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Matérias / Personagem

De breaco a beato: há 1665 anos, nascia Santo Agostinho de Hipona

O famoso autor das Confissões, maior filósofo do cristianismo, teve um passado de sexo e bebedeiras antes de se converter e escrever suas obras

André Nogueira Publicado em 13/11/2019, às 12h18

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Óleo sobre tela retratando Agostinho de Hipona - Getty Images
Óleo sobre tela retratando Agostinho de Hipona - Getty Images

Agostinho de Hipona foi um dos mais importantes entre os teólogos, bispos e filósofos que desenvolveram o início do cristianismo, responsável por profundas reflexões sobre a fé, a razão, Deus, o tempo e a Igreja e, por isso, foi lido e reproduzido por toda a Idade Média. Nascido na cidade de Tagaste, na atual Argélia, em 354 (período romano), filho de uma cristã devota com um pai pagão.

Boa parte do passado de Santo Agostinho é conhecida pelas confissões que escreveu, em que relata que sua infância ocorreu principalmente num círculo fechado de conhecidos em sua cidade natal. Em Tagaste, estudou até se mudar para Madaura, onde iniciou seus estudos de retórica, lendo textos latinos. Em 371, foi para Cartago, onde entrou em contato e se interessa por deuses pagãos e tem um filho, Adeodato, durante um romance.

Agostinho em representação do século 14 / Crédito: Getty Images

Na mesma época, começou a estudar a Bíblia, achando a simplicidade do texto desinteressante. Começou a se aproximar no Maniqueísmo, uma doutrina pautada na força da razão, e foi, por dois anos, seguidor do profeta persa Mani, que juntava os Evangelhos com ocultismo. Na época, Agostinho era um verdadeiro Don Juan, perambulando pelas ruas embriagado e praticando atos indecentes aos olhos do cristianismo.

“Eu me esbanjava e ardia nas minhas fornicações”, declarou em suas Confissões, com seu jeito debochado de escrever. “[...] menos afeito ao casamento que escravo da paixão, eu fui ao encontro de outra mulher; não era, certamente, para me casar, mas para alimentar a doença da minha alma e fazê-la perdurar, sob o olhar atento do hábito, e isso até a chegada da esposa”, comentou, sobre sua vida amorosa.

Seu passado pecaminoso e alcoolizado fez do Agostinho cristão uma figura particular, que não pode ser compreendida com um olhar clichê do cristianismo pudico: é com o bispo de Hipona que se desenvolveu a doutrina de contenção da sexualidade que conhecemos hoje. Aos 33 anos, o então mulherengo se converteu ao cristianismo e acabou com sua vida de promiscuidade que ele mesmo usa como exemplificação nas suas teses sobre a fé.

Philippe de Champaigne representou Agostinho cheio de simbolismo: desde a luz da verdade se convertendo à cabeça (razão/alma) ao mesmo tempo do coração (paixão, aquilo que acontece conosco) até as escrituras no chão, o quadro é quase um quebra cabeça / Crédito: Wikimedia Commons

A conversão de Agostinho passou por dois caminhos consecutivos. O primeiro deles, mais retórico, aparece nas Confissões como a audição de uma voz do além que o convenceu a se tornar monge e se batizar. Na vida concreta, essa conversão se deu com o abandono do maniqueísmo e a busca de Agostinho pela filosofia cética ambrosiana, quando o próprio Ambrósio o convence a se converter ao cristianismo.

Então, Agostinho e o filho foram batizados e ele retornou a Tagaste, onde vendeu sua propriedade, doou seu dinheiro aos pobres e entrou num monastério. A partir daí, segue numa carreira eclesiástica que o tornaria bispo de Hipona, e mais tarde, referência essencial do cristianismo.

Entre as obras mais relevantes e conhecidas de Santo Agostinho, podemos citar as Confissões, uma espécie escrita entre 397 e 398, em que explana suas convicções sobre a fé e a autorreflexão, a ética e até reflexões filosóficas sobre o tempo.

Papa Francisco com a Ordem dos Agostinianos / Crédito: Vatican Media

Em 413, ele escreve A Cidade de Deus, em que ele estabelece sua visão sobre as divisões do mundo religioso, a estrutura do mundo e ainda aborda uma questão política, ligada à necessidade de consolar os cristãos em Roma. Ainda faz uma síntese do pensamento grego e do pensamento cristão ao longo da História, em uma defesa da fé no Cristo Redentor.

Santo Agostinho manteve sua vida secular em Hipona até sua morte, em agosto de 430. Conhecido pelo mundo mediterrâneo e europeu, ele se tornou referência para os neoplatonistas e para a Igreja, em geral. Foi canonizado por aclamação popular no século 13.


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