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Matérias / Crimes

Corpo carbonizado: a covarde execução da suposta fada Bridget Cleary

Aos 26 anos, a jovem já não era mais a mesma e, para seu marido, Michael Cleary, a resposta era óbvia: ela era uma impostora

Pamela Malva Publicado em 02/05/2020, às 16h00

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A jovem Bridget Cleary, acusada de impostora - Divulgação
A jovem Bridget Cleary, acusada de impostora - Divulgação

Orelhas pontudas, asas transparentes e uma personalidade travessa. Essa era a descrição mais comum das fadas na Irlanda do século 19. Responsáveis por todo tipo de tragédia, os seres mitológicos eram amplamente temidos pelos camponeses.

Naquela época, uma grande parte dos irlandeses culpavam as fadas por itens perdidos, pelo leite vencido e até pelas colheitas ruins. Em uma civilização tão religiosa e conservadora, elas eram tão perigosas quanto as bruxas de Salem.

Foi exatamente esse medo que levou a um dos assassinatos mais brutais registrados na pequena cidade de Tipperary. Habitada por trabalhadores rurais e membros da igreja, a vila assistiu quando Bridget Cleary, de 26 anos, foi queimada viva.

Bridget e Michael Cleary / Crédito: Divulgação

Uma jovem brilhante

Nascida em uma família de camponeses, Bridget era a mais jovem dos quatro filhos de Patrick e Bridget Boland. Única menina, ela recebeu uma boa educação: aprendeu matemática, bordado e costura, além de ser alfabetizada e catequizada.

Aos 18 anos, conheceu Michael Cleary e se apaixonou pelo homem nove anos mais velho. Em poucos meses, os dois se casaram e chamaram a atenção de toda a cidade. O matrimônio veio muito cedo e a diferença de idade deixou todos alarmados.

Muito embora fossem alvo de fofocas maldosas, o casal vivia em perfeita harmonia e, segundo vizinhos, eram muito felizes. Os dois nunca tiveram filhos e, juntos, moravam na mesma cabana que o pai de Bridget.

Trabalho cansativo

Enquanto seu marido trabalhava construindo barris, Bridget ganhava seu próprio dinheiro vendendo ovos e bordando. Aos 26 anos, era bastante conhecida na vila e tinha um fascínio por fadas, druidas e outras criaturas mitológicas.

Um de seus lugares favoritos, inclusive, era Kylenagranagh Hill, temido por ser o lar de diversos seres místicos. Foi para o tal local mágico que ela viajou um dia, para entregar uma leva de ovos a John Dunne, em 4 de março de 1895.

Na volta do passeio, entretanto, Bridget sentiu-se subitamente cansada. Ao chegar em casa, deitou-se na cama e não conseguiu se levantar pelas próximas duas semanas. Após algumas consultas, foi diagnosticada com excitação nervosa e bronquite leve.

Foto de Michael já preso / Crédito: Divulgação

Pulga atrás da orelha

Apesar do atestado médico, Michael Cleary tinha certeza que o problema de sua esposa era muito mais complexo do que parecia. Para o homem, Bridget fora sequestrada e substituída por uma fada, o que fazia da mulher na casa uma impostora.

Ao pai da jovem, Michael afirmou que as duas mulheres eram diferentes em altura e magreza. Convencidos que Bridget não era ela mesma, os homens buscaram pela ajuda de um druida, que os entregou uma poção que ele dizia ser milagrosa.

Os homens voltaram para casa e deram início a um verdadeiro exorcismo, a fim de trazer Bridget de volta. Com a ajuda de três primos da jovem, Michael forçou a bebida pela garganta de da jovem, enquanto gritava para que a fada fosse embora.

Os homens, então, jogaram urina na mulher, a agrediram e penduraram na frente de uma fogueira. Por medo da repentina inquisição, nenhum vizinho teve coragem de intervir na sessão cruel e deixaram que Bridget sofresse sozinha. Gritos de terror foram ouvidos e tudo foi esquecido após a visita de um segundo médico.

A gota d’água

No dia 15 de março, quando Bridget já estava se recuperando, Michael pensou ter perdido sua amada mais uma vez. Ele ficou revoltado, bateu na mulher e jogou óleo de lamparina em seu corpo. Com uma tocha, ateou fogo na esposa e esperou que ela queimasse viva. A pele de Bridget foi carbonizada e seu cadáver foi escondido.

A polícia foi alertada do ocorrido enquanto Michael passava noites em Kylenagranagh Hill procurado por sua esposa morta. No dia 22 de março, o corpo de Bridget foi encontrado em uma zona isolada. Ela estava nua, com a cabeça coberta por um saco.

Local onde o corpo de Bridget foi encontrado / Crédito: Divulgação

Michael e outras oito pessoas foram presas e indiciadas pelo crime. Sete dos acusados foram presos e o esposo cínico foi condenado a 20 anos de cadeia. Para muitos, o homem foi um caso claro de Capgras, um transtorno que leva pessoas a imaginarem que seus entes queridos são sósias ou impostores.

Para o juiz do caso, a morte de Bridget foi premeditada. “Uma escuridão moral, até mesmo uma escuridão religiosa", escreveu na época. A história se tornou uma lenda na cidade e, até hoje, o nome da mulher faz parte do folclore irlandês. Seu assassinato é relembrado sempre que uma criança rebelde precisa de correção.


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