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Matérias / Crimes

David Scott Ghantt: O guarda que conseguiu roubar US$ 17,3 milhões em uma noite

Há exatos 23 anos, uma gangue arquitetava o segundo maior roubo dos Estados Unidos em 1997

Giovanna de Matteo Publicado em 04/10/2020, às 09h00

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Foto da câmera de segurança em que Ghantt rouba dinheiro do cofre da empresa Loomis - Divulgação / FBI
Foto da câmera de segurança em que Ghantt rouba dinheiro do cofre da empresa Loomis - Divulgação / FBI

Na noite de 4 de outubro de 1997 foi realizado um assalto ao banco da empresa Loomis Fargo & Co. O plano foi tão bem pensado inicialmente que os criminosos acabaram levando US$ 17,3 milhões em dinheiro do cofre do escritório regional em Charlotte, Carolina do Norte.

O plano foi executado por várias pessoas, contando com a participação do supervisor noturno do cofre da Loomis, David Scott Ghantt, sua namorada Kelly Campbell (uma ex-colega de trabalho), Steven Eugene Chambers (um ex-informante do FBI), sua esposa Michelle Chambers, Michael Gobbies e outros bandidos.

Era o segundo maior roubo nos Estados Unidos naquele ano. A empresa empregava 8.500 pessoas e vendia carros blindados, além de fornecer manutenção de caixas eletrônicos e serviços de manuseio de dinheiro. O escritório em Charlotte seria o alvo de David Scott Ghantt e seus aliados.

O dia do plano

Era agosto de 1997 quando Campbell, que já não fazia mais parte da empresa, deu a ideia à Ghantt de executar um assalto ao cofre da Loomis. Animado com a possibilidade, ela o convenceu quando falou sobre um antigo amigo de colégio, Steve Chambers, que poderia ajudar na execução do crime.

O plano seria executado da seguinte forma: Ghantt, que tinha as chaves do cofre por conta de seu trabalho como guarda-noturno, que transportava milhões em carros-fortes, pegaria uma quantia enorme de dinheiro e, depois de depositaria toda a grana no porta-malas de um carro da Loomis do lado de fora.

Chambers o esperava nesse momento. Ele deveria deixar os Estados Unidos rumo ao México - levando consigo o que podia (aproximadamente US $ 50 mil, o máximo que poderia, por lei, ser levado para o outro lado da fronteira, sem autorização adicional).

O resto ficaria com Chambers, que ocasionalmente ficaria com o trabalho de transferir o dinheiro para ele até que as investigações se acalmassem. Assim, Ghantt estaria seguro para voltar aos EUA, e finalmente o dinheiro seria dividido entre todos os participantes.

Com o plano arquitetado, teria chegado o grande dia.

Ghantt, no cargo de supervisor, dispensou um funcionário recém-contratado mais cedo. Quando teve a certeza de que estava totalmente sozinho, ele iniciou o insólito assalto, carregando cerca de US $ 17,3 milhões para a parte de trás de uma van da empresa, estacionada do lado de fora do prédio.

O criminoso encontrou os outros envolvidos na trama, que seguiram direto para o noroeste do estado. A partir daí, o dinheiro foi transferido do veículo da empresa para vários veículos particulares. Então, mantendo o plano, Ghantt partiu para o México, onde aproveitou uma estadia na ilha-resort de Cozumel, na Península de Yucatán.

O dia após o roubo

Ao chegarem a Loomis Fargo no dia seguinte ao assalto, os funcionários sentiram que algo estava errado quando não conseguiram abrir o cofre de manhã. Desse modo, a polícia rapidamente foi acionada. Lá se depararam com o crime. 

No entanto, as autoridades tiveram que passar caso para o FBI, pois, tecnicamente o episódio foi enquadrado como um assalto a banco - considerado crime federal.

Os investigadores logo consideraram Ghantt o principal suspeito. Várias pistas os levaram a isso: ele foi o único funcionário que não apareceu na manhã seguinte. A suspeita logo foi confirmada. Fitas de segurança recuperadas no escritório mostravam Ghantt com "cubos de dinheiro" em mãos e carregando-os para uma van blindada, por mais de uma hora.

Dois dias depois, quando o FBI encontrou a van da Loomis Fargo, eles se depararam quase US $ 3,3 milhões em dinheiro que foram "esquecidos" na parte de trás da van.

Mais tarde, foi descoberto que os ladrões haviam simplesmente deixado o dinheiro que não podiam levar consigo na parte de trás do veículo. Eles também encontraram a caminhonete de Ghantt, abandonada em um depósito.

 Van blindada da Loomis, usada para o assalto / Divulgação / FBI

O passo seguinte seria identificar os outros envolvidos no crime. Embora tenham conseguido relacionar Ghantt a Campbell rapidamente, encontrar Chambers foi uma tarefa árdua.

Apesar de algumas dicas levaram o FBI a monitorar as atividades de Chambers (e de sua esposa), eles só conseguiram conectá-lo ao crime após uma gravação de telefone de Ghantt com ele. A essa altura, o FBI havia descoberto que Chambers estava conspirado contra Ghantt, planejando um esquema de assassinato por aluguel. Um caos.

O fracasso

A investigação do FBI ficou muito mais fácil depois que conseguiram rastrear os gastos extravagantes da gangue. Na crença de que o governo monitoraria os gatos e consumo de todo e qualquer suspeito por, pelo menos, um ano antes de ceder, eles tinham planejado controlar seus gastos durante dois anos, no entanto, com o dinheiro em mãos o acordo foi feito em vão. 

Além disso, Chambers nunca tinha a intenção de seguir essas regras, acreditando que o FBI nunca o conectaria ao crime. Ele e sua esposa, Michelle, se mudaram de sua casa no condado de Lincoln para uma casa de luxo na área nobre da montanha Cramer, em Cramerton. E os luxos iriam além.

Eles mantiveram vários móveis dos proprietários anteriores, o que aumentava o valor do imóvel. Eles também compraram um BMW Z3 à vista e uma minivan Toyota Sienna, além de várias outras compras grandes.

Caso solucionado

Uma denúncia essencial contra Michelle foi feita quando ela realizou um grande depósito num banco. Ela perguntou a um caixa o quanto poderia depositar sem que fosse denunciada aos federais. Achando o ato muito estranho, o banco preencheu um relatório de atividade suspeita, que acabou nas mãos do FBI. 

Os gastos de Ghantt no México também foram bem chamativos no início. Ele se hospedou em um hotel de luxo, além de aproveitar o máximo da gastronomia gourmet do local que residia e de atividades radicais como mergulho e parapente.

No entanto, um tempo depois seu dinheiro foi se esvaziando e, quando relatou a Chambers, ele apenas o enviou US $ 8.000. Por conta disso, precisou reduzir seus gastos.

Depois de rastrear o telefonema de Ghantt, agentes do FBI e a polícia do México o prenderam, no dia primeiro de março de 1998, em Playa del Carmen, cidade perto de Cancún. No dia seguinte, Steve e Michelle Chambers, Kelly Campbell e quatro outras pessoas também foram capturadas.

12 dias depois, um grande júri de Charlotte indiciou os oito conspiradores por furto de banco e lavagem de dinheiro, por conta de como eles gastaram o dinheiro. Nove outros parentes e amigos também foram acusados.

Michelle Chambers, David Scott Ghantt e Steven Chambers / Divulgação / Youtube

Eles receberam sentenças que variavam entre liberdade condicional para vários parentes a até 11 anos e três meses de prisão federal para Steven Chambers, que também foi multado.

Ghantt cumpriu sete anos de prisão e também foi multado em uma quantia alta. Ele foi libertado em 2006. Já Michelle Chambers encarou sete anos e oito meses de prisão. 

Mais tarde, foi confirmado pelo FBI que mais de 88% do dinheiro roubado havia sido localizado e recuperado. Todavia, outros milhões de dólares ainda estão faltando até hoje.


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