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Matérias / Arqueologia

A curiosa história da cidade 'fantasma' medieval da Armênia

No passado, Ani foi uma importante capital, fazendo parte da Rota da Seda e sendo a "cidade das 1.001 igrejas"; com os séculos, suas ruínas “sombrias” chamaram a atenção de viajantes

Isabela Barreiros Publicado em 02/01/2021, às 08h00

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Ruínas da cidade de Ani, na Armênia - Wikimedia Commons
Ruínas da cidade de Ani, na Armênia - Wikimedia Commons

Ruínas de igrejas antigas, pontes e construções diversas. Foi isso que sobrou da cidade de Ani, a antiga capital da Armêniamedieval. Nos dias de hoje, o complexo histórico faz parte da lista de locais importantes do Patrimônio Mundial da UNESCO, mas, ao longo de sua história, sofreu com muito descaso.

Ani cresceu surpreendentemente quando a dinastia Bagratid governou no norte da Armênia, sendo transformada em um local importante a partir da decisão do rei Ashot III em torná-la oficialmente capital. Ele governou entre 952 e 977, mas seu sucessor não abandonou a cidade: pelo contrário, Smabat II ergueu ainda mais construções.

Ele construiu paredes duplas que receberam torres redondas ao norte da região e, com o tempo, muitas igrejas foram construídas. A Igreja de São Gregório de Abughamrents foi uma das primeiras da capital, construída para a família Pahlavuni, muito importante e poderosa na localidade.

Ao longo do século 11, muitas outras capelas foram erguidas na cidade. Tantas que ela é conhecida como "cidade das 1.001 igrejas". As construções são variadas, indo do preto ao amarelo ao vermelho, essencialmente feitas de pedra de basalto local. Mas o que elas têm em comum é a localização privilegiada, sempre podendo ser vistas de longe do local.

Ruínas de Ani / Crédito: Wikimedia Commons

Durante muito tempo, principalmente durante o século 10, os trajetos comerciais da Rota da Seda fizeram com que Ani prosperasse cada vez mais. Os circuitos foram mudados para que passassem pela cidade, trazendo riqueza aos governantes, que continuaram construindo igrejas.

Esse, no entanto, pode ser considerado o auge da capital. Sua riqueza e importância começaram a cair, principalmente depois do saque feito pelos mongóis na cidade, no século 13. Como se já não fosse o suficiente, um terremoto acometeu a região em 1319. As rotas comerciais também já não mais passavam por lá.

E a história próspera de Ani termina mais ou menos no século 16. Pouco depois, ela passou de um centro de comércio e igrejas para uma cidade abandonada, quase fantasma. No seu ápice, a região chegou a abrigar até 100 mil pessoas, além das famosas e numerosas capelas, símbolo do cristianismo adotado oficialmente no começo do século 10. 

Viajantes e arqueologia

Ruínas de Ani / Crédito: Flickr

Foi assim que Ani permaneceu por muitos anos: completamente esquecida. Isso mudou apenas quando viajantes europeus passaram a colocar o local em suas rotas, no começo dos anos 1800, curiosos com o estado das ruínas que já tinham feito parte de uma cidade próspera. 

Mas ainda era muito perigoso passar pela região, visto que conflitos entre Impérios Otomano, Persa e Russo estavam acontecendo o tempo todo, e Ani estava localizada entre os limites dos três territórios, como uma “falha geopolítica”. Ainda assim, muitas pessoas viajaram até o local, fazendo relatos sobre a situação da antiga capital.

Um exemplo foi o diplomata e viajante escocês Robert Ker Porter que, em 1817, narrou em seus escritos suas impressões da cidade. Ele escreveu: “Ao entrar na cidade, encontrei toda a superfície do solo coberta de capitéis quebrados, frisos altamente ornamentados e outros vestígios de magnificência antiga”. Porter descreveu ainda as ruínas como “sombrias”.

As igrejas "são tão solitárias quanto todas as outras estruturas, nas quais o tempo e a devastação deixaram golpes mais pesados", narrou ele. O diplomata afirmou ainda que muitas das capelas estavam bem mais preservadas que outras. 

Poucos anos depois, foi a vez do capitão do exército britânico Richard Wilbraham, em 1839. “O símbolo sagrado do Cristianismo é introduzido em vários lugares. Enormes blocos de pedra vermelho-sangue, deixados na alvenaria da torre, formam cruzes gigantescas, que desafiaram a mão do destruidor muçulmano”, descreveu.

Ainda assim, demorou muito para que a cidade fosse devidamente escavada e investigada, objeto de pesquisas arqueológicas. Os estudos começaram com o pesquisador Nikolay Yakovlevich Marr, nascido na Geórgia mas que foi convocado pela Rússia para analisar a região até 1917. 

As pesquisas de Marr foram muito importantes para entender o passado de Ani, mas o local ainda atrai especialistas de todos os lugares do mundo por sua antiguidade e grandiosidade. Provavelmente a capital ainda guarda muitos segredos que serão — ou não — descobertos com os anos.


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