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Matérias / Personagem

Criador de um código de guerra inquebrável: a saga do soldado indígena Chester Nez

O povo Navajo teve uma função fundamental nas estratégias dos Estados Unidos

Ingredi Brunato Publicado em 21/01/2021, às 08h00

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Fotografia de Chester Nez em sua juventude na guerra - Wikimedia Commons
Fotografia de Chester Nez em sua juventude na guerra - Wikimedia Commons

Chester Nez era um jovem nativo-americano de apenas 18 anos quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu. Os Navajo não haviam recebido o melhor tratamento do governo ou da população estadunidense, mas mesmo assim, quando o chamado veio três anos depois, o indígena acabou indo defender a nação no conflito internacional. 

“As pessoas me perguntam: 'Por que você foi? Veja todos os maus-tratos que foram feitos ao seu povo.' Alguém tem que ir, alguém tem que defender este país. Alguém tem que defender a liberdade. Esta é a razão pela qual eu fui”, disse ele, segundo divulgado pelo site do governo estadunidense. 

Nez foi recrutado pela Marinha norte-americana, que estava em busca especificamente de jovens Navajos, para torná-los codificadores. Junto com outros 29 nativos, ele formou uma equipe de vital importância entre os fuzileiros navais - e que apenas cresceria no decorrer do conflito, de forma que em 1954 a força naval já contava com cerca de 300 indígenas em suas fileiras. 

Mas por quê?

A língua do povo de Chester era inacessível ao inimigo, que consistia principalmente em soldados japoneses. Isso porque ela era exclusivamente oral, dessa forma não possuindo linguagem escrita e precisando ser ensinada de boca a boca.

Assim, era impossível para um forasteiro descobrir os Navajo diziam sem ter contato direto com eles. 

Em uma guerra, é preciso repassar constantemente mensagens para diferentes fronts de batalha, comunicando as estratégias decididas pelos oficiais de maiores patentes, e garantindo que os grupos atuem de forma conjunta.

Tendo isso em vista, é fácil entender a importância de não deixar que o inimigo entenda o significado dessas mensagens - uma vez que pode arruinar operações inteiras. 

De acordo com a CNN em reportagem de 2014, após o fim da Segunda Guerra o tenente-general do grupo de inteligência japonesa, Seizo Arisue, declarou que eles nunca foram capazes de decodificar o que os Navajo diziam, ainda que pudessem interceptar as mensagens. 

Como aconteceu 

Fotografia de Chester Nez durante seu período na Segunda Guerra / Crédito: Divulgação/ Navajo People

Os 29 nativo-americanos originais, grupo que incluía Nez, foram os responsáveis por criar o código. "Ao desenvolvê-lo, tivemos o cuidado de usar palavras do dia-a-dia, para que pudéssemos memorizar e reter as palavras facilmente", explicou em entrevista ao veículo em 2011. 

“O fato de os fuzileiros navais não nos terem dito aos homens Navajo como fazer o trabalho indicava sua confiança em nós e em nossas habilidades", comentou ainda.

E não era um trabalho fácil, segundo contou o nativo. Quando ocorriam bombardeios, por exemplo, eles não podiam buscar abrigo imediatamente, precisando enviar mensagens primeiro. Era responsabilidade deles, afinal, fazer os pedidos de suprimento e munições, além de transmitir o que estava ocorrendo no front em que estavam. 

 "A sensação de que eu poderia ter sucesso tanto no mundo branco quanto no mundo navajo começou lá, e permaneceu comigo por toda a minha vida. Sou grato por isso.", concluiu Chester para a CNN. 

Segredo 

Na época, vale dizer também que a tarefa dos indígenas era altamente confidencial, de forma que seus amigos e familiares não puderam saber a respeito nem durante e nem nos anos após o conflito. 

Foi apenas em 1968, mais de duas décadas após a Segunda Guerra Mundial, que a função do povo nativo na Marinha norte-americana foi desclassificada, e os 29 originais receberam cada um uma Medalha de Ouro do Congresso, entregue pelo presidente de então, George W. Bush

"O reconhecimento dos codificadores veio tarde, mas tem sido bom para meu povo Navajo. Espero que esse tipo de reconhecimento continue em todas as culturas", afirmou Nez, que também escreveu um livro a respeito de suas experiências de guerra posteriormente, chamado "Code Talker" (Ou, em tradução livre, "Falador de código"). 

Chester já no fim da vida dando uma entrevista para o site Navajo People / Crédito: Divulgação/ Navajo People 

O indígena foi o último de seus antigos companheiros de batalha a falecer, o que ocorreu no ano de 2014. Chester tinha então 93 anos de idade, e sua morte foi lamentada pela Marinha estadunidense: “Honramos e celebramos o espírito indomável e a dedicação daqueles fuzileiros navais que se tornaram conhecidos como os codificadores Navajo", disseram os oficiais em um comunicado repercutido pela CNN naquele ano.


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