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Matérias / África

Takientas: Os "castelos medievais" da África

Na região montanhosa de Koutammakou, habita uma cultura com características singulares

Joseane Pereira Publicado em 15/05/2019, às 13h31

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Reprodução
Reprodução

Embora seja pequeno do ponto de vista geográfico, Togo (localizado na costa oeste Africana e com tamanho semelhante ao estado da Paraíba) é um país que abriga uma população com características singulares.

Com aproximadamente 50.000 hectares, a extensa região montanhosa de Koutammakou é o lar da cultura Batammariba de 30 mil habitantes, cujas casas de barro em forma de torre chamadas Takientas se tornaram Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 2008.

As Casas da Torre

Singulares do ponto de vista arquitetônico, as Casas da Torre são hoje um símbolo nacional do Togo. Habitações de barro que formam grandes colunas são encontradas em toda Koutammakou, formando uma paisagem cultural historicamente comparada a castelos medievais.

Construção de uma casa Takienta / Créditos: Reprodução

As Takientas são feitas com madeira e tijolos de barro, projetadas para proteger os habitantes de invasores e também de animais. A parte de baixo do edifício, que permanece fresco nos meses quentes de verão, é ideal para abrigar grãos e animais domésticos, enquanto as famílias vivem no andar de cima. Próximo à habitação, geralmente encontram-se altares com formas fálicas, dedicados aos ancestrais.

Embora muitos Batammariba habitem hoje casas localizadas nos grandes centros urbanos, a construção das casas-torre permanece como parte essencial da identidade cultural desses povos, e também do país como um todo.

Atualmente, as Takienta compõem a identidade cultural de Togo / Créditos: Reprodução

Vida em Koutammakou

Os povos Batammariba provêm de grupos nômades que chegaram ao local por volta do sécio 16, possivelmente fugindo de mercadores árabes. De acordo com a tradição oral, eles teriam formado uma aliança com grupos caçadores-coletores, iniciando assim seu estabelecimento na área.

Além do culto aos ancestrais, essa cultura também pratica o chamado “animismo”, termo cunhado por antropólogos em inícios do século 20 na tentativa de hierarquizar as crenças humanas (o animismo seria a “infância” das crenças humanas, que atingiriam sua maior perfeição com o advento do Cristianismo).

A população acredita que todos os objetos, animais, plantas e lugares possuem uma essência espiritual, são “animados” por algo que vai além da compreensão humana. Provém daí o cuidado com o qual esses povos lidam com a natureza circundante, entendendo-a como merecedora de respeito.

Paisagem local / Créditos: Reprodução

Rituais e cerimônias estruturam o dia a dia dos Batammariba: em cada aldeia, os espaços são usados ​​regularmente na realização de ritos, muitos deles baseados no desejo de promover um autocontrole essencial para o comportamento ético.

Anciãos e líderes de clã são respeitados, e os rituais de iniciação dos jovens contribuem para a histórica resistência à invasão de ideias ocidentais. Atualmente, o governo do Togo está comprometido em ajudar a população local a preservar sua cultura e identidade únicas.