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Matérias / Hollywood

Clássico do cinema: os tenebrosos bastidores do filme 'Tubarão'

A famosa produção de Steven Spielberg quase marcou seu declínio profissional, mas felizmente se tornou um dos maiores sucessos da indústria cinematográfica

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 05/02/2021, às 13h00 - Atualizado em 16/09/2022, às 21h00

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Cena do filme Tubarão (1975) - Divulgação/Universal Pictures
Cena do filme Tubarão (1975) - Divulgação/Universal Pictures

Em 2020, Tubarão (1975) comemorou seu 45º aniversário. Primeiro grande filme de Steven Spielberg, o blockbuster foi, à época, o maior faturamento da história com um pouco mais de 470 milhões de dólares e a maior bilheteria de todos os tempos — bom, pelo menos até o lançamento de Star Wars (1977).

Outro ponto curioso é que o filme foi lançado em um período em que, tradicionalmente, Hollywood lançava seus filmes mais fracos, mas a obra cinematográfica superou isso e acabou remodelando a indústria.

O clássico também foi um marco na carreira de Spielberg, então com 26 anos, levando-o de figurão em ascensão a um dos mais importantes cineastas americanos. Embora o filme tenha obtido um enorme sucesso ao longo dos anos, a produção não foi nada fácil. Mas, incrivelmente, foi esse processo problemático do filme que o tornaria um clássico.

Filme sem roteiro

Quando os produtores Richard D. Zanuck e David Brown se depararam com o romance Tubarão, de Peter Benchley, antes de ele aparecer nas prateleiras, rapidamente decidiram que o enredo seria um filme vendável. Assim, quando o livro se tornou um best-seller, a Universal fez questão de produzir um filme o mais rápido possível.

O diretor Steven Spielberg / Crédito: Wikimedia Commons

Ficou decidido que o responsável pela direção seria Steven Spielberg. Assim, Benchley entregou seu roteiro para a adaptação e as coisas pareciam definidas para o início das filmagens em maio de 1974.

No entanto, Steven achou a história muito complexa, divida em diversos subenredos que envolviam desde casos de infidelidade até um prefeito sendo ameaçado pela máfia. Assim, decidiu resumir a história entre o conflito homem x tubarão.

Peter Benchley foi embora após terminar o terceiro rascunho e, com isso, vários roteiristas assumiram a reescrita da adaptação — inclusive o escritor de comédias de TV Carl Gottlieb, que foi contratado para dar ao diálogo o toque mais alegre que Spielberg queria.

Quando as filmagens começaram, Gottlieb ainda estava reescrevendo o roteiro, muitas vezes terminando as cenas na noite anterior às gravações. Com isso, os próprios atores acabaram contribuindo com sugestões, incluindo a icônica cena de “Vamos precisar de um barco maior”.

A recusa de atores por papéis importantes

Quando o filme ainda estava em seus estágios de planejamento, Spielberg já havia decidido que a estrela do filme seria o próprio grande branco. Ainda bem, já que vários dos nomes mais respeitados de Hollywood não queriam aparecer em um filme sobre um tubarão gigante.

Embora o papel principal de Martin Brody não fosse muito difícil de escalar — quando Robert Duvall recusou o papel, Spielberg escolheu Roy Scheider depois de conhecê-lo em uma festa —, os outros, Quint e Hooper, foram mais problemáticos. Afinal, nem Lee Marvin nem Sterling Hayden toparam participar do filme.

Richard Dreyfuss em tubarão / Crédito: Divulgação/ Universal Pictures

Nove dias antes do início das filmagens, Spielberg ainda não havia encontrado atores para interpretar Quint ou Hooper. Por recomendação de seu amigo George Lucas, Spielberg ofereceu o papel de Hooper a Richard Dreyfuss, que recusou. Já a Robert Shaw foi oferecido o papel de Quint, mas ele odiava o romance de Benchley e também disse não.

Felizmente, os dois atores, mais tarde, mudaram de ideia. Shaw foi persuadido a entrar no filme depois que sua secretária e sua esposa se entusiasmaram com isso. E Dreyfuss, convencido de que o filme que acabara de fazer, O Grande Vigarista (1974) seria um fracasso, decidiu ligar para Spielberg. “'Se você ainda quiser me oferecer esse emprego'”, disse Dreyfuss, “Eu aceito”.

Filme de tubarões sem tubarões

“Lembro-me de estar no set para o primeiro teste do tubarão e ele simplesmente afundou”, disse o produtor David Brown em The Making Of Jaws. “Achamos que nossas carreiras no cinema tinham ido com ele. Tudo que poderia dar errado com o tubarão deu errado”.  “O tubarão era frustrante”, concordou Spielberg, no que pode ser um dos maiores eufemismos da história do cinema.

Apesar da frustração nas filmagens, erros anteriores já davam um presságio de que situações catastróficas com os tubarões mecanizados poderiam acontecer. Em uma delas, quando George Lucas foi visitar a pré-produção, o futuro diretor de Star Wars decidiu enfiar a cabeça na boca do tubarão, apenas para ficar preso quando Spielberg e John Milius travaram um botão e fechavam as mandíbulas nele. Agora bem fechada, a boca da besta teve que ser forçada a se abrir para que a cabeça de Lucas se soltasse.

O tubarão mecânico preso à torre / Crédito: Wikimedia Commons

Além do mais, Bruce — como um dos tubarões cinematográficos foi chamado — trabalhou razoavelmente bem em terra firme, mas a água do mar estragou suas entranhas complexas. Sua pele à prova d'água provou ser ineficiente e o sal da água regularmente a corroía. Como David Brown apontou, Bruce também tinha o hábito de afundar no mar.

O mau comportamento do tubarão acabou tendo um efeito positivo no filme, o que Spielberg admite abertamente. O fracasso de Bruce o forçou a recorrer a outros meios para sugerir sua presença, usando atuação, cinematografia e a música surpreendente de John Williams para aumentar a sensação de medo. O que poderia ter sido apenas mais um filme B se tornou um terrível exercício de suspense.

Essa é a trilha sonora mesmo?

O termo "icônico" é muito usado, a ponto de quase perder o brilho. Mas se há alguma trilha sonora de filme que merece ser chamada de icônica, é o trabalho de John Williams em Tubarão.

Muito parecido com o filme em si, uma razão pela qual o tema principal funciona tão bem é porque ele é simples. O padrão alternado de duas notas — "Mi e Fá" ou "Fá ou Fá sustenido" — não parece assustador, mas quando é usado para criar uma tensão quase insuportável, é uma das partituras mais eficazes da história do cinema.

O protagonista mecânico do filme / Crédito: Divulgação

Mas Steven Spielberg não a reconheceu imediatamente o seu potencial durante a produção. Na verdade, como foi revelado no DVD do 30º aniversário de Tubarão, ele inicialmente pensou que era uma piada de Williams.


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