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Matérias / Ciência

Coronavírus: Periódico de 1918 revela semelhanças entre as recomendações contra a Gripe Espanhola

Em uma revista fluminense do início do seculo 20, médicos deram dicas para se proteger da pandemia. Qualquer semelhança não é mera coincidência

André Nogueira Publicado em 19/03/2020, às 10h20

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Policiais com máscara - Getty Images
Policiais com máscara - Getty Images

A atual crise de proliferação do coronavírus no mundo não foi a primeira e nem a pior pandemia que o mundo já vivenciou. Um dos episódios mais caóticos foi a Gripe Espanhola, uma influenza viral que tomou o globo em 1918, sendo responsável pela morte de 100 milhões de pessoas, completando 5% da população.

Porém, assim como nos atuais, foram divulgadas dicas de proteção contra a doença na contenção da pandemia, em que médicos e sanitaristas eram consultados na medida em que o quadro se agravava. No Brasil, não foi diferente: recomendações eram divulgadas em grandes mídias na tentativa de educar a população.

Um dos exemplos dessa prática foi a Revista O Malho (acessível em PDF por esse link), edição de número 841, de 1918, apresentou “conselhos para evitar o ataque da gripe ou influenza”, que eram, praticamente, muito próximos ao que hoje se recomenda contra o coronavírus. 

“EVITAR o uso e, com maior razão, o abuso de bebidas alcoólicas."

"LAVAR a boca e gargarejar com uma solução de sal de cozinha, na seguinte proporção: uma colher de sopa para um litro de água fervida."

"FAZER diariamente uso de uma solução de essência de canela, conforme as seguintes doses: ima colherinha das de café em meio copo de água açucarada de duas em duas horas, até desaparecer a febre, Depois tomar uma colherinha em meio copo de água três vezes ao dia."

"EVITAR aglomerações, principalmente à noite."

Página reproduzida / Crédito: Domínio Público

"NÃO fazer visitas".

"TOMAR cuidados higiênicos com o nariz e a garganta: inalações de vaselina mentolada com água iodada, com ácido cítrico, tanino e infusões contendo tanino, cmo folas de goiabeira ou outras".

"TOMAR, como preventivo, internamente qualquer sal de quinino [...]".

"EVITAR toda a fadiga ou excessos físicos".

“O DOENTE, aos primeiros sintomas, deve ir para a cama, pois o repouso auxilia a cura e afasta as complicações e contagio. Não deve receber, absolutamente, nenhuma visita".

"EVITAR as causas de resfriamento, é de necessidade tanto para os sãos, como para os doente e os convalescentes".

"AS PESSOAS IDOSAS devem aplicar-se com mais rigor todos esses cuidados”.

O texto é seguido de um pronunciamento do Cardeal Arcoverde com um apelo pelo seguimento das recomendações médicas e a confiança da população nos profissionais da saúde.

Além das receitas de produtos e remédios caseiros, as soluções de práticas cotidianas são muito próximas das atuais. A forte advertência contra aglomerações, os pedidos de reclusão e o destaque para a proteção dos idosos são tão próximos aos apelos da atual pandemia que chegam a coincidir.

Esse fato é decorrente da semelhança entre os dois agentes patológicos: ambos vírus, eles agem de formas parecidas. O coronavírus (gênero de vírus) causador da atual pandemia de COVID-19 é, especificamente, o SARS-CoV-2, gerador de uma crise respiratória aguda grave, enquanto a Gripe Espanhola foi causada por uma influenza de uma estirpe do vírus H1N1. Ambos se reproduzem rapidamente, com alta taxa de mutação, e são disseminados por fluidos das mucosas, como cuspe e remela, ou seja, são transmissíveis pela respiração.

Hospital nos EUa com vítimas da gripe espanhola / Crédito: Wikimedia Commons

É importante compreender que as recomendações médicas são de suma relevância na contenção de uma pandemia como a do COVID, e elas serão a base para que a disseminação dessa doença não chegue aos níveis alarmantes que chegaram a influenza de 1918. A tragédia pode ser evitada com a confiança nos profissionais, na academia e na ciência.

Peste bubônica, Tifo, Influenza A, Gripe Aviária, Cólera, H2N2... muitas foram as pandemias mundiais que foram geradas não apenas por agentes biológicos, mas principalmente pelo descaso (somado à ignorância e à falta de preocupação) que tem origem social. Longe de ser culpa unicamente da fonte originária das patologias (Infuenza na Espanha e Coronavírus na China), é necessário um esforço global em nome da saúde pública e da responsabilidade governamental.


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