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Matérias / Brasil

Da dor de barriga de Dom Pedro I ao tumor de Tancredo: 5 doenças que abalaram governantes

O agir de várias enfermidades mudou o cenário político nacional, marcando capítulos importantes da História do Brasil

Vanessa Centamori Publicado em 09/07/2020, às 17h00

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Tancredo Neves e quadro que retratada a Proclamação de Independência de D.Pedro I - Montagem/Wikimedia Commons
Tancredo Neves e quadro que retratada a Proclamação de Independência de D.Pedro I - Montagem/Wikimedia Commons

Na última terça-feira, 7, o Presidente Jair Bolsonaro anunciou que testou positivo para a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O político relatou que chegou a ter febre de 38 graus, além de mal-estar e cansaço. Mais tarde, contou que estava se sentindo "perfeitamente bem".

Bolsonaro afirma que toma hidroxicloroquina, e a informação repercutiu na impresa, uma vez que autoridades de saúde dizem que não há comprovação científica da eficácia da droga — que pode até piorar o quadro em alguns casos. Todavia, fato é que não vêm só de hoje notícias envolvendo os estados de saúde dos governantes. Veja abaixo alguns episódios nos quais doenças marcaram nosso cenário nacional: 

1. Dor de barriga de D. Pedro I

Desde que o Brasil ficou independente de Portugal já podemos dizer que doenças exerciam seu papel sobre a política. Ao contrário da imagem idealizada do famoso quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, no episódio emblemático de 7 de setembro de 1822, por exemplo, D. Pedro I, sofria de uma terrível problema intestinal.

Independência ou Morte, por Pedro Américo /Crédito: Wikimedia Commons 

O fato foi descrito pelo autor Laurentino Gomes, que relatou que, antes de declarar a independência, Pedro estava montado em um animal de carga, provavelmente uma mula. Vestido em um uniforme de tropeiro — e não militar, como muito se imagina — ele sofria terrivelmente por ter ingerido um dia antes algum alimento estragado ou água contaminada em Santos. 

Há até sinais de que o monarca teve diarreia, conforme escrito por Gomes. “O coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante da guarda de honra e futuro barão de Pindamonhangaba, usou em suas memórias um eufemismo para descrever a situação do príncipe. Segundo ele, a intervalos regulares D. Pedro se via obrigado a apear do animal que o transportava para ‘prover-se’ no denso matagal que cobria as margens da estrada”, registrou.

2. Dispneia de Deodoro da Fonseca 

O Marechal Deodoro da Fonseca /Crédito: Wikimedia Commons

No dia em que foi proclamada a República, em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca estava sofrendo de dispneia, uma doença que causa grande desconforto para respirar. Desde a véspera da data marcante, ele já sentia aquele terrível sintoma. 

O Marechal foi tirado da cama no meio da noite daquele dia 15 para liderar o cerco do Ministério, o mesmo que o levaria até a emblemática proclamação. Mais tarde, em agosto de 1892, Deodoro faleceu vítima da falta de ar, em uma forte crise da doença.

3. Gripe Espanhola e a morte de Rodrigues Alves 

Rodrigues Alves /Crédito: Wikimedia Commons 

Durante o século 20, a gripe espanhola matou milhões de pessoas, também afetando o cenário político do nosso país. Isso pois acabou levando como vítima o presidente eleito Rodrigues Alves, que adoeceu e morreu em janeiro de 1919, antes mesmo dele conseguir tomar posse em um segundo mandato. 

Alguns anos antes, de 1902 a 1906, Alves tinha comandado o Brasil e sucederia a Venceslau Brás. Como ele morreu, quem assumiu por enquanto a Presidência foi Delfim Moreira. Novas eleições em 13 de abril de 1919 elegeram Epitácio Pessoa, que assumiu em julho daquele mesmo ano. 

4. O polêmico mal cardíaco de Café Filho

Café Filho /Crédito: Wikimedia Commons 

Café Filho assumiu como presidente interino após o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954. Vargas tirou a própria vida para frear um iminente golpe encabeçado pela UDN (partido da oposição) e pelas Forças Armadas.

Com Getúlio morto, Café engaveta as políticas getulistas e coloca a UDN na maior parte dos ministérios. Em 3 de outubro de 1955, é eleito Juscelino Kubitschek presidente e João Goulart como vice. A UDN se prepara para dar um golpe, com receio que JK volte com políticas de Vargas. 

O Ministro Henrique Lott, que comanda o Ministério da Guerra no governo de Café Filho, defende que o resultado das urnas deve ser respeitado. Ele fica sabendo que Filho sofreu um “ligeiro distúrbio cardiovascular”, segundo revelou um boletim presidencial. 

Como Café acaba tendo que ficar vários dias internado, os médicos preveem que o interino precisará passar vários dias medicado. No dia 8 de novembro de 1955, ele transmite o poder para o presidente da Câmara, Carlos Luz.

Os golpistas confiavam em Café, pois ele tinha até chegado a se pronunciar contra a candidatura de JK — e antes, até a favor da renúncia de Getúlio. Por isso, não se sabe até hoje se o mal cardíaco foi apenas uma mentira para abrir caminho para a tentativa de golpe, liderada por Carlos Luz. No entanto, o general Lott originou um movimento militar que garantiu a posse de JK e Jango em 31 de janeiro de 1956.

5. O tumor de Tancredo Neves 

Tancredo Neves /Crédito: Wikimedia Commons 

Tancredo foi eleito por voto indireto em 15 de janeiro de 1985. No entanto, ele adoeceu gravemente e decidiu que em março de 1985, dia de sua posse, comunicaria à população sobre seu estado de saúde frágil.

No entanto, na véspera da posse, no dia 14 de março, em uma missa em Brasília, o político sentiu dores mais intensas em seu abdômen e teve que ser levado às pressas ao Hospital de Base do Distrito Federal. 

Um tempo depois, no dia 26 de março, Tancredo foi encaminhado ao Hospital das Clínicas de São Paulo. Teve sucesso ao passar por 6 cirurgias, porém, na sétima ele veio a óbito, aos 75 anos de idade, no dia 21 de abril de 1985. 

Inicialmente, a causa da morte foi diverticulite. Porém, uma análise posterior, divulgada vinte anos após a morte, mostrou que a causa foi na verdade a infecção de um tumor benigno.

A informação foi dada pelo corpo médico do Hospital de Base de Brasília. Segundo a instituição, o motivo do óbito ficou por muito tempo em sigilo, devido às apreensões que a palavra câncer poderia causar no antigo cenário nacional. Em 15 de março de 1985, José Sarney assumiu a presidência, sendo que Tancredo nunca chegou a tomar posse. 


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