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Matérias / Brasil

Da relação com Vargas as cédulas nazistas: 5 fatos sobre o nazismo no Brasil

A ideologia racista de extrema-direita teve adeptos no país, mas sua influência – e proporção – é pouco conhecida na atualidade

André Nogueira Publicado em 24/06/2020, às 16h09

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Nazistas em São Bernardo - Wikimedia Commons
Nazistas em São Bernardo - Wikimedia Commons

O nazismo foi uma insólita ideologia racista de extrema-direita que teve poder na Alemanha entre 1933 e 1945, ligada à figura de Adolf Hitler. A partir da proposta da supremacia ariana, do antiliberalismo e do pangermanismo, essa ditadura teve influência em movimentos exclusivistas ao redor do mundo, inclusive no Brasil.

Conheça alguns fatos intrigantes sobre a presença do nazismo no Brasil.

1. O falso polo

Hitler em aparição pública / Crédito: Getty images

Muitos clamam que o Brasil era o país com maior número de nazistas fora da Alemanha, no entanto, essa declaração não passa de um mito. Em solo brasileiro, o Partido Nazista tinha menos de três mil adeptos, incluindo, acima de tudo, imigrantes nascidos na Alemanha que enxergavam os descendentes, nascidos na América, como degenerações. Não obstante, nos EUA, a Liga Germano-Americana, que era nazista, tinha mais de 25 mil integrantes que empregavam a suástica com orgulho.

Porém, o Brasil aparenta ter maior influência quando se trata do neonazismo: as últimas pesquisas indicam que existem, pelo menos, 300 células dessa natureza no país, ou seja, um aumento de 200% em duas décadas.

A maioria inclui núcleos distorcidos punks, skinheads e até os famosos Carecas do ABC. Para o historiador Rafael Athaides, são — acima de tudo — jovens "desprovidos de referencial e que manipulam os signos do nazismo no mundo".

2. Relação com Getúlio Vargas

Getúlio Vargas / Crédito: Wikimedia Commons

O nazismo era enxergado como uma ideologia combatível, mas não absurda, nos anos 1930. Por isso, eles inicialmente não foram perseguidos pelo governo brasileiro, embora o mesmo não se identificasse com os apoiadores do Führer.

Porém, com a implementação do Estado Novo — e a perseguição de estrangeiros —, a agremiação foi lançada à clandestinidade. Outros núcleos políticos, porém, como o governo do Rio Grande do Sul, demonstrou maior simpatia pelo grupo.

Getúlio em muito se afastava do nazismo. Por mais que tivesse simpatia pelo regime, além de negar uma política de memória de retorno (saudação de um passado glorioso), Vargas também negou o culto à violência que os fascistas faziam. Ele ainda integrou elementos da cultura negra na identidade nacional e era extremamente nacionalista (brasileiro), o que era inconcebível para o supremacismo dos nazistas.

3. Adesão social

Segundo estatísticas historiográficas, apenas 5% da comunidade alemã no Brasil tinha alguma relação, direta ou indireta, com filiações no Partido no final dos anos 1920, não acompanhando a incidência da ideologia na própria Alemanha.

Os núcleos que aderiram à proposta, ao contrário do que se pensa, não eram pouco letrados: em sua maioria eram empresários do núcleo urbano ou membros de alto poder nas comunidades teutônicas. A ideologia não teve forte impacto em pessoas no campo.

O partido chegou a ter membros em 17 estados brasileiros, mas se concentraram essencialmente no sul e no sudeste, principalmente em São Paulo. Aqueles que compactuavam com a ideologia de extrema-direita tinham importante influência nas colônias alemãs, o que fez com que muitos germânicos se incluíssem em células nazistas não por convicção, mas por pressão ou em busca dos benefícios sociais que isso proporcionava. A interiorização plenamente ideológica do nazismo era pouco difundida.

4. Núcleo de refúgio

Josef Mengele / Crédito: Wikimedia Commons

Embora a população não tivesse tamanha simpatia por Hitler, os governos autoritários da América Latina se disponibilizaram a receber e ocultar alemães fugidos da Europa com a derrota de Berlim, e o Brasil não foi diferentes. Muitos nazistas correram para o Brasil, com medo da perseguição que ocorria do outro lado do Oceano, buscando nunca serem julgados por seus crimes.

Alguns nomes passaram a viver no Brasil, morrendo inclusive no país, como o Anjo da Morte de Auschwitz, Josef Mengele, que morreu em Bertioga; ou o oficial da SS Gustav Wagner, um sádico operador do Holocausto que foi assassinado (ou se matou) em São Paulo em 1980. 

5. Hitler e o Brasil

O governo alemão tinha um projeto significativo para o Sul do Brasil: conhecendo o legado germânico na região, Hitler pretendia transformar o lugar numa espécie de Nova Alemanha, um núcleo do governo no sul para combate à influência estadunidense e resistência em caso de derrota na guerra. É o que afirma o diplomata Sérgio Corrêa da Costa, que atribui ao Führer a ideia de que "Criaremos no Brasil uma nova Alemanha. Encontraremos lá tudo de que necessitamos".

Segundo o historiador, haveria uma repartição da América do Sul entre as potências imperialistas, e a Alemanha ficaria com a região mais germanizada: terras gaúchas, incluindo o Uruguai, e o Paraguai. O alemão se tornaria a língua oficial. Porém, essa versão do “perigo alemão” é bastante contestada por muitos historiadores, que alegam se que se trata apenas de um fantasma baseado na propaganda de guerra do Estado Novo. De fato, os nazistas não eram uma ameaça ao Brasil, mas Hitler já demonstrara interesse na região antes.


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