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De escravizada a próspera empresária: a surpreendente trajetória de Clara Brown

Conheça a emocionante história da ex-escrava que se tornou a primeira colona negra do Colorado

Victória Gearini Publicado em 29/08/2020, às 09h15

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Clara Brown, ex-escrava e próspera empresária - Wikimedia Commons
Clara Brown, ex-escrava e próspera empresária - Wikimedia Commons

Conhecida como Anjo das Montanhas Rochosas, Clara Brown foi uma grande líder de sua comunidade nos Estados Unidos. A ex-escrava foi a primeira colona negra do Colorado e, também, uma próspera empresária.

Juventude e escravidão

Nascida na Virgínia, em 1º de janeiro de 1800, Clara e sua progenitora foram vendidas como escravas para um agricultor de tabaco. Mais tarde, a jovem foi transferida para Kentucky, na região sudeste dos Estados Unidos. 

Aos 18 anos de idade, Clara conheceu o também escravo Richard, com quem se casou e teve quatro filhos: Richard, Margaret, Paulina Ann e Eliza Jane. No entanto, Clara teve que enfrentar uma grande perda: a morte precoce de sua filha Paulina. Aos 8 anos de idade, a menina, que era irmã gêmea de Eliza, morreu afogada.

Após a morte do agricultor de tabaco, a sua propriedade foi liquidada. Já a família de Clara foi vendida separadamente em um leilão de escravos, e enviados para locais distintos. 

Próspera empresária

Na casa dos 50 anos de idade, aproximadamente, Clara recebeu sua liberdade, conforme havia sido estipulado no testamento do senhor de escravos que havia lhe comprado no leilão. Entretanto, foi obrigada a deixar Kentucky, em decorrência de uma uma lei estabelecida pelo estado. 

Posteriormente foi contratada como empregada doméstica e cozinheira, até que em abril de 1859, o coronel Benjamin Wadsworth a contratou para trabalhar como cozinheira em um trem de vagões, servindo 26 homens. 

O trajeto durou cerca de oito semanas até Denver, no Colorado. O ambiente quente e desconfortável tornou-se ainda mais desagradável com as constantes reclamações racistas de um homem branco do sul. Entretanto, mesmo com as ofensas incabíveis e inescrupulosas, Clara se manteve firme, tornando-se a primeira mulher afro-americana na corrida do ouro do Colorado. 

Ao chegar em Denver, Clara se estabeleceu em Auraria — pequeno assentamento de mineração no Kansas — onde trabalhou na City Bakery. Mais tarde, montou a primeira lavanderia no condado de Gilpin, em Gregory Gulch — atual Central City, no Colorado. Na região, ela trabalhou como parteira, cozinheira e babá, aumentando sua renda substancialmente. Após expandir seu negócio de lavanderia, ela investiu seus ganhos em reivindicações de minas e terras. 

Acredita-se que Clara tenha acumulado mais de $ 10.000 em economias, e que chegou a possuir 16 lotes em Denver, 7 casas em Central City e diversas outras propriedades e minas em Boulder, Georgetown e Idaho Springs.

Além disso, a empreendedora hospedou os primeiros cultos da igreja metodista em sua casa. Conhecida carinhosamente como "tia Clara", seu lar se tornou uma espécie de hospital ou refúgio para todos aqueles que estavam em zona de vulnerabilidade, seja por questões de saúde ou financeiras. 

"Poucos vieram para o Colorado com menos e deram mais para o estado e seu povo. Apesar de tudo o que aconteceu em sua vida, ela enfrentou adversidades e preconceitos raciais com sua fé na humanidade e em seu Deus", disse o professor de história da Universidade do Colorado, Thomas Noel, ao site America 101.

Busca pela família e últimos anos de vida 

Durante sua procura pela família, Clara descobriu que seu marido e filha Margaret estavam mortos, enquanto não havia notícias de seu filho Richard. Entretanto, a empresária jurou encontrar sua filha Eliza Jan, até que no final da Guerra Civil, ela liquidou suas posses a fim de localizar a garota em Kentucky. Embora não tenha a encontrado, Clara ajudou entre 16 e 26 pessoas que eram ex-escravas à viajar para o Colorado, e também contribuiu para que elas se estabelecessem por lá.

Em 1879, Clara migrou para o Kansas, onde ajudou outras dezenas de pessoas a construírem uma comunidade de ex-escravos. No entanto, mais tarde, aos 80 anos, sua renda foi esgotada após ser enganada por corretores imobiliários. Quando não conseguia mais se sustentar, mudou-se para Denver, onde morou na casa de um amigo.

Dois anos mais tarde, Clara encontrou sua amada filha Eliza Jane, que a essa altura morava em Council Bluffs, Iowa. Até a sua morte, ambas mantiveram contato, e Clara tornou-se avó. Além disso, foi votada na Society of Colorado Pioneers e entrevistada pelo Denver Tribune-Republican, em 1885.

Em 23 de outubro de 1885, Clara Brown veio a falecer devido a idade avançada, e seu corpo foi enterrado no cemitério Riverside de Denver. Seu funeral reuniu diversos dignitários do estado do Colorado, incluindo o prefeito de Denver, John Long Routt, e o governador James Benton Grant. Em sua memória, Central City Opera House dedicou, ainda, uma cadeira permanente que leva o seu nome.


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