Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Estados Unidos

Henrietta Wood, a afro-americana que processou o homem que a forçou à escravidão – e venceu

Ela já havia recebido sua alforria quando foi escravizada novamente, mas não aceitaria aquilo sem lutar

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 07/11/2021, às 09h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Imagem meramente ilustrativa - Imagem de LeoNeoBoy por Pixabay
Imagem meramente ilustrativa - Imagem de LeoNeoBoy por Pixabay

Apesar de viver em meio à realidade altamente preconceituosa dos Estados Unidos do século 19, Henrietta Wood nunca deixou de perseguir o que acreditava ser seu por direito. Ela passou pela escravidão mais de uma vez: nasceu escravizada, recebeu sua alforria, e então foi novamente escravizada após um sequestro. 

Determinada, porém, Henrietta não desistiu de lutar até conseguir ser uma mulher livre novamente. Foi além: abriu um processo contra o homem que a sequestrou e pediu uma indenização à altura.

A trajetória inspiradora de Wood foi redescoberta décadas depois por David Blackman, seu tataraneto, que um dia descobriu os documentos legais de sua antepassada em meio aos pertences de sua mãe recém-falecida. O caso foi relatado em uma reportagem do The Washington Post.

Vida de luta 

Henrietta nasceu em uma fazenda no estado de Kentucky. Seu primeiro proprietário faleceu quando ela era adolescente, de forma que a afro-americana passou para as mãos de um comerciante chamado Henry Forsyth, que a agredia frequentemente. 

Após alguns anos sendo obrigada a aguentar o abuso, a escravizada foi vendida novamente, indo parar com a família que seria responsável por conceder a sua alforria, os Cirode. O documento foi assinado pela esposa, Jane Cirode, que fugiu para outra cidade provavelmente para não precisar pagar as dívidas do marido. 

Pintura de Zebulon Ward, um dos responsáveis por sequestrar a mulher / Crédito: Divulgação/Arquivos do Estado de Arkansas

A partir de então, a afro-americana passou a exercer a função de empregada doméstica, ganhando seus primeiros salários. De acordo com a própria Wood, que falaria a respeito de sua trajetória durante o tribunal em que pediria a indenização, aquele período da sua vida podia ser caracterizado pelo “doce sabor da liberdade”.

Infelizmente, a vida de mulher livre foi interrompida abruptamente cinco anos mais tarde por um sequestro que tinha o objetivo de forçá-la à escravidão novamente. Os coordenadores do rapto foram parentes de sua antiga proprietária: a filha e o genro de Jane Cirode, que não aprovaram a decisão da senhora de libertar a escravizada.

Era o ano de 1853, e na época não era incomum que escravizados alforriados sofressem esses sequestros, uma vez que apenas alguns estados norte-americanos tinham abolido a escravidão, enquanto em outros a prática desumana ainda era constitucionalizada. 

Henrietta foi raptada por três homens, com o chefe do grupo sendo o vice-xerife Zebulon Ward. Posteriormente, inclusive, ele diria em tribunal que a afro-americana já estava escravizada quando ele a comprou. 

Processo judicial

Henrietta procurou o tribunal para conseguir se livrar de sua situação injusta. Foi apenas em 1870 que a afro-americana conseguiu entrar com uma ação contra Zebulon Ward, um dos principais responsáveis pela sua captura. Em 1879, ela venceu o processo, 26 anos depois de seu rapto. 

O edifício de Brandon Hall, no Mississippi, onde Henrietta foi escravizada / Crédito: James Butters via Wikimedia Commons

“Eu semeei o algodão, capinei o algodão e colhi o algodão. Eu trabalhei sob os supervisores mais cruéis e fui açoitado e açoitado até que pensei que deveria morrer", comentou a mulher a respeito dessa segunda época de escravidão, segundo repercutido pelo The Washington Post. 

Inicialmente, Wood pediu 20 mil dólares de Ward, todavia, após uma série de percalços, incluindo o assassinato de seu advogado, recebeu 2,5 mil. Embora muito menor que o pedido inicial, o dinheiro ajudou a recomeçar sua vida.

Vale dizer ainda que o filho da afro-americana, chamado Arthur Simms, tornou-se um dos primeiros negros a formarem-se pela Northwestern University, uma faculdade de direito estadunidense.


+Saiba mais sobre o assunto através de grandes obras disponíveis na Amazon: 

A cabana do Pai Tomás, de Harriet Beecher Stowe (2016) - https://amzn.to/3bWRH38

A cabana do pai Tomás: ou a vida entre os humildes, de Harriet Beecher Stowe (2018) - https://amzn.to/3qfaw6w

Racismo Estrutural e Aquisição da Propriedade, de Anna Lyvia Roberto Custódio Ribeiro (2020) - https://amzn.to/3dQSO3Z

A nova segregação: racismo e encarceramento em massa, de Michelle Alexander (2018) - https://amzn.to/2ARoWpy

Eu sei por que o pássaro canta na gaiola: Autobiografia de Maya Angelou, de Maya Angelou (Ebook) - https://amzn.to/3dOOmmp

Racismo no movimento sufragista feminino, de Angela Davis (Ebook) - https://amzn.to/2YmXyru

A Marcha - Livro 1: John Lewis e Martin Luther King em uma história de luta pela liberdade, de John Lewis e outros (2018) - https://amzn.to/30qQYmH

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.

Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp

Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/2yiDA7W