenciado a quatro anos de prisão pelo crime de extorsão.

A MÁFIA E A FAMÍLIA KENNEDY

Em seu filme, Scorcese adotou a teoria de que o assassinato do presidente John F. Kennedy teria sido ocasionado pela máfia italiana dos Estados Unidos. Entretanto, não existem evidências que comprovem essa teoria.

Joseph P. Kennedy, pai de JFK, teria trabalhado como embaixador americano no Reino Unido, utilizando sua influência política para alavancar a carreira dos filhos. E seu prestígio não teria sido exercido somente com políticos, mas também com mafiosos.

No livro O Lado Negro de Camelot, escrito por Seymour Hersh, é levantada a teoria de que Joseph teria, supostamente, utilizado sua influência com a máfia de Chicago para assegurar que seu filho recebesse a maioria dos votos contra Richard Nixon, na disputa de 1960.

JIMMY HOFFA E O GOVERNO NORTE-AMERICANO

Robert Kennedy (esq.) e Jimmy Hoffa (dir.) / Crédito: Getty Images

Assim que foi eleito, John F. Kennedy colocou seu irmão mais novo, Robert, como conselheiro jurídico principal do governo. Ao mesmo tempo, o líder sindical Jimmy Hoffa se tornara um dos homens mais procurados do país — acusado de extorsão, propina, fraude e desvio de verba sindical. Robert Kennedy afirmava que Hoffa usava os fundos da Teamsters para fornecer empréstimos a diversos mafiosos, como já mencionado acima.

Essa rivalidade durou até 1964, quando Hoffa foi sentenciado a 13 anos de prisão por fraude e pagamento de propinas. Acabou cumprindo apenas cinco, após negociações com o próximo presidente Richard Nixon.

Os problemas na vida de Jimmy, na realidade, começaram a surgir depois de sua soltura, quando ele tentou retomar sua posição como presidente do sindicato. Membros dos Teamsters julgaram que sua sede de poder e tentativas de retomar o império de mais de 2 milhões de trabalhadores estavam atrapalhando o andamento da organização.

O VERDADEIRO ASSASSINO

Embora o autor do assassinato de Hoffa ainda seja indefinido, os culpados pela sua morte são evidentes: tanto os que alimentaram o ciclo do dinheiro sujo que corria no sindicato quanto próprio Hoffa, que não soube quando parar.

Outro nome que surge com frequência na lista das investigações é o de Chuckie O’Brien, amigo de longa data de Hoffa. Em 2004, o DNA do líder sindical foi encontrado no carro de O’Brien, embora seu enteado negue o envolvimento dele no crime.


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O Irlandês: O Irlandês, Charles Brandt (2016)

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O Lado Negro De Camelot. Sexo E Corrupcao Na Era Kennedy, Seymour Hersh (1998)

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